A Porção desta semana da Torá, Yitrô, contém a narrativa do evento mais definitivo na história humana – a Outorga da Torá no Monte Sinai. Para entender o que ocorreu no Monte Sinai, precisamos examinar o conceito da Torá em si.

No que diz respeito à sabedoria, a Torá é Divina, e portanto mais elevada que qualquer outro corpo de conhecimento na terra. "Pois é Tua sabedoria e entendimento aos olhos das nações." Como guia moral, a Torá é o epítome de toda virtude, superior a qualquer código de ética que possa ser criado pelo homem. Todas as ideologias e escolas humanas de filosofia contêm uma mistura de bem e mal, verdade e falsidade; de fato, qualquer elemento de verdade encontrado numa ideologia específica é meramente um derivativo da eterna verdade da Torá.

Porém a grandeza da Torá supera em muito nossa percepção humana e, portanto, limitada. A Torá está intimamente conectada a toda a existência, pois D’us criou o mundo segundo os "projetos" contidos na Torá. Seus menores detalhes afetam toda a Criação, determinando a quantidade e espécie de influência Divina presente no mundo.

Observando este relacionamento fundamental entre a Torá e a realidade, o Rei David declarou em Tehilim: "Teus estatutos foram música para mim, em minha morada." E além disso, como está explicado no Talmud, D’us não foi agradado com estas palavras de louvor. O Rei David foi admoestado por comparar a Divina sabedoria da Torá a algo tão mundano quanto uma canção. A Torá é ainda mais importante que o simples fato de que a realidade física depende dela.

Qual, então, é a essência da Torá? Os ensinamentos chassídicos explicam que a Torá é simplesmente a sabedoria e vontade de D’us, unida a Ele em unidade absoluta. D’us e a Torá são uma só entidade. O Eterno, bendito seja, nos concedeu a oportunidade de apreender o Divino, permitindo-nos partilhar de Sua eterna sabedoria.

Todos os outros atributos e características da Torá – seu ilimitado esclarecimento, sua superioridade ética, sua influência direta sobre a existência – são apenas secundários a este fato, o desenvolvimento lógico de sua natureza essencial. Assim como a Torá é parte de um D’us infinito e onipotente, nada mais natural que sua perfeição se estenda também a todas essas outras áreas.Esta eterna qualidade demonstrada de maneira mais óbvia na parte interior, esotérica, da Torá, os ensinamentos do Chassidismo. A chassidut não está limitada a um reino específico, mas sim anima e ilumina a Torá por inteiro, que por isso é conhecido como "a luz da Torá". O estudo da Chassidut, portanto, serve para preparar o mundo para a revelação de Mashiach e a Era da Redenção, quando "o conhecimento de D’us cobrirá o mundo como as águas cobrem o leito do oceano."