Pergunta:
Tento ser espiritualmente liberal. Por que judeus religiosos são tão fechados à sabedoria de outras religiões?
Resposta:
Primeiro, permita-me assinalar que "liberal" e "intolerante" não são avaliações objetivas; são o resultado de uma perspectiva em particular.
Aqueles a quem você rotula de "fechados" percebem a dicotomia de maneira muito diferente. Por se concentrarem em um rumo, tendem a pensar sobre si mesmos como concentrados e comprometidos, e aqueles a quem chama de liberais como dispersos e indisciplinados. Isso não significa que eles negam a validade de um caminho diferente do deles. Ao contrário, esperam que os praticantes de outros rumos também devotem todos seus esforços a seu próprio caminho.
Sob esta perspectiva, talvez a classificação de judeus religiosos como "intolerantes" seja intolerante! (Estou confiando que você seja suficientemente liberal para não se ofender com minhas palavras.) É claro que "comprometidos versus indisciplinados" não é mais objetivo que "liberal versus intolerante." E quanto aos "múltiplos caminhos e único caminho"?
Os judeus não negam que a sabedoria pode ser encontrada entre as outras nações. Em assuntos religiosos, entretanto, é ponto pacífico que os judeus devam dominar o Judaísmo e as fontes judaicas antes de se voltarem para qualquer outro lado. (O Midrash expressa-se assim: "Se lhe disserem que as nações têm sabedoria, acredite; se lhe disserem que as nações têm a Torá, não acredite.") Até então, passar muito tempo explorando outros sistemas pode ser contra-produtivo. Quando um virtuose do piano em potencial aplica suas horas de prática aprendendo a tocar violino, ou um nadador olímpico esperançosamente passa suas horas jogando golfe, eles provavelmente têm muitas experiências novas, fazem amigos e se divertem. Mas estão fazendo tanto progresso quanto poderiam se perseguissem seus objetivos primários?
Afinal, como freqüentemente enfatizam os universalistas, todos os caminhos levam ao mesmo objetivo (todos os rios ao mesmo oceano, todos os raios ao mesmo eixo, etc.), percorrer firmemente uma única trilha deveria fazê-lo chegar mais rápido e eficientemente que esvoaçando para lá e para cá entre dois ou mais. Ou, para citar uma clássica metáfora oriental, imagine-se tentando navegar num rio com um pé em cada um de dois barcos. Como diz o provérbio iídiche equivalente: "Não se pode dançar em dois casamentos!" (assumindo que você foi convidado para os dois...).
Isso não significa que os judeus ortodoxos desdenham as verdades que os sábios de outras religiões possam ter descoberto ou vivenciado. Também não implica que temos de ter medo do contato com eles ou seus seguidores, muito embora não os procuremos. Nós, entretanto, negamos a necessidade de nos voltarmos a outros caminhos em nossa busca do verdadeiro auto-aperfeiçoamento e/ou a salvação, seja pessoal, nacional ou global. Se sentimos que precisamos de inspiração adicional, assumimos que a temos disponível na Torá. Deve estar, pois (como você aceita) o judaísmo é um caminho autêntico e completo.
Você diz que encontrou entre os "fechados" - aqueles comprometidos com um único caminho - uma fonte significativa. Talvez eles tenham atingido este nível de perfeição exatamente por causa de seu foco inabalável?
E se D'us coloca alguém num determinado caminho - neste caso, fez com que nascêssemos com uma alma judia - por que lutar contra o carma? Vamos primeiro exaurir nosso legado, antes de decidir que ele precisa de uma complementação.
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