Versículo 19:20

D'us desceu ao Monte Sinai, ao topo da montanha. E D'us chamou Moshê ao topo da montanha, e Moshê subiu.

Se D'us desceu das alturas celestiais, não poderia ter descido mais alguns metros? Por que fazer um homem de oitenta anos galgar a montanha até o topo?

Eis aqui a natureza essencial da compreensão da Torá pelo homem. D'us é infinito e indefinível.

A Torá é Sua sabedoria e vontade - por definição, incompreensível para a mente finita do homem. A noção de que o intelecto humano pode relacionar-se à verdade Divina, mesmo que parcialmente, é enganosa. É apenas porque D'us nos outorgou a Torá, apenas porque Ele escolheu suspender a linha que esboçou na Criação separando o finito do infinito, que podemos acessar Sua comunicação com o homem.

Mas o Todo Poderoso desejou que o entendimento da Torá pelo homem não fosse um dom concedido pelo céu, mas o resultado de um esforço conjunto, como a união entre a mente do homem e a mente de D'us. O homem deve doar a ela todo seu intelecto, e aplicar ao máximo os poderes investidos em ser cérebro físico. E quando atingir o pico de sua montanha finita, lá está D'us com Seu som de absoluta verdade.

-Dos ensinamentos do Chassidismo


O Lubavitcher Rebe relatou:

Rabi Yechezkel landau, o famoso autor de Noda Biyehudá, serviu como Rabi de Praga de 5514 a 5553. Certa vez, um grupo de eruditos que desejava contestar sua qualificações rabínicas apresentaram-lhe uma série de questões sobre a Lei da Torá. Estes casos fictícios foram cuidadosamente elaborados de modo a apanhar o rabino em suas armadilhas lógicas e embaraçá-lo com um rumo incorreto.

Rabi Yechezkel conseguiu resolver todos os problemas corretamente - todos, menos um. Imediatamente seus delatores caíram sobre ele, demonstrando como seu veredicto contradizia um determinado princípio da Lei da Torá.

Disse Rabi Yechezkel: "Estou certo de que este caso não é verdadeiro, e que o inventaram apenas para envergonhar-me. Vejam, sempre que um homem de carne e osso é convocado para decidir um assunto da Lei da Torá, enfrentamos um dilema básico: como pode a mente humana determinar qual é a vontade de D'us? O "sins e nãos" da Torá são as direções pelas quais o Todo Poderoso deseja que ordenemos nossas vidas. Como pode ser que o finito e falível intelecto seja autorizado a decidir sobre estes absolutos Divinos?

"Porém a própria Torá declara que a 'Torá não está no céu', mas foi dada ao homem para que a estudasse e a compreendesse, instruindo que sempre que uma dúvida é levantada, é o homem, empregando seu julgamento e conhecimento finitos, que deve fornecer uma resposta. Em outras palavras, quando a pessoa põe de lado todas as considerações sobre si mesma e serve a Torá, D'us garante que o resultado será totalmente de acordo com Sua vontade.

"Entretanto," concluiu Rabi Yechezkel, "esta garantia aplica-se apenas a eventos verdadeiros, quando um rabino é convocado para determinar aquilo que D'us deseja que seja feito numa determinada situação - não quando a honra pessoal do rabino é o único assunto em pauta.

"Se vocês tivessem me apresentado uma questão realmente relevante, sei que não teria errado, pois abordei o assunto com nenhum outro motivo ou interesse a não ser aquele de servir a vontade de D'us. Mas como seu caso foi apenas hipotético, feito para enganar-me, minha mente foi como qualquer outra mente humana, grande ou pequena - imperfeita e manipulável."