Banho

A pessoa não deve tomar banho imediatamente após uma refeição ou quando estiver com muita fome, mas sim quando o alimento começar a ser digerido. Deve-se lavar a cabeça somente com água bem quente. Com relação ao corpo, inicia-se sua lavagem com água quente, diminuindo a temperatura aos poucos até terminar com água fria.

Sono

É suficiente para um indivíduo dormir oito horas diárias. Este sono deve terminar no final da noite, de modo que desde o começo do sono até o nascer do sol passem-se oito horas. Assim, ele se levantará da cama antes de o sol nascer.

A pessoa não deve dormir de bruços ou de costas, mas sobre o seu lado esquerdo, no começo da noite, e no fim dela, do lado direito. Não se deve deitar para dormir logo depois de comer, esperando algumas horas depois de uma refeição.

Prisão de ventre

Uma pessoa não deve adiar suas necessidades fisiológicas nem por um momento; estas devem ser cumpridas imediatamente. Aquele que as contêm pode acarretar sobre si doenças graves, pondo sua vida em risco. O homem deve, ao contrário, habituar seus movimentos intestinais a horários regulares para não constranger-se na presença de outros. Quando alguém tem prisão de ventre, se for jovem: pela manhã deve comer alimentos salgados cozidos e temperados com azeite de oliva, ou salmoura, sem pão; ou tomar água do espinafre ou repolho cozidos, misturada com azeite de oliva e salmoura. Se for idoso, deve tomar mel misturado à agua morna pela manhã, e esperar umas quatro horas para fazer a primeira refeição. Isso deve ser repetido por três a quatro dias, se necessário, até regularizar o intestino.

Nutrição e Dieta

Um corpo frágil não digere bem os alimentos, mesmo os mais saudáveis, portanto devemos sempre dosar a quantidade do alimento (segundo a nossa força ou fraqueza), escolhendo a qualidade dos mesmos conforme a constituição do corpo.

Uma pessoa não deve comer a não ser quando estiver com fome, nem beber a não ser quando tiver sede; também não deve comer até o estômago ficar repleto, mas sim consumir aproximadamente uma quarta parte de sua capacidade.

Uma pessoa deve se alimentar somente após ter caminhado antes da refeição, para o corpo ficar aquecido, executar algum trabalho físico ou se cansar por algum tipo de esforço. Se depois do exercício ela se lavar com água morna, tanto melhor. Deve-se esperar um pouco e só então comer. Não se deve comer antes de verificar se precisa executar as necessidades fisiológicas.

Ao comer, a pessoa deve sempre estar sentada ou reclinada sobre o lado esquerdo. Não deve andar, montar a cavalo, exercitar-se ou agitar o corpo, nem passear até que o alimento seja digerido.

A pessoa, ao se alimentar, deve sempre começar com algo leve e depois continuar com os alimentos mais pesados. Nos meses quentes deve-se comer alimentos refrescantes e não usar temperos excessivos, exceto vinagre. Nos meses chuvosos ou frios, deve consumir alimentos quentes, temperar abundantemente a comida e comer um pouco de mostarda e assafétida. É desta forma que os alimentos devem ser preparados nos climas quentes e frios.

Não é adequado empanturrar-se como um cão esfomeado, nem engolir uma bebida fria quando se tem sede como alguém que está subitamente ardendo em febre, bebendo o conteúdo do copo de uma só vez. Ainda mais importante é que não se estende a mão em vão ao alimento, especialmente doces e similares, que são chamados de "comidas de glutão".

Tomar água fria antes de começar as refeições é danoso à digestão e ao fígado. Não se deve beber água durante as refeições, a não ser um pouco e misturada ao vinho. Quando o alimento começa a ser digerido pode-se tomar água na medida da necessidade, mas não em excesso.

A mais saudável das águas potáveis é aquela que não tem sabor nem odor. Estas águas são as que mais saciam e as mais agradáveis. Todas aquelas que fluem numa direção oriental sobre areia limpa e ficam rapidamente aquecidas são as mais adequadas para beber.

Perigos Ambientais

As carcaças de animais, túmulos e curtumes devem ser instalados à distância de uma cidade. Um curtume deve ser construído do lado leste da cidade, porque o vento oriental é suave e diminui os odores desagradáveis produzidos pela curtição dos couros.

