Muitas e Muitas Vezes - Por Yitschak Saltz
Agora que chegamos ao final do livro de Devarim, é hora de olharmos em retrospecto e refletir sobre o que estamos a ponto de completar. Os rabinos referem-se a este livro como Mishnê Torá, uma explicação e revisão da Torá, pois Devarim inclui muitas mitsvot que já foram ensinadas anteriormente em outros livros da Torá. Poderíamos pensar: por que foi necessário revisar tantas coisas muitas e muitas vezes?
Rabi Samson Raphael Hirsch explica que a narrativa em Devarim ocorreu ao final da permanência de quarenta anos do povo judeu no deserto. Eles haviam testemunhado muitos milagres às claras enquanto D'us lhes fornecia tudo que era necessário: jamais tiveram de trabalhar a terra para produzir alimentos; D'us fornecia o maná diariamente. O poço de Miriam jorrava água o tempo todo, e as Nuvens de Glória os protegiam dia e noite. Às margens do Rio Jordão, o povo judeu esperava para entrar na terra de Israel onde não receberiam mais milagres tão óbvios. Não haveria mais o maná – teriam de plantar. arar, colher e cultivar a terra para sustentar-se. O poço e as nuvens também se foram – a vida agora seria governada pela realidade.
Um estudante, que tem um exame sobre tudo aquilo que estudou no decorrer do ano, deve revisar aquilo que aprendeu. Da mesma forma, o povo judeu passou anos no deserto estudando a Torá e desenvolvendo um relacionamento próximo com D'us. Ao se prepararem para entrar na terra de Israel e quando os milagres do deserto tivessem cessado, era necessário revisar, para ficarem de prontidão e passar com sucesso pelos variados desafios desse novo estágio em sua vida.
Ao completar o Tratado do Talmud, muitas vezes o primeiro passo é desenvolver um sistema de revisão. Agora que embarcamos em um novo ano e começamos novamente nosso ciclo pela Torá, não podemos nos esquecer daquilo que aprendemos no passado.
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