A porção Massê começa: "Estas são as jornadas…" enumerando as quarenta e duas viagens dos Filhos de Israel, desde quando saíram do Egito até chegar ao Jordão, perto de Jericó. (Yarden Yericho). O fraseado da Torá, no entanto, levanta uma questão óbvia. Usou apenas uma jornada "da terra do Egito". Por que então a forma plural de "estas são as jornadas?"

O termo Mitzrayim (Egito) deriva da palavra meytzarim (restrições). Mitzrayim, portanto, refere-se não somente a um país específico mas também a uma condição de confinamento, tanto físico quanto espiritual.

O termo Yericho deriva da palavra rei'ach (cheiro). Alude também a Mashiach, sobre quem se diz: "veharicho (Ele o deixará perfumado) com o temor a D’us…" (Yeshayahu 11:3). Assim Mashiach é chamado "moir'ach veda'in – ele está apto a julgar uma pessoa meramente pelo seu 'cheiro' (Sanhedrin 93b).

As 42 jornadas, portanto, dizem respeito aos 42 estados de deixar Mitzrayim (restrições pessoais ou nacionais e confinamentos), antes que cheguemos à verdadeira e suprema liberdade de Yericho, a redenção messiânica.

O êxodo do Egito físico foi realmente uma liberação, mas somente relativa à escravidão prévia. Em termos de nossa meta suprema não foi ainda a verdadeira e total liberdade. Cada uma das 42 jornadas representava uma progressão adicional, um ascensão libertadora relativa ao estado precedente. Em termos do nível final e mais elevado a ser atingido, no entanto, este permanecia uma forma de Mitzrayim.

O termo "jornadas" (no plural) assim, nos ensina que devemos sempre pressionar, progredir e ascender, independentemente de realizações passadas. Nós somos, e permanecemos, no Mitzrayim, de uma forma ou de outra, até que cheguemos a Yarden Yericho – a liberdade de Mashiach – brevemente em nossos dias.


Extraído de Living with Mashiach, por Rabi Immanuel Schochet, adaptado das palestras do Rebe.