São Paulo vive há meses uma crise de falta de água com a seca em rios e represas sem precedentes. Estávamos acostumados com a abundância dela em nossas torneiras, jogávamos ela sem pena, nas calçadas, no demorado banho em baixo do chuveiro, na torneira vazando esperando conserto sem prazo, na cultura do desperdício…
A população recebeu com atraso campanhas em como economizar e racionalizar o uso desse bem tão precioso que não soubemos valorizar… nem planejar. A culpa não é só da chuva.
No estado de São Paulo que concentra cerca de 36% da produção industrial do país, as reservas estão nos níveis mínimos históricos. O volume da represa de Cantareira, principal reserva de água da região metropolitana que abastece 6,5 milhões de habitantes, chegou a 3,2% de sua capacidade (enquanto este artigo está sendo escrito…)
Por que deixar o problema chegar a dimensões tão graves e somente após o limite, já ultrapassado, buscar soluções?
A mesma coisa acontece em nossa vida quando negligenciamos bens preciosos ao deixamos nosso sistema entrar em alerta máximo.
Você guarda alguns minutos para anotar o que você está desperdiçando em sua vida? Talvez seu tempo? A comunicação pessoal com sua família? A atenção devida aos filhos, também aos amigos? Continua desperdiçando sua saúde? Seu crescimento pessoal, espiritual?
Nesses tempos de crises, da seca e de nossos relacionamentos, precisamos visualizar a meia garrafa cheia (de preferência de água) extraindo alguma lição positiva. Nossos bens mais preciosos deveriam receber uma diretriz de aproveitamento máximo diário. Como proteger nossos mananciais, como criar alicerces e preservar laços, valorizar cada bem que possuímos que são repletos de riquezas, tanto as reveladas quanto as escondidas, todas ameaçadas pelo nosso esquecimento.
Esperamos não chegar à seca total nos próximos dias. Mas soluções a médio/longo prazo que não foram projetadas estão entre as prioridades, mesmo tardias mas urgentes. Aprendermos a ser coletivos e não individuais. Aprendermos a ser família e não pessoas independentes, sem vínculos. Somos todos responsáveis uns pelos outros. O ato do próximo afeta o coletivo e o coletivo afeta cada um de nós. Se soubermos preservar, teremos mais consciência da abundância da riqueza que nos cerca.
Se estivéssemos em um deserto com uma barra de ouro certamente a doaríamos por um copo cheio de água. Estamos cercados por gente que nos ama e que tem sede de nossa atenção. Podemos encher nossos baldes com água, mas também com vida.
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