A Parashá Côrach descreve o quase "destronamento" de Moshé por seu primo esperto e carismático. Rashi explica que Côrach, convenceu a nação judaica inteira a juntar-se a ele nessa batalha contra Moshé.
Como ele fez isso? Que argumento ele pode ter usado para enlouquecer todo o povo? E o que isso tem a ver conosco hoje?
Para explicar, segue uma história:
Joey e seu pai estavam esperando por três horas na fila para entrar em "Yechidut" (audiência particular) com o Rebe de Lubavitch. A não ser pelo jejum em Yom Kipur, eles não eram nada observantes, mas tinham orgulho de ser judeus. Por isso eles concordaram em visitar o Rebe.
Finalmente chegou a sua vez e a primeira coisa que eles notaram quando entraram no quarto e se aproximaram do Rebe sentado atrás da sua escrivanhinha, foi como o local era iluminado e silencioso além do normal, e como as prateleiras em volta estavam repletas de livros.
"Boa noite." falou o Rebe. "Por favor sentem-se".
Por alguma razão eles ficaram em pé. O Rebe se virou para Joey e falou, "Eu entendo que você será um Bar Mitsvá em breve, está correto?"
O sorriso do Rebe e seus olhos amigos davam muita confiança.
"Sim, em apenas dois meses, no dia cinco de maio," respondeu Joey, sentindo falta por não saber a data em hebraico.
"Você gosta de esportes?” Perguntou o Rebe.
"Sim, rabino, eu gosto de baseball" respondeu Joey meio surpreso com a pergunta.
"O que você mais gosta, quando tem dois ou só um time jogando baseball."
Joey hesitou por um segundo, era óbvio que esse simpático judeu religioso não sabia muito sobre o jogo.
"Um time sozinho não faz um jogo, rabino. Tem que ter dois times para jogar."
"Eu entendo." falou o Rebe "E me diga, você vai alguma vez assistir jogos profissionais?"
"Certamente, sempre que o meu pai me deixa."
"Mas custa dinheiro, certo? Porque gastar dinheiro se você pode jogar com os seus amigos de graça?"
Joey não entendia direito para onde a conversa estava indo, mas respondeu. "Rabino, percebo que o senhor não entende muito de baseball. Os jogos profissionais são completamente diferentes, é um jogo de verdade, o jeito que eu jogo é só de brincadeira."
"Ah!" exclamou o Rebe. "Isso é muito relevante para o seu Bar- Mitsvá. A vida é como um jogo de baseball. Até agora, você também tinha dois times dentro de você, dois impulsos. Sua inclinação para fazer o bem dizia para você ser honesto e ser um bom menino, e o outro ‘time’; seu impulso egoísta, dizia o contrário. Mas quando você tornar-se um adulto em seu bar mitsvá, entrará para os campeonatos profissionais. Seu impulso para as coisas boas falará, não só para você ser uma boa pessoa, mas também para fazer mitsvot e ser um bom judeu. O ‘time’ oposto vai lutar muito mais duro para fazer o contrário.”
Joey gostou do modo fora do normal que o Rebe explicou as coisas.
"Mas lembre-se sempre" concluiu o Rebe, olhando fundo nos olhos de Joey. "O lado que jogar mais duro, ganha!"
Uma semana depois do bar-mitsvá de Joey, ele esqueceu completamente do Rebe. Então, em um certo dia, três anos mais tarde, ele chegou em casa bufando de alegria; havia ganhado um fim de semana de graça para Nova Orleans com um amigo! Todos estavam tão felizes, até que a sua mãe foi olhar no calendário e viu que caía no fim de semana de.... Yom Kipur!
"Então, eu farei dois Yom Kipur no próximo ano" respondeu Joey com raiva, "desde quando somos religiosos?! Porque você tem que estragar a minha alegria!!"
"Sabe de uma coisa", falou o pai, "Não se apresse, pense nisso de noite e o que você decidir estará bem para nós."
"Vou pensar nisso sim!" ele pensou enquanto batia a porta do quarto para ver o final do jogo de baseball na TV.
"Droga, até perdi o jogo por causa do..." A voz do repórter interrompeu os seus pensamentos. "Que aborrecimento, hein torcedores? Dodgers cinco, Yankees três! Isso só mostra que o time que joga mais duro, ganha!"
Na manhã seguinte Joey anunciou para os pais surpresos, mas aliviados, que ele tinha decidido não ir a Nova Orleans em Yom Kipur.
O tempo passou e Joey (agora Joe) estava na universidade, obtendo o seu mestrado em ciências políticas. Era o primeiro da classe, mas a vida na universidade não lhe era fácil. Depois de alguns momentos de depressão e solidão, de algum modo ele se envolveu com um grupo de missionários que tentam atrair especialmente jovens judeus em faculdades.
