O ser humano muitas vezes enxerga a vida através dos olhos do hábito. Muitas de nossas transgressões não brotam de um desejo consciente de errar, mas sim de uma falta de apreciação interna por uma ação em particular.

Rabi Chaim Shmulevitz descreve esta monotonia espiritual como "tardeimat hahergel". Esta inabilidade no homem de mudar sua perspectiva pode ter trágicas conseqüências, como fica evidente no Midrash da porção desta semana da Torá, que descreve com detalhes a história do funeral de Yaacov.

Chegando ao M'arat Hamachpelah, Essav abordou os filhos de Yaacov e reivindicou o direito ao túmulo que estava sendo usado para Yaacov. Seguiu-se uma discussão e os irmãos enviaram Naftali, que era famoso por sua fala, correr ao Egito para conseguir os documentos apropriados. Durante a confusão, Chushim, o filho surdo de Dan, exclamou: "Ficaremos aqui esperando até Naftali voltar, enquanto meu avô jaz num estado de desgraça?" Imediatamente, Chushim tomou da espada e cortou fora a cabeça de Essav.

Rabi Shmulewitz considera por que os outros descendentes de Yaacov, seus próprios filhos, não se sentiram tão incomodados pelos acontecimentos como Chushim. Ele explica que os filhos de Yaacov ficaram tão hipnotizados pela discussão com Essav que no ínterim acabaram se esquecendo da desgraça que eram os restos mortais insepultos de Yaacov. Os filhos de Yaacov foram importunados com tédio espiritual, "tardeimat hahergel", que os deixou insensíveis aos assuntos mais urgentes que estavam bem à vista – o funeral do pai. Apenas Chushim, cuja incapacidade de ouvir o impedia de participar ativamente na discussão, pôde conservar a clareza de mente e uma renovada perspectiva que precipitou sua reação.

A habilidade de mudar nossa perspectiva pode remediar muito de nossa indisposição. O jugo das mitsvot pode ser visto como um fardo, uma carga de pedras a ser arrastada durante a vida, ou uma bolsa de diamantes, que quando carregada até seu destino trará enorme recompensa. Um bem conhecido motivacionista contemporâneo comenta que um despertador é, na verdade, um relógio de oportunidades, alertando-nos a respeito das muitas horas potencialmente construtivas do dia. Da mesma forma, rezar para D’us não é uma tarefa diária, mas uma chance de comunicação com o Divino.