Pergunta:
Sou o único judeu no escritório onde trabalho, de modo que diariamente sou bombardeado com perguntas sobre as ações de Israel no Líbano. Eu sinceramente não sei quem me nomeou porta-voz de Israel e eu não estou armado com as respostas necessárias. Você pode me ajudar?

Resposta:
Numa época como essa, todo judeu transforma-se num embaixador de Israel. Mesmo se você não concorda com tudo que Israel faz, qualquer pessoa decente deveria defender vigorosamente o direito de Israel à sua auto-defesa.

Podemos deixar as questões militares e políticas para os especialistas, mas devemos ser muito claros no tocante às questões morais que foram levantadas por esta guerra.
Vejamos algumas das perguntas feitas com maior freqüência:

Como Israel pode justificar a morte de civis se seu objetivo é esmagar o Hesbola?
A morte de inocentes é uma tragédia inevitável em qualquer guerra. Manifestamos nosso profundo pesar por todos aqueles que foram atingidos no meio da guerra. O que é mais triste é o fato do povo libanês estar se tornando um refém do Hesbola. Assim como é obvio que o Hesbola é moralmente culpado por qualquer dano que seja causado aos dois israelenses que eles mantém como reféns, da mesma forma eles são moralmente culpados e responsáveis pelo destino de todos os libaneses no meio dos quais eles se escondem.

Um civil que é morto ao ser usado por um terrorista como seu "escudo humano" é uma vitima do terrorista, não do exército de Israel, pois seus alvos não são os civis inocentes.

A resposta de Israel não está um pouco desproporcional? Se Israel só estivesse fazendo "vingança", aí sim teria que ser necessariamente proporcional. Mas desde quando uma guerra é proporcional?

Numa guerra você não mede sua resposta ao inimigo de acordo com o que ele te fez no passado. Você precisa dar uma resposta de acordo com o que for necessário para fazê-lo parar de atacar no futuro. As ações de Israel são proporcionais a ameaça, não ao estrago causado.

Será que Israel não entende que assim estará só criando mais terroristas? A raiva e a fúria contra Israel que resultará dos bombardeios no Líbano só farão com que mais pessoas queiram engajar-se no Hesbola.
Sentimentos de frustração, raiva, medo e fúria não te transformam num terrorista. Uma cultura dedicada a morte [ao jihad], a criar mártires e uma educação que inculca o ódio, sim. Israel não precisa fazer nada para criar terroristas — porém, Israel deve agir e destruir todos aqueles que ameaçam seu povo.

O Hesbola realmente tem sua milícia armada, mas também são responsáveis por programas sociais, projetos educacionais e obras humanitárias no sul do Líbano. Destruindo o Hesbola, Israel também estará destruindo o que eles fizeram de positivo. Isto não seria "demonizar" um grupo que não é assim tão mau?
Um assassino em série, que mata no atacado, não no varejo, um"serial killer", que por algum acaso também é um voluntário em seu hospital local, doou dinheiro para um orfanato e cuida de sua avó doente — não deixa de ser um assassino, e, portanto, deve ser tratado como tal. O perigo que ele representa ultrapassa, e pesa muito mais, do que qualquer consideração pelo bem que ele possa ter.

Ao usar a violência, como Israel pode se considerar melhor do que seus inimigos terroristas?
Isto é tão ridículo quanto dizer que uma mulher que luta contra um homem que a atacou não é melhor do que seu atacante. Israel não teria tocado o Hesbola se ele não o tivesse atacado. Israel busca viver em paz com seus vizinhos; Hesbola e seus aliados querem destruir Israel, não importa o que Israel faça ou deixe de fazer.

Para o Hesbola guerra é santa. Para Israel, guerra nunca pode ser santa. Guerra pode até ser necessária, por exemplo, quando seus cidadãos são atacados e não houve sequer a menor provocação da sua parte. Guerra pode ser moral, quando, por exemplo, vidas inocentes estão sendo ameaçadas; mas mesmo neste caso, guerra nunca é santa.

Há uma diferença enorme entre uma guerra moral e uma guerra santa, a jihad. Um soldado moral vai a luta com relutância — enquanto santos guerreiros atingem a sua glória na luta.

Um soldado moral está sobrecarregado pela obrigação de lutar — enquanto o santo guerreiro se delicia com a dor que possa infligir em seu inimigo. Um soldado moral luta quando não há outra opção — o santo guerreiro busca a violência como uma forma de viver.

O soldado moral toma todas as medidas necessárias para limitar o número de vítimas inocentes — o santo guerreiro procura aumentar ao máximo o número de vítimas inocentes. O santo guerreiro tem medo dos tempos de paz, por que aí então ele não servirá para nada.

O soldado moral sonha com a época em que a paz reinará.
Sim, pois aí então as Forças de Defesa de Israel serão alegremente redundantes e desnecessárias, pois "uma nação não erguerá a espada contra a outra e elas não aprenderão mais a guerrear"