Esta questão tem sido debatida por milhares de anos. A Torá estabelece que o embrião começa a tomar forma 40 dias após a concepção, mas há opiniões divergentes quando a alma entra no corpo.
Concepção
O Talmud registra um debate entre o imperador romano Antoninus e seu amigo Rabi Yehuda, o Príncipe, autor da Mishná:
Antoninus pergunta a Rabi Yehuda:
“Desde quando a alma é colocada em uma pessoa? É desde o momento da concepção ou desde o momento da formação [do embrião, que acontece 40 dias depois]?”Rabi Yehuda respondeu que isso acontece no momento da formação. Antoninus desafiou a afirmação:
“Um pedaço de carne sem sal pode durar até três dias sem apodrecer? [Certamente um embrião não poderia existir por 40 dias sem uma alma!] Pelo contrário, [a alma deve estar presente] desde o momento da concepção!Rabi Yehuda admitiu:
“Antoninus me ensinou esse assunto, e as escrituras1 até o apoiam . . .2
Tempo de Formação
Em outro lugar, o Talmud afirma sem qualquer debate que a alma entra no momento da formação:
Rabi Yochanan e Rabi Elazar dizem:
“A Torá foi dada em 40 dias [que Moshê passou no topo do Monte Sinai] e a alma é formada em 40 dias.3
Bem Depois do Nascimento
Os místicos dão um prazo muito mais tarde para a entrada da alma. Eles dizem que a alma começa uma fase inicial de entrada no momento do brit milá4 (ou para uma menina, no nascimento ou nomeação do bebê5 ) e mais ainda na idade de chinuch, quando a criança começa a se acostumar a seguir a Torá e as mitsvot.6
Além disso, o Zohar afirma que a entrada da alma no corpo de um homem é completada quando ele atinge a idade de 13 anos e um dia, e no corpo de uma mulher quando ela atinge a idade de 12 anos. 7
O Midrash Rabá propõe que existem diferentes fases para a entrada da alma, com base no versículo de Cohelet:
“Melhor uma criança pobre e sábia do que um rei velho e insensato…”8
Interpreta o “rei velho e tolo” como senso o yetzer hará, a inclinação ao mal ou “alma animalesca”, uma vez que está com a pessoa desde o nascimento, enquanto o yetzer tov, a inclinação Divina, é chamada de “filho sábio” que só entra no corpo (completamente) na idade de bar ou bat mitsvá.9
Duas Almas? Torá no Útero
Com base no Midrash, é tentador reconciliar as diferentes declarações explicando que existem várias coisas referidas como uma “alma”.
Existe a alma que simplesmente converte uma pessoa de um pedaço de carne morto em um organismo vivo, que respira e pensa, referido como nefesh hachiyunit (“alma viva”) ou nefesh habehamit (“alma animal”). Esta é a alma referida por Rabi Yehuda e Antoninus, que debateram se ela entra no momento da concepção ou quando o embrião começa a tomar forma.
E depois há a Nefesh Elokit (“alma Divina”), que nos é dito que entra no momento da circuncisão ou quando o bebê recebe seu nome hebraico. No entanto, parece que a alma Divina já está presente de alguma forma no útero, pois o Talmud afirma que a cada criança é ensinada toda a Torá enquanto ainda está no útero.10
Presumivelmente, essa atividade seria feita por uma alma Divina, deixando-nos conciliar as muitas declarações contraditórias sobre a entrada da alma.
Unidade do Corpo e Alma
Como você realmente define “a alma entrando no corpo”? O Rebe explica11 que a alma e o corpo se fundem ao ponto de se tornarem uma entidade, e a influência da alma é aparente no corpo.
Assim, embora o feto tenha uma alma Divina, a influência da alma é limitada, pois sua conexão com o corpo é fraca. De fato, mesmo a alma animal ainda não está exercendo sua plena influência vivificante, pois podemos ver claramente que o feto é nutrido pela mãe, não por sua própria respiração etc.
Ao nascer, o que é prontamente reconhecível é que a alma animal tornou-se plenamente manifesta, pois a criança é uma entidade independente. No entanto, a alma Divina, que está lá, mas de uma forma mais transcendente, ainda precisa expressar sua influência, e as ações da criança não refletem necessariamente sua presença.
No brit milá ou ao dar o nome a uma criança, a alma Divina começa a se interiorizar na consciência da pessoa. Este processo se torna completo e manifesto no bar ou bat mitsvá, quando ela torna-se capacitada (e, portanto, obrigada) a observar as mitsvot.
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