Há um século, vivia na cidade russa de Polotsk um lojista simples, que atendia pelo nome de Reb Yisrael. Era seguidor de Rabi Menachem Mendel de Lubavitch, o terceiro líder de Chabad. Certa vez, durante uma visita à cidade de Lubavitch, ele ouviu do Rebe um discurso de filosofia chassídica, explicando como nosso Patriarca Avraham era caridoso tanto no que se refere a dinheiro, quanto a questões espirituais e físicas. O Rebe continuou dando uma profunda explicação mística para demonstrar como os atos físicos de caridade de Avraham neste mundo material de certa forma eram mais elevados que a Bondade Celestial.
Reb Yisrael não entendeu toda a dissertação, mas assimilou aquelas poucas palavras sobre Avraham, que passou a repetir sem parar até que as gravou na memória. Quando chegou em casa, os chassidim se reuniram para dar-lhe as boas vindas, na recepção que era costumeira para aqueles que voltavam de Lubavitch. perguntaram a Reb Yisrael se talvez ele poderia repetir o discurso que o Rebe tinha feito. Reb Yisrael replicou que não podia, mas tinha na memória umas poucas palavras sobre a caridade de Avraham, e passou a repeti-las.
Depois da recepção, Reb Yisrael voltou para sua loja, como de costume.
Nachman e Yossef, também lojistas em Polotsk, eram amigos de Reb Yisrael. Este decidiu que iria até a loja de Nachman para pedir-lhe um empréstimo. Ele não precisava do dinheiro, mas tendo ouvido do Rebe grandes elogios à caridade (que inclui emprestar dinheiro sem juros) ele desejava dar ao amigo Nachman a oportunidade de cumprir esta grande mitsvá. Nachman e Yossef seguiram seu exemplo: todos os dias, eles pediam emprestado e pagavam pequenas quantias de dinheiro uns dos outros.
Da próxima vez que Reb Yisrael foi a Lubavitch, Rabi Menachem Mendel saiu da sinagoga e perguntou a um dos chassidim mais antigos: "Quem é aquele senhor ali?" olhando na direção de Reb Yisrael. O chassid não soube responder, pois Reb Yisrael não era muito conhecido como um dos chassidim. Terminou por descobrir que aquela pessoa era um lojista de Polotsk. Rabi Menachem pediu que Reb Yisrael fosse levado a seu escritório.
Quando Reb Yisrael entrou, o Rebe indagou-lhe sobre seu trabalho e seu horário de todos os dias. Reb Yisrael respondeu que se levantava às cinco todas as manhãs, recitava Tehilim, tomava uma xícara de chá, cortava madeira, e depois ia até a sinagoga para rezar. Depois das preces, ele estudava um capítulo da Torá, ia para casa fazer seu desjejum e em seguida ia até sua loja na praça do mercado. Na parte da tarde, ia novamente à sinagoga, para recitar as preces vespertinas, estudava mais um pouco, rezava durante o serviço noturno e voltava para casa.
O Rebe não ficou satisfeito. "Ora, e quanto a tsedacá?" inquiriu.
"Sou um homem pobre e não posso me dar ao luxo de dar tsedacá" – replicou Reb Yisrael. Após mais perguntas feitas pelo Rebe, porém, veio à tona o estranho costume de Reb Yisrael, tomar emprestado e devolver pequenas quantias.
Mais tarde, o filho de Rabi Menachem Mendel, Shmuel, perguntou ao pai "O que está procurando nele?"
O Rebe replicou: "Eu vi, ao redor deste simples lojista, Reb Yisrael, uma radiância, um pilar de luz tão grande quanto aquele da Bondade Celestial."
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