Os malefícios provocados pela fumaça, o odor dos aparelhos sanitários, poeira em excesso, máquinas que causam trepidação do solo, são motivos para que a parte prejudicada processe o seu vizinho a fim de obrigá-lo a remover os causadores dos danos até uma distância adequada.

Qualquer pessoa que deseje preservar sua saúde deve levar em consideração, em primeiro lugar, a água limpa e uma dieta saudável. O ar urbano é poluído, turvo e denso, resultado natural dos prédios altos, ruas estreitas e do lixo dos seus moradores.

A pessoa deveria, se possível, escolher como residência um local amplo e arejado. As melhores moradias estão localizadas num andar mais alto, onde entra bastante sol. Os sanitários devem ficar o mais longe possível das salas de estar. O ar deve ser conservado seco e agradável, usando-se perfumes suaves através de desodorantes especiais. A preocupação com o ar puro é a regra primordial na preservação do corpo e da alma.

Alcoolismo

Não se deve exagerar no vinho e na folia, pois a embriaguez excessiva e a leviandade não levam ao júbilo, mas sim à loucura. Para algumas pessoas, vinho de safra nova faz mal, ao passo que vinho velho faz bem. (Escritores de muitos países, nos últimos séculos, têm comentado a relativa sobriedade dos judeus. Estatísticas relativas a prisões por embriaguez, psicoses relativas ao álcool têm se mostrado menos representativas entre os judeus. Um dado repetido em muitos estudos é que mais judeus do que outros grupos étnicos ou religiosos consomem bebidas alcoólicas, mas proporcionalmente menos judeus são alcoólatras. Uma das explicações para esta baixa incidência de alcoolismo entre os judeus se refere à precoce iniciação das crianças no uso ritual do vinho, que acrescenta uma nota cerimoniosa à refeição, elevando-o, deste modo, de uma necessidade biológica a um ato singularmente humano, pelo qual o judeu reconhece a presença de D’us à mesa. Tais atitudes precoces podem prevenir excessos subseqüentes na ingestão de bebidas alcoólicas.)

Matrimônio

O matrimônio no Judaísmo é um mandamento Divino (Devarim 12:13). Suas finalidades incluem a procriação, o companheirismo, a auto-realização e também a aquisição de um estado de santidade que surge ao se evitar o pecado i.e., o sexo ilícito fora do matrimônio.

Para cumprir o mandamento bíblico: "Frutificai e multiplicai-vos" (Bereshit 1:28; 9:1-7; 35:11), um homem deve ter pelo menos um filho e uma filha. Entretanto, os sábios aconselharam ter mais filhos. O homem não pode se casar com uma mulher incapaz de ter filhos, a menos que ele já tenha cumprido o mandamento da procriação. Ele nunca deve casar-se com a intenção de divorciar-se depois.

Um homem é obrigado a prover sua esposa de alimento (i.e., manutenção), vestuário (incluindo jóias e perfumes) e direitos conjugais. Num matrimônio judaico, acima da questão da procriação, existem os direitos conjugais da esposa, tecnicamente designados "ona". Assim, a relação não procriativa, como ocorre quando a mulher é jovem demais para ter filhos, estéril, está grávida, pós-menopausa, ou após uma histerectomia, não só é permitida como é requerida.

Os sábios ordenaram que o homem deve honrar sua esposa mais que a si mesmo, e amá-la como a si mesmo. Se tiver posses, deve aumentar sua generosidade de acordo com sua riqueza; não deverá causar-lhe medo indevido; ao falar com ela deve ser gentil e não deve ser propendo à ira ou à melancolia.

Também ordenaram que, por sua vez, a esposa deve honrar o marido e reverenciá-lo; deve-se organizar seus afazeres de acordo com as suas instruções. Ele deverá parecer a seus olhos tal como um príncipe ou rei, enquanto ela se conduzirá de acordo com os desejos de seu coração e se manterá afastada de tudo que a ele for odioso.

Este é o caminho das filhas e dos filhos de Israel, que são santos e puros em seu relacionamento, e sua vida conjugal é louvável.

