Erev Shabat-Codesh, Shabat Teshuvá
6 de Tishrei, 5739 (1978)

Aos filhos e filhas de Nosso Povo Israel, em toda parte

Saudações e bênção,

… Teshuvá (arrependimento) permite a uma pessoa retificar por completo tudo aquilo que deveria ter sido atingido no decorrer do passado, em assuntos de Torá e mitsvot – "de uma 'vez' e “em um momento".

Da mesma forma, não é preciso enfatizar que o acima não deve, D’us não o permita, servir como desculpa para agir erradamente, como advertiram Nossos Sábios: "Aquele que diz 'Pecarei e depois me arrependerei' – não recebe a oportunidade de fazer teshuvá."

Em reflexão, pode-se ver facilmente que, no conjunto, o mundo contém mais quantidade (materialidade) que qualidade (espiritualidade), e muito mais. De fato, quanto mais corpórea e rude é alguma coisa, maior a quantidade em que é encontrada. Assim, por exemplo, o mundo em matéria inanimada (inorgânica) é muito maior em volume que o reino vegetal, e este quantitativamente é maior que o reino animal, que por sua vez, supera muito em quantidade o mais elevado dos quatro reinos, a raça humana (a criatura “falante").

Similarmente no corpo humano: as extremidades inferiores, as pernas, são maiores em tamanho que o restante do corpo, e este é muito maior que a cabeça, onde estão localizados os órgãos da fala e os sentidos do olfato, audição e visão, bem como o intelecto, que animam todo o corpo e dirigem todas as suas atividades.

Refletindo-se melhor, uma pessoa poderia também ficar desencorajada, D’us não o permita, perguntando-se como poderia cumprir adequadamente seu verdadeiro propósito na terra, que é, para citar Nossos Sábios, "Eu fui criado para servir meu Criador" – vendo que a maior parte do tempo é necessariamente ocupada com coisas materiais, como beber e comer, dormir, ganhar o sustento, etc. E também com o fato de que os primeiros anos de vida de um ser humano, antes de atingir a maturidade e a sabedoria, são passados de maneira inteiramente materialista.

A resposta é, antes de mais nada, que mesmo a assim chamada preocupação com a vida diária não deve se tornar puramente materialista e semelhante a de um animal, pois temos de estar sempre conscientes do imperativo: "Deixe todos seus afazeres em mérito do Céu", e "Conheça-O em todos os seus caminhos."

Isso significa que também ao cumprir as atividades conectadas com os aspectos físicos e materiais da vida (os quais, como foi mencionado, ocupam a maior parte do tempo de uma pessoa) um ser humano deve saber que aqueles aspectos materiais não são um fim em si mesmos, mas são, e devem servir, como o meio para chegar ao reino mais elevado e espiritual da vida, ou seja, aspectos físicos com conteúdo espiritual, e utilizá-los para um propósito espiritual. Assim, todos estes assuntos mundanos e triviais são elevados a seu papel adequado: perfeição e espiritualidade.

Além do acima, há também a excepcional efetivação da teshuvá, que tem o poder de transformar "De uma 'vez' e em um momento" – todo o passado – sua própria materialidade em espiritualidade.

O tempo, evidentemente, não é medido simplesmente pela duração, mas por seu conteúdo em termos de realização. Assim, ao avaliar o tempo há grandes diferenças em termos de conteúdo, e a partir daí, em valor real, de um minuto, uma hora, etc.

Basta mencionar como exemplo que não se pode comparar uma hora de prece e expressão da alma perante D’us com uma hora de sono. E para usar a analogia das moedas, podem existir moedas de tamanho e formato idênticos, porém diferentes em valor intrínseco, dependendo do fato de serem feitas de cobre, prata ou ouro.

Com todas as maravilhosas oportunidades que D’us fornece a uma pessoa para preencher este tempo com o conteúdo mais elevado, há o presente mais maravilhoso do "D’us que opera maravilhas" da extraordinária qualidade da teshuvá, que transcende todas as limitações, incluindo as de tempo, para que "em um momento" ele transforme todo o passado, até o grau de absoluta perfeição em qualidade e espiritualidade.

O Todo Poderoso também ordenou ocasiões especialmente favoráveis para teshuvá, ao fim de cada ano e no início do ano novo, juntamente com a certeza de que todos que resolverem fazer teshuvá – possa fazê-lo "em um momento". Assim, a pessoa transforma a quantidade da materialidade do passado em qualidade meritória, espiritualidade e santidade. Ao mesmo tempo, prepara-se para o futuro, no ano vindouro e depois dele, de maneira adequada.

Isso é conseguido por meio de Torá e mitsvot na vida diária, elevando-se assim, e ao ambiente em geral, ao mais alto grau possível de espiritualidade e santidade, tornando este mundo material uma morada adequada para D’us, bendito seja. Possa D’us conceder que todos que se esforçarem ativamente pelo acima, de acordo com a prece da Profetisa Chana, que lemos no primeiro dia do Ano Novo: "Meu coração se rejubila em D’us, minha força é elevada por meio de D’us… Eu me rejubilo em Sua ajuda… e Ele exaltará o reino de Seu Mashiach."

Com bênção para o sucesso em tudo e para um Chasimoh uGmar Chasimoh Toivoh (selado e completamente selado para o bem), tanto material quanto espiritualmente.