A carta Nichum Aveilim mais famosa do Rebe foi sobre o falecimento da avó e xará de Rashi Minkowicz, que também faleceu aos 37 anos.

O súbito falecimento da Sra. Rashi Minkowicz, a dinâmica shelucha Chabad em Alpharetta, Geórgia, aos 37 anos de idade, abalou Crown Heights e a comunidade Chabad no mundo inteiro.

Minkowicz nasceu e foi criada em Crown Heights numa numerosa família chassídica composta por 17 filhos de Rabino Chaim Meyer e Sarah Lieberman, membro da Organização Jovem Lubavitch (Tzach) e uma educadora, respectivamente. Nas Escolas Associadas Beth Rivkah em Crown Heights, professores e alunos choraram juntos, lembrando-a como uma aluna vibrante, irmã de uma colega de classe, filha de uma profesora e ela própria professora à certa altura.

Alguns se lembraram de sua xará e avó, Sra. Rashi Gansburg, que também faleceu aos 37 anos de idade, deixando um marido enlutado e cinco órfãos. Foi para esse trágico falecimento no segundo dia de Sucot em 5730 (1969) que o Rebe escreveu uma de suas mais famosas Nichum Aveilim, carta de condolências, à filha de 17 anos de Gansburg, Sarah Leiberman, mãe de Rashi Minkowicz.

Trazemos a você a carta:

Saudações e bênçãos,

Recebi sua carta - embora as circunstâncias tenham atrasado a minha resposta - na qual escreve sobre o falecimento de sua mãe, de abençoada memória, e seus pensamentos e sentimentos a esse respeito.

A verdade é que “nenhum de nós sabe nada” sobre os caminhos de D'us, que criou os seres humanos, os guia e observa com uma providência Divina específica. Mas certamente Ele é a própria essência do bem, e, como diz a expressão, “Está na natureza do bem fazer o bem.” Se, às vezes, aquilo que D'us faz não é compreendido pela mente humana - não admira: que importância tem uma criatura limitada, finita, em relação ao infinito e eterno, e especialmente com relação ao “absolutamente Infinito e Eterno” (B’li G’vul V’ein Sof Há’amiti)?

Mesmo assim, D'us quis revelar uma fração de Sua sabedoria ao homem, à carne e sangue. Isso Ele fez com sua sagrada Torá, chamada “A Torá da Luz” e “A Torá da Vida” - ou seja, que ilumina o caminho do homem na vida de tal maneira que até suas limitadas faculdades podem compreender sua luz. Assim, também no caso da ocorrência acima mencionada e similares, pode-se encontrar um entendimento - pelo menos parcial - de acordo com o que é explicado em nossa Torá (oral e escrita).

Na verdade, esse entendimento se encontra em duas regras da Lei da Torá que abordam nossa conduta nessas circunstâncias. À primeira vista, elas parecem cair em contradição entre si, embora apareçam na mesma seção do Código da Lei Judaica. A seção (Yoreh Deah 394) começa: “A pessoa não deve prantear excessivamente (além daquilo que nossos sábios nos instruíram); aquele que o faz em extremo…” Porém, no final da seção é informado de que “aquele que não pranteia como os sábios nos orientaram é uma pessoa cruel e grosseira.” Ora, se num caso assim é natural prantear, o que há de tão terrível sobre alguém que pranteia mais? Por que a severa admoestação mencionada na lei? E se prantear excessivamente é tão terrível, por que é cruel prantear menos?

A explicação está nas palavras de nossos sábios (citadas por Maimônides): “A pessoa deve temer e se preocupar, pesquisar os próprios atos e se arrepender.”

