Pergunta:
Minha parceira diz que eu deveria passar mais tempo me divertindo, relaxando, e apreciando a vida. E que eu deveria fazer as coisas puramente pelo valor da diversão.
Sou o tipo de pessoa que faz as coisas para aperfeiçoar a mim mesmo (é verdade, não estou imaginando coisas). Tudo que faço é com o objetivo de educação ou auto-melhoramento. O que faço o tempo todo é ler livros de auto-ajuda ou assistir a palestras. Aparentemente este é o meu problema. Levo a vida a sério demais.
O que você acha?
Resposta:
Não há dúvida de que a sabedoria judaica abomina o desperdício de tempo. “O dia é curto, e temos muito trabalho a fazer,” dizem nossos sábios. O Talmud adverte: “Lembra que o dia da morte se aproxima,” o que os mestres chassídicos explicam que significa: “Lembra que cada dia termina e jamais retorna. Não desperdice sequer um só dia.”
E há também o ditado:
“As pessoas se preocupam sobre perder dinheiro, mas não se preocupam com perder tempo. Porém o dinheiro não pode salvar você, e o tempo não pode ser recuperado.”
Obviamente, estamos neste mundo para realizar. E mesmo assim, há um conceito de descanso significativo. Às vezes precisamos dar uma refrescada. Isso não é necessariamente desperdício de tempo. Ficamos muito mais eficazes após um descanso. Assim como precisamos dormir para poder realizar mais quando acordamos, precisamos de um tempo livre para que nossa mente possa ficar mais concentrada e nossas energias se reabastecerem para prosseguir nossa missão.
Não se trata de fazermos coisas que rebaixarão nossos padrões morais, mas às vezes podemos apenas relaxar, dar uma caminhada, ler algo mais leve, ir até o zoológico, empinar uma pipa. Isso nos refrescará e levará a mais produtividade. Não estudar Torá às vezes é a melhor maneira de promover o estudo de Torá.
Se a sua relutância em desperdiçar tempo vem de um desejo sincero de servir a D'us, então você nada tem a temer do relaxamento. Pois isso também é servir a D'us.
Porém se algo mais está te levando, se é psicológico e não espiritual, então esse evitar de desperdício de tempo pode não ser algo tão bom, afinal. Pode ser compulsivo, ou uma tentativa de provar seu valor sempre realizando alguma coisa, ou uma aversão a desperdiçar tempo com outros, ou ainda um medo de enfrentar seu ser interior. Ironicamente, ficar viciado em auto-ajuda pode ser uma ótima maneira de evitar encarar o seu verdadeiro eu e se preocupar com os outros. Não há nada de sagrado nisso.
Há pouco tempo isso imitou a síndrome do tubarão. Os tubarões constantemente nadam através da água, mesmo quando estão adormecidos, porque se não o fizerem caem para o fundo do oceano e morrem. Talvez você tenha medo de o mesmo acontecer com você. Se parar por um minuto, vai desmoronar.
Você não é um tubarão. É uma alma que precisa atingir seu objetivo. Fazemos isto através de trabalho significativo, e também do descanso significativo.
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