As Relações

O homem para ser perfeito deve ter controle completo sobre seu desejo sexual, alimentar ou de bebida, para não impedir o desenvolvimento de sua perfeição. A moderação no sexo, como em todas as esferas das atividades biológicas humanas, é recomendada. No Judaísmo, a aversão pela libidinagem e prostituição é bem enfatizada.

Sempre que o sêmen é emitido em excesso, o corpo fica esgotado e sua força diminui. Aquele que se excede estará sujeito ao envelhecimento precoce, esgotamento físico e enfraquecimento da visão.

O sexo pré-marital é proibido. O homem deverá primeiro levar sua futura esposa para dentro do seu próprio lar e designá-la como exclusivamente sua, através da cerimônia nupcial. Se ela for virgem, ele se alegrará com ela, participando de refeições festivas durante a primeira semana, sem trabalhar. (Esta é chamada a semana de "sheva berachot".) Se for viúva ou divorciada, deverão ter as "sheva berachot" durante três dias. No casamento, a relação não somente é permitida, como faz parte das obrigações do marido para com a mulher, e deve ocorrer com o consentimento de ambos.

Quando um homem procura sua esposa, não deve fazê-lo no começo da noite, quando está saciado; nem no fim da noite, quando está faminto. Ele deve coabitar no meio da noite, quando o alimento já tiver sido digerido. Primeiramente deve conversar com sua esposa e diverti-la um pouco, a fim de deixá-la descontraída; depois ter a relação, com modéstia, carinho e atenção, sem imprudência.

O Ritual da Circuncisão

Esse mandamento não foi prescrito com vistas a reparar o que pode ser congenitamente imperfeito, mas para aperfeiçoar moralmente o ser humano. A circuncisão tem outro significado, muito importante: todos aqueles que acreditam na unicidade de D’us possuem um sinal corporal que os une. O homem executa esse ato no seu filho somente em conseqüência de uma crença genuína.

É também conhecido o quanto amor e ajuda mútua existem entre as pessoas que ostentam o mesmo sinal, formando para elas uma espécie de aliança. A circuncisão é uma aliança feita por Avraham, nosso pai, com vistas à crença na unicidade de D’us, como está escrito: "Para ser um D’us para ti e para tua semente depois de ti" (Bereshit 17:7). Esta é uma forte razão para a causa da circuncisão – talvez seja ainda mais forte do que a primeira.

A circuncisão é realizada no oitavo dia, porque os seres vivos são muito frágeis e excessivamente tenros ao nascer, como se ainda estivesse no útero. (Maimônides parecia estar aludindo ao que hoje é reconhecido como icterícia, que pode se manifestar nos primeiros dias de vida). A circuncisão no oitavo dia evita o sangramento que pode ocorrer na primeira semana de vida, devido a deficiências no fator de coagulação, permitindo a maturação do sistema de conjugação dos pigmentos da bílis.

Crueldade contra animais

A crueldade gratuita contra animais é proibida pela Lei Judaica, uma proibição que os Sábios deduziram da Torá. Quem impedir um animal de se alimentar enquanto estiver trabalhando estará sujeito a punição. Ademais, se o animal estiver sedento, a obrigação é dar-lhe de beber. Entretanto, se aquilo que o animal estiver ingerindo for danoso ao seu organismo e lhe fizer mal, será permitido impedi-lo de comer. De fato, o animal deverá ser alimentado antes mesmo do ser humano, no entanto quando se refere à sede, o ser humano tem prioridade.

Shechita (abate ritual)

O mandamento referente ao abate de animais é necessário, pois o alimento natural do homem consiste de plantas derivadas de sementes que crescem na terra e da carne dos animais. Os melhores tipos de carne são aqueles que nos são permitidos (i.e., casher). Nenhum médico ignora este fato. Como a necessidade de obter bons alimentos requer que os animais sejam mortos, a meta é matá-los da maneira mais branda possível. É proibido torturá-los de modo a perfurar a parte abaixo de sua garganta ou decepar um de seus membros. É igualmente proibido abater o "animal e o seu filhote no mesmo dia" (Vayicrá 22:28), sendo esta uma medida de precaução para não matar a cria diante da mãe, pois nestes casos os animais sentem uma dor intensa, idêntica à do ser humano.