O Báal Shem Tov, filho de Rabi Eliezer e Rebetsin Sara, nasceu numa segunda-feira, em 18 de Elul de 5458 (1698), na aldeia de Okup.
Seu nascimento e seus primeiros anos estão descritos com detalhes em outras obras. Segue-se uma nota escrita pelo Alter Rebe sobre a juventude do Báal Shem Tov, que somente veio à luz recentemente, e foi publicada no periódico Yagdil Torá nº 31(deve-se enfatizar que, nesta nota, há muitos detalhes sobre o Báal Shem Tov que diferem de outras tradições):
Há uma diferença de opinião entre Rabi Eliezer e os Sábios a respeito do Patriarca Avraham. Segundo um deles, ele tinha três anos quando se tornou cônscio da existência de D'us. De acordo com outro, isso não aconteceu até ele ter quarenta e oito anos. Sobre o Báal Shem Tov, por outro lado, todos concordam que ele O descobriu aos três anos.
Seu pai Rabi Eliezer tinha cem anos, e sua mãe Sara noventa, quando num sonho ouviu que deveria santificar-se, pois lhe nasceria um filho que seria uma luz para o povo judeu. Ele santificou-se e no devido tempo o Báal Shem Tov nasceu. Desde o começo, ele era diferente das outras crianças. Aos três meses já caminhava e falava como alguém muito mais velho.
Quando tinha um ano e meio perdeu seu pai que, antes de morrer, lhe disse: "Não tema ninguém, exceto o Eterno, bendito seja."
Um ano após o falecimento de seu pai, perdeu a mãe, Sara. Nesta época ele caminhava pela rua, sozinho, um cajado na mão, até que as pessoas da cidade começaram a tomar conta dele. Era destemido, percorrendo sozinho as florestas.
Na noite do seu terceiro aniversário, estava escuro lá fora e chovia torrencialmente. Ele pegou seu cajado e rumou para a floresta. Perguntaram a ele: "Como pode sair numa noite assim? Não há um fiapo de luz no céu!"
Ele respondeu: "Não temo a nada, exceto o Eterno, bendito seja."
Ele entrou na floresta, e ali viu uma casa grande e majestosa de onde emanava uma luz. Entrou na casa e percorreu sala por sala até chegar numa câmara na qual, ao redor de uma mesa, estavam reunidos muitos zombadores, todos mensageiros de Shamael. Perguntaram a ele:
"Como é possível que não tenha medo de entrar neste lugar?" Ele respondeu: "Não temo a nada, exceto o Eterno, bendito seja." Eles disseram: "Filho, não concorda que D'us abandonou o mundo?"
Ele começou a gritar: "Que todos os malfeitores sejam dispersados pelo vento!" Eles desapareceram no ar.
Até os dezoito anos ele estudou Torá com Achiya HaShiloni, e então recebeu o privilégio de estudar com Mashiach. Aos treze anos foi ensinado todos os Nomes de D'us, juntamente com suas formas alternadas, com a exceção de uma, que Achiya não lhe ensinou. Quando lhe perguntou o motivo, Achiya respondeu que também o desconhecia, pois este Nome tinha sido passado ao Anjo da Destruição, que se recusara a destruir o Templo, a menos que recebesse o Nome em garantia. Deste Nome dependia a chegada de Mashiach.
A partir desse momento, o Báal Shem Tov empreendeu uma busca por este Nome. Ele recebeu um aviso celestial: muitos tinham embarcado nesta busca, apenas para atraírem sobre si mesmos a destruição. Ele respondeu: "Não temo a nada, exceto o Eterno, bendito seja."
Então veio o Anjo da Destruição em pessoa e disse:
"Homem mortal e putrefato, antes deste dia eu tinha visitado o mundo apenas duas vezes, para destruir o Primeiro e o Segundo Templos. Que afronta é esta, para chamar-me uma terceira vez?"
Ele respondeu: "Não temo a nada, exceto o Eterno, bendito seja."
Com essa resposta ele conseguiu retirar o Nome do Anjo da Destruição…
Ao final desta narrativa, o Alter Rebe escreve: Tudo isso eu tive o mérito de escutar dos lábios do próprio Báal Shem Tov, numa visão que tive acordado.
O Rebe, Rabi Yossef Yitschac, escreve sobre esta descrição:
Ouvi de meu pai, em nome do Ancião de Radamisal – que era um dos que limpavam os livros e papéis antes de Pêssach na casa do Tsemach Tsedec – que havia uma gaveta contendo muitos manuscritos, papéis e cartas, e ele ali encontrou um longo bilhete, manuscrito pelo Alter Rebe. O fato acima narrado é o que ele se lembra de ter lido ali.
O Ancião de Radamisal disse que desejava fazer uma cópia deste documento e que já tinha preparado caneta e papel quando o "Maharil", filho do Tsemac Tsedec, entrou e lhe disse para não fazê-lo, pois Reb Hilel de Paritch já tinha feito isso e o papel se incendiara, consumindo muitos de seus próprios manuscritos, "Além disso" – acrescentou ele – "o Tsemac Tsedec não tolerará isso, e por este motivo ele se absteve de copiá-lo ele mesmo."
Faça um Comentário