Certa vez, conheci um judeu de Montevidéu, Uruguai. Ele compartilhou comigo que não havia escola judaica religiosa em Montevidéu, e decidiu mandar seus filhos para a escola pública. Oferecia a eles educação judaica com reforço após a escola e, por fim, mandou seu primeiro filho para uma yeshivá em Israel, aos 13 anos de idade.

Um ano depois, enviou seu segundo filho à mesma yeshivá. Decidiu visitá-los e viajou para Israel. Lá o pai descobriu que havia rivalidade entre os dois. Cada um deles precisava ter seu próprio espaço. Então, ele decidiu enviá-los para diferentes yeshivot.

Anos mais tarde, os filhos agradeceram ao pai por permitir que crescessem de forma independente e não permanecessem na sombra um do outro.

A história me lembrou de minha própria experiência. Fui estudar em uma yeshivá em Pittsburgh, EUA, onde meu irmão mais velho havia estudado anteriormente. Ele já não estava mais lá, mas a equipe costumava me chamar pelo seu nome. Parecia que eles nunca me conheceram, pois sempre me comparavam ao meu irmão mais velho.

Isso lembra-me de Aharon HaCohen. Ele não era apenas o irmão mais velho de Moshe, mas também o líder de todos os Cohanim do mundo até nossos dias. Todos os Cohanim devem seguir seu caminho de amor e cuidado por cada judeu. Esses são sapatos difíceis de calçar, e os Cohanim são constantemente lembrados de que precisam imitar o Cohen original. Não há como fugir da Kehuna, o sacerdócio, já que ela é recebida desde seu nascimento por gerações.

O mesmo se aplica a ser judeu. As pessoas sempre irão compará-lo a outros judeus. Eles buscarão suas explicações sobre por que os judeus em tal país fizeram ou disseram tal coisa, e por que você age e pensa de maneira diferente. Não podemos fugir ou nos separar de nossos companheiros judeus. Nos exemplos acima das Yeshivot, a separação era uma opção, mas como nação não podemos nos distanciar uns dos outros.

Sempre que alguém me perguntava: "Quantos judeus cumprem o Shabat ou Cashrut em Manaus?" Eu costumava responder: “Posso contar com a minha mão”, mas hoje em dia digo algo diferente. “Todos, apenas à sua maneira.”

Em breve cumpriremos todos os mandamentos da mesma forma que nossos antepassados fizeram e ajudaremos uns aos outros, como os Cohanim fazem até hoje.

Distância e separação não serão necessárias para o crescimento, pois cresceremos juntos. A unidade familiar será sentida por todos os judeus em todos os lugares, porque afinal, Am Yisrael Chai Vekaim!