Filosofia

Os filósofos opinam que Maimônides influenciou muito o pensamento da Filosofia e da Medicina. Graças a ele, a teoria de Aristóteles foi aceita na Filosofia em geral na Idade Média. O Rambam criou uma síntese entre a Filosofia e a Medicina, aprofundando-se em ambas, analisando-as de maneira aguda e crítica. Os seus ensinamentos sobre estas matérias vieram a ser conhecidos mesmo nos ambientes não judaicos. Suas obras foram traduzidas do original árabe para o ladino e outros idiomas daquela época. Em muitas universidades estas obras ainda são estudadas.

Ciência

No mundo científico, o Rambam foi intitulado de "O Aristocrata Espiritual", mas para nós, ele tem um título maior e mais elevado, "O Mestre de Nosso Povo". Seus ensinamentos destinam-se não somente aos gigantes em erudição, mas também às pessoas simples, pois a estas ele doou inteiramente sua alma. Estava sempre atento aos interesses das mesmas, em todos os países onde viveu.

O Talmud

Em seu outro trabalho monumental, o Rambam declara que para entender as leis do Talmud são necessárias três coisas: um intelecto amplo, paz de espírito e muito tempo. Ele viu que o Talmud, a principal obra orientadora do povo judeu, tinha ficado além do alcance da maioria do povo. Isto se deveu a abordagem de temas complexos ali expostos, aliado às dificuldades e sofrimentos dos judeus que não possuiam o tempo e a calma para absorver seu vasto e profundo conteúdo. O Rambam sentiu também que os talmudistas estavam diminuindo em número e assim, havia o grave perigo de o povo esquecer a Torá, sem a qual a vida de um judeu não tem sentido.

Dedicou então todos seu profundo conhecimento para desvendar os segredos da Torá tornando-os acessíveis e de fácil compreensão a todos, escrevendo grande parte de suas obras em outros idiomas, especialmente o árabe, que na época era a língua corrente no sul da Europa, norte da África e em todo o Oriente. Sua primeira obra, a Explicação da Mishná, também é chamada de "Livro da Iluminação", pois ilumina os olhos dos leigos.

Antes de chegar aos vinte e três anos, Maimônides tinha completado um tratado sobre o Calendário Judaico, uma dissertação sobre lógica, e um compêndio legal do Talmud de Jerusalém.

As mitsvot

Maimônides não exige que o indivíduo se eleve acima da capacidade do seu intelecto, mas quer que desenvolva os dons naturais para usá-los da melhor maneira possível. Nos orienta a usar "um caminho de ouro", as mitsvot, boas ações, que nos abre os olhos para encontrar o verdadeiro caminho até D’us e Sua Torá.

A finalidade do Rambam era elevar o povo mesmo nos momentos mais difíceis, abrir amplamente as portas a todos os judeus para que pudessem estudar e compreender o Talmud, tanto os adultos como as crianças. É interessante notar como ele se expressa ao falar das leis do shofar: "Por causa da elasticidade do exílio e dos fortes sofrimentos, caiu a lei de como deve ser o toque do shofar, Deve ele representar um gemido profundo ou um suspiro normal?"

Nessa observação o Rambam demonstra sua atitude para com a Halachá, e descreve aqui algo muito profundo. O exílio está repleto dos gemidos judaicos; nós passamos por dois tipos de exílio: o espiritual e o físico. No espiritual, sofre a alma judaica, e no exílio físico é o corpo judaico que sofre. O sofrimento espiritual vem pela profanação do Shabat, pela falta de Cashrut e pelos decretos contra a nossa religião que os nosso inimigos impõem. O sofrimento físico são as torturas e perseguições. O shofar deve transmitir para D’us os dois tipos de gemidos, o físico e o espiritual.

Astrologia

Maimônides estudou profundamente o assunto antes de emitir sua opinião onde foi um dos poucos que ousaram levantar sua voz contra a crença quase universalmente aceita do poder dos corpos celestes de influenciar o destino humano. Ele denunciava a astrologia como uma superstição próxima à idolatria, rejeitando-a categoricamente e a outras práticas supersticiosas.

Na sua famosa carta à comunidade do Iêmen, Maimônides declara: "Eu noto que vocês estão inclinados a acreditarem na astrologia e na influência das conjunções passadas e futuras dos planetas sobre os assuntos humanos. Deveriam tirar tais noções de seu pensamento…" Maimônides investiu fortemente contra a astrologia, denunciando-a como um engodo que é subversivo contra a fé e os ensinamentos do Judaísmo. Ele escreve na Ética dos Pais: "Aprofundei-me neste assunto para que você não acredite nas idéias absurdas dos astrólogos, que asseguram falsamente que a posição dos astros no momento do nascimento da pessoa determina se ela será virtuosa ou perversa."

