Embora eu fosse apenas um adolescente, nunca esquecerei o dia em que eu estava sentado na Yeshivá ULY (United Lubavitch Yeshive, no Brooklyn), quando meu professor de inglês, George Landberg, baixou o giz e interrompeu a aula. Ele era um bom professor. Geralmente gostava de falar de coisas literárias como poemas ou personagens de ficção. Mas naquele dia ele nos contou uma história incrível que não era ficção, mas um fato real. Um verdadeiro milagre dos Tefilin, que ocorreu com ele e seu filho tragicamente cego, Daniel.
Daniel Landberg nasceu em 1973 com visão normal. A lei do Estado de Nova York naquela época exigia que os olhos de todos os recém-nascidos fossem tratados, como medida profilática contra infecção, com uma solução de nitrato de prata com um por cento de diluição, enquanto ainda estava no hospital. Uma assistente de enfermeira inexperiente, de plantão na sala de parto naquele dia, pegou um cotonete com nitrato de prata destinada a limpar a área do cordão umbilical, uma medicação setenta vezes mais forte do que a de um por cento destinada ao uso oftalmológico - e altamente corrosiva, e tragicamente a usou nos olhos de Daniel. Como resultado, ambos os olhos do bebê foram queimados pela solução química, sua pele marcada, e seus cílios foram embora. E o pior de tudo, ele ficou cego.
Durante três semanas, Daniel permaneceu no hospital, recebendo tratamentos de antibióticos e fazendo exames um após o outro na tentativa de curá-lo. Nenhum dos médicos acreditava que a visão de Daniel retornaria. Para piorar as coisas, cada um era mais insensível do que o outro no modo como falavam com os pais desesperados, por que os pais estavam se preocupando se estava claro que a criança ficaria cega para sempre?
Uma janela de esperança abriu-se quando o Dr. Albert Hornblass tomou o caso para si, embora não exatamente como os Landberg esperavam. O Dr. Hornblass era um oftalmologista que, dois anos antes, tinha retornado do Vietnã, era um especialista em queimaduras químicas e um judeu observante. Hornblass viu o caso de Daniel com um prognóstico de cura que os outros tinham ignorado. Ele escreveu para o Centro de Controle de Doenças em Washington e obteve sua permissão para tratar Daniel com esteroides que ainda não tinham sido aprovados. Ele também demonstrou um interesse mais pessoal na cura de Daniel, sugerindo canais de cura mais espirituais e judaicos. Em particular, ele compartilhou com o casal como uma cura de D'us tinha ocorrido com ele, pessoalmente.
Seu próprio pai sofreu um ataque cardíaco, e o prognóstico era muito, muito ruim. Sendo um homem religioso, ele escreveu ao Lubavitcher Rebe pedindo uma bênção. Ele recebeu resposta, e após uma semana, seu pai estava curado. Os Landberg não poderiam fazer o mesmo?
Felizmente, os meios para implementar a sugestão do médico eram bastante paupáveis. George já tinha uma conexão com a sede do movimento Lubavitch, tendo trabalhado na ULY por dez anos, e seu chefe, o diretor Rabino Tenenbaum, tinha acesso pessoal ao Rebe. Landberg pediu a Tenenbaum que fizesse contato com o Rebe. Tenenbaum concordou e em pouco tempo já estava cara a cara com o Rebe numa audiência particular, suplicando em nome de Daniel.
O Rebe deu sua bênção
Uma semana depois, os Landberg receberam um telefonema do Dr. Hornblass no hospital: "Estou testemunhando um milagre", disse ele, "estou vendo toda a mancha sair dos olhos de Daniel. Estou confiante de que sua visão voltará! " De fato, em pouco tempo, Daniel não era mais cego. O Rebe não exigiu qualquer pagamento ou agradecimento, mas o Rabino Tenenbaum foi atás de Landberg. "Você nos deve", afirmou. "Agora você deve colocar Tefilin todos os dias!"
A princípio, Landberg ficou atordoado. A mitsvá de colocar Tefilin não se encontrava em lugar algum de seu radar espiritual; isso não lhe era familiar. No entanto, como bom pai e em gratidão ele resolveu aceitar a ideia, por mais cético que fosse, ele obedeceu. O caminho para garantir que a visão recém-descoberta de Daniel continuasse melhorando era longo e muitas vezes difícil, mas durante todo esse tempo, diariamente, George Landberg colocou Tefilin.
Daniel tinha apenas seis meses de idade quando desenvolveu cistos em sua córnea, uma condição que exigiria cirurgia. Mas o Dr. Hornblass tinha fortes sentimentos contra uma cirurgia nesse caso. A criança tinha tantos esteróides em seu corpo, que a anestesia seria arriscada. Ele atrasou a cirurgia. Então numa noite, o pequeno Daniel esfregou seus olhos em seu sono e arrebentou os cistos. Nenhuma cirurgia foi necessária.
Na escola, Daniel, como todas as crianças pequenas, tocava tudo em torno dele, incluindo o assoalho, e então seus olhos. Como resultado, os Landbergs estavam constantemente no oftalmologista para o tratamento de infecções oculares, algumas tão graves que soltavam pus. Quando Daniel tinha dez anos, um tipo diferente de cisto se desenvolveu em sua pálpebra que afetaria a forma de sua córnea. A cirurgia foi necessária. Quando os cirurgiões foram remover o cisto, eles também removeram uma grande quantidade de tecido cicatricial na parte inferior da pálpebra, aliviando ainda mais a pressão sobre a córnea e melhorando a sua visão.
Os anos passaram. Hoje Daniel tem quarenta e poucos anos. Sua visão não é perfeita, mas é incrivelmente boa e o único dano físico que resta é uma cicatriz na córnea de seu olho direito. Ele dirige carro, treina futebol americano e tem um filho. Além do mais, Daniel coloca Tefillin todos os dias e está passando sua conexão no cumprimento da mitsvá para o seu filho jovem. Ele sabe, com certeza, que a saúde e os Tefillin andam juntos.
"Achamos que foi tudo milagroso", conclui Rita Landberg, mãe de Daniel. “Foi uma berachá especial. Foi milagroso que encontrássemos o Dr. Hornblass e tivéssemos uma ligação com o Rabino Tenenbaum, e que ele, por sua vez, conseguisse uma audiência particular com o Rebe. Os Tefilin sempre estarão entrelaçados com o bem-estar de Daniel. Não há dúvida de que sua saúde está diretamente ligada à mitsvá ".
Certo dia ouvi que George Landberg tinha caído as escadas em casa e se machucado. Ele não havia colocado Tefilin naquele dia, tinha esquecido. Ele voltou a subir as escadas e os colocou. Nunca mais perdeu um dia.
Assim, era meu professor de inglês que me ensinou um fato da Torá. Quando observamos as mitsvot assiduamente, com cuidado e sem falhas, nós mesmos temos poder suficiente para transformar a escuridão, literalmente, em luz.
Nota:
Toda a história da incrível recuperação de Daniel foi documentada pelo Dr. Hornglass em 1976 no New York State Journal of Medicine; Ela está arquivada na NYU Health Sciences Library, referência citada como: New York State Journal of Medicine. Hornblass; outubro de 1976; Questão II: "Dano severo ocular por nitrato de prata em berçário recém-nascido"; Pp. I, 875-8. Muitos estatutos estaduais que exigem o tratamento de olhos de recém-nascidos com nitrato de prata a 1% foram alterados em favor de tratamentos menos cáusticos com menos chances de erro. O nitrato de prata como tratamento era uma lei em vigor por um século. Casos como o de Daniel ao longo de muitos anos influenciaram esta mudança na política médica.
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