Nessa Porção Semanal lemos que D’us falou a Moshê e Aharon para que transmitissem uma ordem aos filhos de Israel. Deveriam orientá-los para que começassem a preparar alicerces para a futura construção do Tabernáculo de D’us. Esta ordem parece pouco realista e prematura, visto ser dada em meio à escravidão e ao sofrimento.

O objetivo de liberdade de uma nação geralmente encontra expressão em alguma proeminente instituição física ou espiritual. A liberdade do Egito encontrou sua expressão nas pirâmides, as quais nada mais eram que túmulos glorificados para os reis, às custas da miséria de milhares de escravos. A antiga Grécia, após ganhar sua liberdade dos Persas, construiu templos na Acrópole, glorificando o corpo humano.

Israel, ao ganhar sua liberdade, tinha como objetivo o Sinai, onde após lhe ser entregue a Torá, todo o povo se uniu para construir um Tabernáculo onde deveria repousar a Presença Divina. A essa finalidade, todo o Êxodo foi dedicado desde o início. E, de fato, ao estudarmos a história de Israel, após sua entrada na Terra Prometida, encontramos o climax de toda a história judaica, quando o rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém.

O significado espiritual da Porção Bô constitui um desafio ao mundo de hoje, onde cada vez mais, pequenas nações conquistam sua independência. Ao nível individual pode ser sentida mais intensamente se levarmos em conta as condições econômicas que tendem a dar-nos cada vez mais tempo livre. O que fazemos com este tempo livre? Há duas chances: ou é tão mal aplicado a ponto de nossos dias tornarem-se uma fonte de aborrecimentos, ou por outro lado, seguindo o exemplo de Israel, utilizamos nossos dias para preparar os "alicerces para o Tabernáculo de D’us".