24 de novembro – 2014
Domingo à noite dancei em um hangar no cais do Brooklyn com cinco mil dos mais corajosos e mais dedicados rabinos do planeta. Era o encontro anual dos emissários de Chabad, os caras de chapéus e roupas pretas sempre de plantão para qualquer judeu, a qualquer hora, em qualquer lugar – da Ucrânia à Dakota do Norte ou Coréia do Sul. Nós nos acostumamos com eles, trazemos sua presença até nós com sua permissão. Mas que presente ao povo judeu! Em uma época de crescente ódio contra judeus do mundo inteiro, eles respondem com coragem e devoção e auto sacrifício. Eles são, em muitos lugares, a face pública do povo judeu.
Ser O Judeu nas ruas da Europa, ou na África do Norte – como fazem isto? Por que fazem isto? Por que deixaram o calor e segurança das comunidades chassídicas em que cresceram para irem aos mais remotos cantos do mundo judaico? Por que irão criar seus filhos chassidicos em um lugar onde serão as únicas crianças chassidicas e, muitas vezes os únicos judeus praticantes? De onde tiram esta energia e entusiasmo inesgotáveis para voar ao redor do mundo para aproximar judeus a colocaremt efilin e acender velas de Shabat?
Eles fazem isto porque acreditam que estamos vivendo na época da redenção, e quem sabe se uma mitsvá que conseguem que um judeu realize não seja o ponto de inflexão? Porque acreditam que a devastação da vida judaica dos últimos 200 anos requer uma contra-força espiritual.
A maioria faz isto pelo Rebe. Embora mais da metade dos homens neste hangar, de acordo com um dos oradores, fossem jovens demais para terem conhecido o Rebe, que faleceu em 1994, tornaram-se seus emissários. Eles se estabeleceram nos desertos judaicos porque ele pediu a seus chassidim para serem servos do povo judeu, voltados para a alma judaica.E ele ainda permanece com eles. “Nada acontece sem o rebe”, um emissário para uma remota cidade na Argentina, da qual nunca escutei falar, me contou.
Em minha carteira há uma nota de um dólar, recebida do Rebe, com suas bênçãos. Eu a guardo como uma conexão com ele. Outros lideres chassidicos trabalharam para reconstruir suas comunidades apos o Holocausto; o Rebe trabalhou para reconstruir o povo judeu. É por esta razão que há chabadniks do Marrocos ao Irã, por que um sapateiro bucharah em Emek Refaim em Jerusalém pendura um pôster do Rebe em seu quiosque. O Rebe é o Rebe do povo judeu.
Eu discordo de Chabad em muitas coisas. Mas não importa. Não para eles, e não para mim. O que nos une é o amor. Eles me amam simplesmente por ser um judeu. Fui convidado a participar desta reunião pelos meus amigos, Zalman Shmotkin e Moti Seligman, que trabalham na extraordinária divulgação na mídia Chabad.
“Extraordinário” é redundante ao descrever as atividades de Chabad. O que faz que a sua mídia tenha um alcance extraordinário é que não apenas eles pegam jornalistas para escreverem sobre Chabad, mas para virem participar de uma festa de Chanucá ou de um seder, pois a maioria dos jornalistas é formada por judeus, com uma responsabilidade compartilhada de ajudar a trazer a redenção para este mundo.
Tenho me sentido próximo de Chabad e do Rebe especialmente nestes dias. Parte é por que tenho lido a maravilhosa biografia do Rebe de Joseph Telushkin –simplesmente intitulada “Rebe”. Mas também devido ao massacre ocorrido na sinagoga em Jerusalém semana passada, sinto uma aproximação especial com a mitsvá de tefilin. Quando uma mão amarrada ao tefilin é literalmente cortada, uma resposta digna judaica é nos ligarmos aos tefilin com maior devoção.
Cinco mil emissários dançaram em círculos que se entrelaçavam uns aos outros, se dissolviam para depois se realinhar, cantando antigos nigunim russos, melodias sem palavras escritas em lugares frios e hostis a fim de manter viva a fé judaica. Uma dança de alegria, de vitória. Claro que é vitória. Antissemitismo? Ódio a Israel? Os Chabadniks riem. Você não enxerga os milagres que vivemos todos os dias? Não percebe a presença de D’us com Israel e seu povo judeu? Você não vê a aproximação da redenção?
Enquanto isto, há trabalho a ser feito em Dês Moines e Katmandu.
Quando terminou a dança, perguntei ao meu amigo, Moti, “Acabou?”
Eu me referia ao evento.
“Nunca acaba,” respondeu Moti.
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