Ele frequentou as palestras por um ano e convenceu dois amigos judeus a ir com ele e voar para Salt Lake City no dia seguinte pra ser... batizado! O representante do campus estava exultante e organizou um jogo de baseball, seguido por uma festa, no dia anterior à maravilhosa imersão. Joe foi o "pitcher" e ele ganhou o jogo amistoso brilhantemente, sem problemas.
Enquanto ele estava saindo do campo no meio de aplausos dos poucos presentes, o representante colocou a mão no seu ombro e falou. "Joe, você é demais, você será um grande jogador no time do senhor! Isso só mostra que aquele que joga mais duro, ganha!"
Joe parou. De repente os lindos olhos azuis do Rebe brilharam na sua memória dizendo essas mesmas palavras dez anos antes.
"O que eu estou fazendo?! ele pensou consigo mesmo. Eu sou judeu!"
Ele se desculpou, foi até os seus amigos judeus e sem chamar atenção os tirou dali dizendo que eles não iam para Salt Lake City. "Tem um rabino que eu quero que conheçam. Eu pago a passagem de avião."
No dia seguinte eles foram para Nova York para ver o Rebe, e decidiram parar a "conversão."
Como todos esperavam, depois da graduação, Joe conseguiu um trabalho de prestígio, como assistente chefe de Arthur Goldberg, representante dos EUA na ONU. O ano era 1967 e a crise estava fermentando no Estado de Israel, cercado por inimigos armados até os dentes pela URSS. Só um milagre salvaria o estado judeu.
Joe tinha um tio cujo filho único tinha se tornado um "baal teshuvá" e estava estudando em Kfar Chabad em Israel. O tio preocupado mandou uma passagem de avião, mas o rapaz se recusou a viajar dizendo que o Rebe de Lubavitch tinha avisado que não tinha nenhum perigo e a guerra acabaria em alguns dias!
Ele ligou correndo para o sobrinho (Joe) e pediu desesperadamente para usar suas conexões para convencer o Rebe a mudar a sua opinião.
Joe se viu novamente entrando no quarto do Rebe, mas dessa vez para pedir pelo seu primo. Apesar de seus comentários de que tinha informações confidenciais que levava a crer que só um milagre salvaria os israelenses de um holocausto, Joe ouviu o Rebe dizer que o seu primo deveria continuar em Israel e que ele deveria tranquilizar o tio.
Joe se inclinou sobre a mesa do Rebe e levantou a voz, "Rebe! Lembre que esse menino é filho único!!! Um FILHO ÚNICO!!!"
O Rebe esperou um minuto, ficou muito sério, olhou de volta fundo nos olhos do Joe e falou: "Eu tenho quatro milhões de "filhos únicos" só em Israel, e estou dizendo que ficará tudo bem."
Joe estava espantado. "Mas tem uma coisa que você pode fazer" o Rebe continuou. "Quando você sair, por favor entre no quarto do secretário pois tem um par de Tefilin para você lá. Meu presente pessoal. O secretário lhe mostrará como colocá-lo todos os dias."
"Por falar nisso", ele chamou Joe quando este já estava na porta pronto para sair. Joe se virou para ver o Rebe sorrindo, "você ainda gosta de baseball?"
Depois da guerra dos seis dias, quando tudo aconteceu exatamente como o Rebe disse que aconteceria, Joe recebeu um telefonema do escritório do Rebe, pois ele queria falar novamente com ele.
"Eu sei que imediatamente depois da guerra, o governo de Israel, especialmente os partidos de esquerda, já começaram a tentar devolver as terras que eles conquistaram dos inimigos. Isso é muito perigoso e tem uma coisa que você pode fazer."
O Rebe explicou toda a situação para Joe e quando terminou, Joe falou. "Eu só quero dizer uma coisa Rebe; eu estou orgulhoso que o povo judeu tem um verdadeiro líder como o senhor!"
Esse é o ponto da porção dessa semana, Moshê era um verdadeiro líder ou não? Era necessário confiar em cada palavra dele, não importasse o quanto ilógico parecia?
Côrach falou que não. "Pode ser que para sair do Egito nós tivemos que seguir cegamente Moshê. Mas agora, todos nós vimos D'us no Monte Sinai. Nós todos somos Sagrados! Já é tempo de pensarmos por nós mesmos!"
E com esse argumento ele convenceu o povo todo a discordar de Moshê.
Essa é a mesma atitude que levou o povo judeu a discordar do Rei David e de todos os profetas depois dele também, e finalmente resultou na Galut, no terrível exílio que estamos sofrendo há quase 2000 anos.
Estamos rezando para D'us nos dar só mais uma chance e nos mandar logo Mashiach. Certamente dessa vez não vamos causar-lhe nenhum problema.
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