Amuletos

Desde os tempos mais antigos, as pessoas têm tentado afastar desgraças, doenças ou "maus espíritos" usando sobre o próprio corpo pedaços de papel, pergaminhos ou discos de metal, gravados com várias fórmulas que deveriam proteger ou curar o usuário. Tais artefatos são conhecidos como amuletos. Maimônides, contrário à considerável parte da opinião rabínica na Idade Média, opõe-se rigorosamente a tais práticas. Ele argumenta contra a tolice dos escribas dos amuletos e contra o uso de objetos religiosos (tais como o Rolo da Torá) para a cura de doenças.

Humanismo

Em seus ensinamentos, o Rambam não deixa de lado nenhum detalhe da vida humana. Fala da vida particular, da vida familiar, do relacionamento entre as pessoas e destas com a coletividade. Comenta os deveres que nós, judeus, temos para com os países onde vivemos e as responsabilidades do governo com os cidadãos.

Mashiach

Ele também escreveu um código especial para o reino de Israel, para ser usado quando chegasse a época da Redenção. Este código regula toda a vida do país ligando o reino inferior ao Reino Celestial (superior) – uma visão da Era Messiânica, quando todos se comportarão com uma ética mais elevada aplicada a vida diária.

Capítulo 11

… e todo aquele que não acredita no Mashiach, ou que não aguarda sua vinda – está não apenas contestando os outros profetas, mas a própria Torá e Moshê Rabênu. (Lei 1)

… ao levantar-se um rei da Casa de David estudioso da Torá e dedicado às mitsvot (preceitos) de acordo com a Torá Escrita e Oral, como seu pai David – e ele levará todo o povo de Israel a seguir a Torá; ele a fortalecerá e lutará pelas causas de D’us – certamente deve tratar-se de Mashiach. Se for bem-sucedido, reconstruirá o Santuário em seu lugar e reagrupará os dispersos de Israel (na terra de Israel) – com toda a certeza será o Mashiach. Ele retificará o mundo no sentido de todos servirem juntos a D’us. (Lei 4)

Capítulo 12

Não pense que na Era Messiânica se anulará algo dos costumes e da natureza do mundo, ou que haverá qualquer novidade na obra da Criação. Na realidade, o mundo seguirá o seu caminho… o que ocorrerá é que Israel será estabelecido para sempre… todos os povos retornarão à verdadeira fé; não furtarão, nem prejudicarão… (Lei 1)

Disseram nossos Sábios: "Não há diferença entre este mundo (esta época) e a Era Messiânica, exceto que não seremos mais subjugados por outros povos". O que transparece literalmente das palavras dos Profetas é que no início da Era messiânica haverá a guerra de "Gog e Magog"; e antes dela se levantará um profeta que encaminhará Israel e preparará o seu coração…

A pessoa só saberá como serão todos estes acontecimentos quando ocorrerem, pois são fatos ocultos nos livros dos profetas… (Lei 2) Os sábios e os profetas não ansiavam pela Era Messiânica para dominar o mundo, dominar as nações ou para que fossem honrados pelos povos, tampouco para ter em abundância alimento, bebida e festividades. Desejavam, sim, a Era Messiânica a fim de ficarem livres para se dedicar à Torá e à sua sabedoria, sem que houvesse qualquer domínio ou obstáculo, pois seria esse estudo que os levaria a merecer a vida no Mundo Vindouro… (Lei 4)

Na Era Messiânica não haverá fome, guerra, inveja ou concorrência – pois o bem existirá em profusão e todas as delícias serão abundantes como o pó da terra. O mundo se dedicará, apenas e tão somente, ao conhecimento de D’us. Portanto os integrantes de Israel serão grandes sábios e conhecedores dos fatos ocultos, e captarão o conhecimento do Criador, de acordo com a capacidade humana, como foi dito: "Pois a terra estará repleta do conhecimento de D’us, como as águas cobrem o leito dos mares" (Yeshayáhu 11:9). (Lei 5)

Em um Siyum (Encerramento do Estudo) da obra "Yad Hachazacá" ou Mishnê Torá de Rambam, o Lubavitcher Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson, forneceu a seguinte explicação por que Maimônides, ao definir esta época, cita o versículo completo: "… como as águas cobrem os mares": Da mesma forma que nos mares existem peixes e outros seres aquáticos que são distintos da composição do mar (apesar de sua existência estar completamente condicionada e dependente do mar), assim também existe a possibilidade de o ser humano conhecer D’us, apesar de ele e D’us serem duas entidades distintas.

Porém, as águas que cobrem a superfície do mar na realidade representam sua própria essência, sendo que elas são a única coisa visível, completamente integradas ao mar. De maneira similar, disse o Rebe, Maimônides descreve a Era Messiânica como sendo repleta do conhecimento Divino "como as águas que cobrem os mares" ou seja, a única coisa visível no mundo seá o conhecimento Divino. As criaturas estarão integradas ao Criador, sendo que a única existência no mundo será o conhecimento Divino.