25 de Elul, 5735 (1975)

Saudações e Bênçãos,

Recebi sua carta relacionada com a aproximação do novo ano, bem como uma cópia da carta anterior. Como foi solicitado, eu me lembrarei de você e sua família, bem como daqueles mencionados em sua carta, em prece, para a realização dos desejos de seus corações para o bem.

Com referência às suas dúvidas e a dificuldade de tomar decisões, e sobre um sentimento de insegurança para confiar nas pessoas em geral, não é preciso eu me alongar muito para dizer que este tipo de sentimentos surge quando alguém pensa que está sozinho, e pode apenas confiar em si mesmo e em seu próprio julgamento, e portanto sente-se incerta e insegura sobre cada passo que precisa dar. E embora ele também confie em D’us, esta confiança de certa forma é superficial e não está imbuída nele, em todos os detalhes de sua maneira de viver; e apenas em determinados dias, como as Grandes Festas, ele se sente mais próximo de D’us.

Porém quando a pessoa tem uma profunda fé em D’us, e quando reflete que a benevolente Providência Divina se estende a todas as pessoas, e a todo e cada detalhe, e a todo e cada minuto, certamente ele desenvolve um profundo senso de segurança e confiança.

O conceito de "Divina Providência" é melhor compreendido no termo original hebraico, Hashgachá Peratit [supervisão individual], pois Hashgachá significa cuidadosa vigilância, razão pela qual o termo Hashgachá também é usado em conexão com as leis de Cashrut [leis dietéticas judaicas], onde cada detalhe precisa ser cuidadosamente supervisionado. Uma outra tradução que às vezes é usada para Hashgachá Peratit, ou seja, "supervisão", não é inteiramente satisfatória neste caso, porque supervisão implica "visão de cima", ou seja, olhar do alto, ao passo que Hashgachá no sentido da vigilância de D’us significa conhecer todos os assuntos, por dentro e por fora, completamente.

A crença nesta Hashgachá Peratit é fundamental em nossa religião e modo de vida, a tal ponto que antes de cada novo ano, e durante o início do ano, recitamos duas vezes ao dia o Salmo 27: "D’us é minha luz e minha salvação, a quem temerei? D’us é a força da minha vida, de quem terei medo?" Por isso vemos que mesmo que as coisas não ocorram como desejadas, segundo os cálculos humanos, e mesmo que pareça que, segundo a Torá, deveria ser diferente, um judeu ainda coloca sua confiança em D’us, como conclui o Salmo: "Espera em D’us; sê forte e fortalece teu coração e esperança em D’us."

Em outras palavras, às vezes é necessário ser forte e fortalecer o próprio coração para atingir plena confiança em D’us, mas há também a promessa de ser capaz de consegui-la.

O que foi dito acima vem mais facilmente quando se fortalece a aderência à Torá e mitsvot [mandamentos] na vida diária. E não importa o quão satisfatório isso possa ser a qualquer tempo, sempre há espaço para aperfeiçoamento em todos os assuntos de bondade e santidade, Torá e mitsvot, que são infinitos, sendo derivados do Infinito. Na verdade, estou contente por notar que apesar das suas dúvidas, você dedica tempo e esforço para ser útil em seu campo, e que D’us conceda que seja com Hatzlocho (sucesso), especialmente por isso não interferir com períodos regulares de estudo diário de Torá. Nesta conexão, cabe lembrar as palavras do Alter Rebe, o fundador de Chabad, que verdadeiro Kviat Ittim (horários estabelecidos) para o estudo de Torá implicam não apenas no tempo, mas também na alma.

Possa D’us conceder que você tenha boas notícias para relatar sobre o que foi dito acima.

Desejando a você e todos os seus um Kesivo VeChasima Tovo [que você seja inscrito e selado para o bem], para um ano novo bom e doce,

Com bênção,