Pergunta:

Tenho um medo de morrer que se expressa de uma forma estranha. Eu li histórias de pessoas que cumprem uma mitsvá e depois morrem, porque aquela boa ação foi a missão de suas vidas. Então, agora, toda vez que faço algo bom, acho que talvez seja a última vez. Devo tentar não cumprir minha missão para poder viver, ou fazer boas ações e morrer?

Resposta:

Existem dois tipos de trabalhadores: empregados e contratados. Uma pessoa contratada está lá para fazer seu trabalho e é isso. Contanto que tenha concluído as tarefas que lhe foram atribuídas, e os itens da lista de tarefas fpram concluídos, ela fez a sua parte e pode ir para casa.

Mas um funcionário tem que trabalhar até o final do dia. Não basta que suas tarefas imediatas estejam completas, ele tem que buscar mais trabalho e garantir que cada momento do dia seja produtivo. Caso contrário, estará enganando o seu chefe.

Vivemos na fábrica gigante de D'us e somos todos trabalhadores, cada um com uma função específica a desempenhar. Cada um de nós contribui com sua parte para o grande esquema de criação de um mundo melhor. E nós temos uma escolha. Podemos nos contentar em cumprir nossa obrigação sozinhos, e nada mais, ou podemos ir além disso. Enquanto o trabalho ainda não estiver terminado, enquanto o mundo ainda não estiver cheio de bondade, ainda temos trabalho a fazer.

Se você optar por trabalhar como empreiteiro, buscando apenas cumprir sua missão, uma vez que seu trabalho esteja concluído você não tem mais nada a oferecer, é hora de você deixar este mundo. Mas se você escolher ser um empregado, servir a D'us não para sua própria autorrealização, mas por Sua causa, então não há fim para o bem que você pode realizar. E assim, mesmo depois de cumprir sua missão pessoal, você prossegue para outra tarefa, e depois outra, até acabar o dia.

Nunca diga que você fez o suficiente. E não tenha medo de ficar sem boas ações para fazer. Ainda há muito trabalho pela frente Vá e faça!

Existem casos raros em que almas são enviadas aqui com uma única missão a cumprir e, uma vez que isso é feito, elas estão livres para voltar para o céu. Triste para nós, essas almas especiais nos deixam cedo, e devemos agradecer por tê-las conhecido e terem feito parte de nossas vidas.

Fonte:

Carta do Rambam