O versículo "um cordão triplo não se quebra facilmente" é interpretado por nossos Sábios para referir-se aos três Patriarcas - Avraham, Yitschac e Yaacov - cujas vidas formam uma corrente inquebrável que continua a existir até os dias de hoje. Chassidut ensina que este vínculo triplo alude também ao vínculo de amor conectando almas juntas.
A origem deste cordão é o segredo do raio inicial da luz infinita de D'us preenchendo todos os mundos. Este raio de luz, que continua a brilhar e iluminar toda a existência, é o vínculo de amor entre o Criador e Sua Criação.
A raiz da palavra mitsvá (mandamento), conforme explicada no Talmud, é "conectar junto". O cumprimento das mitsvot é nossa tentativa de retornar o raio de luz a D'us, conectando-nos e ao mundo em que vivemos à sua Fonte, sempre aprofundando nossa conexão de amor de D'us, Torá e Israel.
O fenômeno da triplicidade do cordão revela múltiplas camadas de significado. A letra guimel, cujo valor numérico é três, tem a forma de um pé que caminha, representando, em níveis diferentes, a expressão do movimento dinâmico. Em relação a anjos, aos quais se refere como "aqueles que ficam em pé", refere-se aos homens como "aqueles que caminham": "E Eu o farei aquele que caminha dentre aqueles que ficam em pé" (Zecharyá 3:7).
Avraham, Yitschac e Yaacov representam a resposta dinâmica aos desafios e provações da vida, sempre avançando e ascendendo. As três linhas-eixo das sefirot, simbolizadas pelos três Patriarcas, representam os princípios de harmonia e equilíbrio em um mundo de óbvia dualidade. Aqui está contido o segredo do Maguen David, a Estrela de David, cujo formato de dois triângulos cruzados cria uma imagem de simetria e equilíbrio.
A vogal no idioma hebraico associada com a sefirá de chessed, bondade, é a segol, um arranjo triangular de três pontos. A palavra segol aparece em um dos versículos mais cruciais da Torá, no qual D'us designa Israel como Seu povo especial: "vocês serão para Mim os tesouros mais queridos [segulá] de todo povo, pois Meu é o mundo inteiro" (Shemot 19:5). A palavra "tesouros mais queridos" tem sido traduzida como "o povo escolhido", uma frase repleta de significado e talvez mal interpretada. Isto é uma alusão ao papel do povo judeu como uma energia de equilíbrio essencial entre o mundo físico e o espiritual, criando uma visão holística e integrada do mundo em meio à aparente dualidade da existência. É o Terceiro Templo Sagrado que será chamado "uma Casa de Prece para todo povo", conectando todos juntos, como rezamos fervorosamente em Rosh Hashaná e Yom Kipur: "Que a Humanidade se torne uma única sociedade".
Outra manifestação relacionada do cordão triplo é a declaração dos Sábios: "O mundo se apóia em três coisas: na Torá, no serviço, e em atos de bondade" (Ética dos Pais 1:2). Estes três pilares correspondem aos três Patriarcas (Torá a Yaacov, serviço a Yitschac e bondade a Avraham), cada qual um caminho resplandecente na fundação de retificar o mundo.
Visto que todo judeu tem dentro de si todas as três almas-raízes, pode relacionar-se em um nível muito profundo com cada judeu. "Todos de Israel são responsáveis uns pelos outros" (Talmud Shavuot 39a, Sotá 37a e Rosh Hashaná 29a). Este nível de responsabilidade somente é possível quando cumpre-se o mandamento "e amará seu próximo como a si mesmo".
ב"ה
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