O anjo disse a Lot: "Fuja para a montanha onde vive Avraham." Mas Lot temia voltar à vizinhança de Avraham, pensando: "Quando vivia entre o devasso povo de Sodoma, D'us comparou-me a este, julgando-me relativamente justo, e por isso salvou-me. Porém se mudar-me para as vizinhanças de Avraham, o tsadic, serei considerado perverso, se comparado a ele." Sendo assim, Lot rogou a D'us para que poupasse a cidade de Tsoar, a fim de que pudesse para lá escapar. "Tsoar tem menos pecados que Sodoma," argumentou, "uma vez que foi povoada mais recentemente." D'us concedeu-lhe o pedido e, em sua consideração, não destruiu a cidade de Tsoar. Lot foi assim recompensado por ter-se desviado de seu caminho para convidar os anjos, e por ter se colocado em perigo por causa dos anjos. Em troca, agora D'us o favoreceu, salvando Tsoar.

O anjo ordenou a Lot: "Apresse-se e fuja para Tsoar, pois não posso destruir Sodoma antes que você chegue lá!" Lot e suas filhas apressaram-se para Tsoar, porém não permaneceram. Lot temia estabelecer-se naquela cidade, porque ficava muito perto de Sodoma. Em vez disso, mudou-se com as filhas para uma caverna nas montanhas, desconsiderando, assim, as palavras do anjo que lhe ordenou refugiar-se em Tsoar. Como conseqüência, sucedeu-se a vergonhosa história dos eventos ocorridos na caverna.

Duas grandes mulheres estavam destinadas a descender das filhas de Lot: Rut, a mulher moabita que viria a ser a ancestral da dinastia de David e, em última análise, de Mashiach; e Naama, a mulher amonita que se casaria com o rei Salomão, e tornar-se-ia mãe do rei Rechavam. As filhas de Lot puderam sobreviver à aniquilação em consideração às duas preciosas almas - Rut e Naama - que mais tarde delas viriam a brotar.

Ambas as filhas de Lot eram justas e virtuosas, e aprenderam a amar a D'us na casa de Avraham. Após testemunharem a destruição de quatro grandes cidades, e a terra engolir todos os habitantes de Tsoar (apesar de não ter sido destruída, como Sodoma), as filhas de Lot ficaram com a impressão de que um segundo Dilúvio havia varrido a terra, deixando-as como únicas sobreviventes. "Nosso pai está velho," disse a irmã mais velha para a mais nova, "e poderá morrer. A não ser que um filho varão lhe nasça em breve, a raça humana perecerá! As filhas de Lot agiram por amor ao Céu. Encontraram vinho na caverna, o qual D'us preparara especialmente para essa finalidade, pois queria que ambas as nações, Amon e Moav, viessem a existir. Permitiram que o pai se embriagasse, e seduziram-no. A primeira deu o exemplo, e a mais jovem seguiu-o.

Ao contrário das filhas, Lot sabia, através dos anjos, que a destruição afetaria apenas determinado número de cidades, e não o mundo inteiro. Mais ainda, apesar de estar embriagado e não ter consciência do que fazia na primeira noite, pela manhã percebeu, e soube o que acontecera. Não obstante, permitiu-se embriagar-se novamente, sabendo perfeitamente quais seriam as conseqüências.

Ambas engravidaram e deram à luz filhos varões.

A mais velha era tão desavergonhada e impudente que deu ao filho um nome que indica claramente sua ignominiosa paternidade. O nome Moav vem de "Me'av", "do pai." A mais nova, contudo, deu a seu filho o nome de Amon, que significa "filho de meu povo", desta forma, ocultando pudicamente seu pai. Foi recompensada na época de Moshê, quando D'us ordenou que o povo judeu não incitasse guerra contra Amon.