É óbvio que a alma é eterna. Evidentemente, uma doença da carne ou do sangue não pode terminar ou diminuir a vida da alma, pode somente danificar a carne e o sangue e o vínculo entre eles e a alma. Ou seja, pode trazer a cessacão desse vínculo - morte, D'us não o permita - e com o final daquilo que une a alma ao corpo, a alma ascende e se liberta das amarras do corpo, de sua limitações e restrições. Por meio das boas ações que ela realizou durante o período em que esteve na terra e dentro do corpo, ela é elevada a um nível mais alto, muito mais elevado que o seu status anterior à descida ao corpo. Como disseram nossos sábios: a descida da alma é em prol de uma subida, uma subida acima e além do seu estado anterior.

Com isso entende-se que quem estiver perto dessa alma, alguém que a amou, deve apreciar que a alma tenha subido, mais elevado, além do nível em que estava previamente; ocorre apenas que em nossa vida, em nosso mundo, é uma perda. E quanto mais próximo alguém for de uma alma, mais preciosa para ele é a elevação da alma, assim como é com o segundo aspecto - a intensidade da dor. Pois eles, ainda mais, sentem a perda pela partida do corpo e da vida neste mundo.

E também, é uma perda no sentido em que - parece - a alma poderia ter ascendido ainda mais por permanecer neste mundo, como ensinaram nossos sábios na Ética dos Pais: “Um momento de arrependimento e boas ações neste mundo é preferível a todo o mundo vindouro.”

Assim, como a ocorrência contém essas duas facetas conflitantes - por um lado, a libertação da alma das amarras do corpo e sua subida a um mundo mais elevado, o mundo da verdade; por outro, a perda acima mencionada - o resultado são as duas regras.

A “Torá da Verdade” manda que a pessoa pranteie pelo período estabelecido pelos nossos sábios. Ao mesmo tempo, é proibido prantear excessivamente (ou seja, além do período de luto estabelecido) e também quanto à intensidade do luto dentro desses dias).

Como foi dito, a causa básica para prantear tal ocorrência é a perda por parte dos vivos. Este é o objetivo do período de luto: os vivos precisam entender por que mereceram essa perda. É por isso que “A pessoa deve temer e se preocupar, pesquisar as próprias ações e se arrepender.”

Por intermédio disso outra coisa é atingida - o elo entre os vivos e a alma que ascendeu perdura. Pois a alma é duradoura e eterna, vê e observa aquilo que está ocorrendo com aqueles conectados com ela e próximos a ela. Toda boa ação que fazem lhe provoca prazer espiritual, especificamente, as realizações daqueles que ela educou e criou com as mencionadas boas ações; ou seja, ela tem uma parte naquelas boas ações resultantes da educação que deu aos filhos e para aqueles que influenciou.

Como tudo que foi dito acima constitui diretivas da Torá, a sabedoria e vontade de D'us, o cumprimento delas é parte de nosso serviço a D'us sobre o qual é dito: “Serve a D'us com júbilo”. Uma diretiva da Torá também serve como fonte de força que provê as habilidades de cumpri-las. Consequentemente, como a Torá endereça essas instruções a todo e cada indivíduo, está dentro da capacidade de cada um cumpri-las - e ainda mais, cumpri-las de maneira a “Serve a D'us com júbilo”.

Tudo isso se aplica a toda a família, mas ainda mais, com uma força maior - bem como um maior grau de responsabilidade - a respeito daqueles que estão em posição de afetar os outros membros da família que imitarão seu exemplo. Portanto, a responsabilidade de implementar todo o acima cai primeiro sobre o chefe da família e o filho mais velho, neste caso estou me referindo a você e seu pai. A garantia “Você trabalhou, você encontrou” aplica-se também aqui.

Em tudo que foi dito acima está a resposta à sua pergunta sobre como você pode diminuir a carga etc. - por meio de um comportamento consistente com o versículo acima, com uma forte fé em D'us de que você conseguirá realizar esse esforço.

Que seja a vontade de D'us que você tenha boas novas sobre todo o acima, um bem revelado e aberto.

Com bênçãos para o sucesso em todos os seus esforços e boas notícias, (Assinaturado Rebe)