É opinião do Rashi que o Mishcan foi erigido como expiação pelo grave pecado descrito na seção desta semana da Torá – o bezerro de ouro. Quem estudar o comentário de Rashi, tanto sobre o bezerro de ouro como sobre a seção da Torá que trata do Mishcan, percebe a seguinte semelhança peculiar: Enquanto Aharon relata a Moshê aquilo que ocorreu para precipitar o pecado do bezerro de ouro, ele declara: "Eu joguei (o ouro) no fogo e apareceu este bezerro" (Êxodus 32:24). Rashi enfatiza que o bezerro foi formado por si mesmo, sem o esforço de Aharon.

Um fenômeno similar ocorre a respeito da menorá no Mishcan, sobre a qual declara a Torá: "forjada [de um único bloco de ouro] será feita a menorá" (ibid. 25:31). Rashi explica que a frase passiva "será feita", em oposição à forma ativa mais comum, indica que a menorá foi também formada por si mesma. Ele continua a explicar que Moshê teve dificuldade com a construção da menorá devido a sua natureza complicada, portanto D’us disse-lhe para atirar um bloco de ouro ao fogo e a menorá emergeria por si mesma. Dessa maneira, tanto a menorá como o bezerro de ouro foram feitos atirando-se ouro ao fogo, formando-se por si mesmos. Qual o significado desta correlação?

Os comentaristas declaram que a raiz do pecado do bezerro de ouro não foi um desejo declarado de adorar ídolos. Na verdade, o povo judeu intencionava originalmente que o bezerro fosse apenas um substituto para Moshê (que eles acreditavam ter morrido no topo da montanha), um intermediário entre eles e D’us. Se fosse assim, o que causou sua grave transgressão? A raiz do pecado foi que os Filhos de Israel estavam preparados para criar uma nova forma de relacionar-se com D’us, sem que Aharon fosse adequadamente consultado.

Portanto, quando o Mishcan é realmente construído (na porção da próxima semana), a Torá continuamente enfatiza que tudo foi feito "como D’us ordenou a Moshê." Embora os construtores e artesãos certamente tivessem suas próprias idéias para a construção do Mishcan, eles simplesmente seguiram as ordens Divinas sem incorporar nenhuma de suas alterações. De modo geral, podemos ver como o Mishcan foi uma expiação para o pecado do bezerro de ouro.

Esta lição é demonstrada mais agudamente no exemplo específico da menorá. O Talmud (Tratado Baba Batra) nos informa que a menorá não poderia ter sido feita nem mesmo por Moshê, mas tinha de ser produzida através de um milagre de D’us. Isso simboliza a idéia que toda sabedoria, representada pela menorá, poderia ser conseguida somente através de D’us. Mesmo Moshê, o mais notável dos homens vivos, foi incapaz de compreender tudo, e precisou voltar-se para D’us, a fonte de toda sabedoria, para ajuda. Se isto for verdadeiro, então a tentativa de inovar mudanças em Seu serviço, contrárias à Sua sabedoria, é ilógico. Como podemos ser mais sábios que a fonte de toda sabedoria!

Portanto, a menorá foi feita do mesmo modo que o bezerro de ouro. Estamos sendo ensinados:
"Se você gostaria de fazer inovações no serviço de D’us atirando um bloco de ouro ao fogo para fazer um ídolo que você considera uma melhoria, então pense na menorá. Sua lição está no fato de que isso também não pôde ser feito sem ajuda Divina, e foi formada pelo próprio fogo."

Não vale a pena tentar ser mais inteligente que D’us É a Ele que devemos nos voltar em busca de sabedoria e entendimento. Devemos usar todos nossos dons em concordância com Sua Torá.