Pergunta:

Caro Rabino,
Fui assistir meu primeiro funeral judaico, e foi de fato um serviço muito profundo e significativo. Embora haja muitas coisas sobre o serviço que eu poderia perguntar, estou curioso sobre algo em particular. Todos estavam dizendo uns aos outros: “Baruch Dayan1 ha’Emet,” “Bendito seja o verdadeiro Juiz.” Achei que era quase como uma saudação... Poderia explicar essa bênção?

Resposta:

Durante milhares de anos, os judeus têm evocado a bênção de “Bendito seja o verdadeiro Juiz” em reação à morte e tragédia. A bênção inteira, com o nome de D'us, é a seguinte: “Bendito sejas Tu, Eterno nosso D'us, Rei do Universo, o Verdadeiro Juiz.”

Em hebraico é dito: “Baruch Atá A-d’noi E-lo-heinu Melech Ha Olam Dayan Ha’Emet”

Embora apenas aquele que passou pessoalmente pela tragédia faça a bênção completa com o nome de D'us, ao ouvir sobre a morte de um outro, muitos respondem dizendo “Baruch Dayan ha’Emet.”2 Você pode também ter ouvido pessoas respondendo a notícias geralmente desagradáveis com a frase: “Isso também é para o bem.”

Bênçãos e o Oposto

Qual é a fonte para fazer essas declarações?

Vamos começar com uma história relatada no Talmud:

O notável sábio Rabi Akiva certa vez chegou a uma cidade. Ele procurou um local para se hospedar; porém, ninguém o proveu com um. Ele disse: “Tudo que D'us faz, Ele faz para o bem!: e foi dormir no campo.

No campo ele tinha com ele um galo, um burro e uma lamparina. Chegou um vento e apagou a vela. Um gato veio e comeu o galo. Um leão veio e comeu o burro.

Rabi Akiva disse: “Tudo que D'us faz, Ele faz para o bem!”

Então chegaram saqueadores e capturaram os moradores da cidade. Rabi Akiva foi salvo porque estava acampado fora da cidade e não tinha vela nem galo que teriam atraído a atenção sobre ele.3

Essa história ilustra como até ocorrências aparentemente negativas acontecem por uma razão, mesmo se essa razão não for aparente, conforme ocorreu para Rabi Akiva. Por causa dessa verdade, mencionada nessa história, nossos sábios disseram que deveríamos sempre agradecer a D'us pelos acontecimentos não tão bons em nossa vida, assim como agradecemos a D'us pelo bem em nossa vida.

Nas palavras dos sábios da Mishná:

A pessoa deveria agradecer a D'us pelo ruim, assim como abençoa a D'us pelo bom, conforme consta no versículo: “Amarás ao Eterno teu D'us com todo teu coração, com toda tua alma e com todos os teus meios.”4 (a palavra hebraica para “meios” (meodecha) também se traduz como “medida”.)

Por que o versículo diz “com todos os seus meios”? Qualquer medida que D'us calcula para você, se for boa ou má, você deveria agradecer a Ele.5

O Talmud explica essa passagem como dizendo que da mesma maneira que alguém abençoa a D'us pelo bem com alegria, também deveria, com um coração pleno,6 uma mente completa e positiva, abençoar a D'us pelo não-bom que recai sobre ele.7

Quando Ocorre a Morte

A morte é o conceito mais inexplicável que enfrentamos. Por que aquela pessoa morreu? Por que D'us escolheu uma pessoa para viver mais que outra? Por que a pessoa tem de passar por sofrimento antes de sua morte?

Porém, mesmo quando se trata de morte somos ensinados a abençoar a D'us; “Bendito seja o Verdadeiro Juiz,” reconhecendo que isso está além da nossa compreensão.

Há uma diferença infinita entre nós e D'us, e não há uma maneira para entendermos seus caminhos misteriosos. Não podemos compreender; porém, apesar da dor da perda, reconhecemos que, em última análise, o “Verdadeiro Juiz” sabe o que está fazendo.8

Membros mais próximos 9 daqueles que deixaram este mundo, pronunciam a bênção “Baruch Dayan ha’Emet”quando rasgam suas roupas durante o funeral.10