Querida Prece,
Devo uma desculpa a você. Queria apenas dizer que sinto muito. Durante tantos anos, pensei que você era uma obrigação. Pensava não ter tempo para você.
Era preciso muito esforço para me concentrar, e eu estava sempre saindo pela porta. Sempre correndo, correndo. Sem tempo para parar. Eu não pensava que precisava de você.
Mas eu estava errada, muito errada! Minha alma precisava muito de você. Eu ansiava por ter uma conexão com D'us, mas estava alimentando aquela sede com todos os tipos de balas – nunca lhe dando comida verdadeira.
Eu lutava com emoções negativas, com a falta de um foco, com tantos pensamentos prejudiciais. Precisava de você na minha vida. Precisava de você para me ajudar a curar. Para dar-me um senso de paz e conexão com meu Criador. Na verdade, a palavra em hebraico para prece, tefilá, está baseada na palavra conexão.1 Eu precisava reservar um tempo na minha vida, pausar por uns momentos toda manhã, pelo bem da minha alma., e até em prol do meu cérebro.
Tempo? Aprendi que se eu precisasse de diálise para salvar a vida, teria tempo para isso. E é assim que quero me relacionar com você. Não como uma obrigação. E não como uma luxuria. Mas como a vida – oxigênio que salva. Como uma experiência, não uma confusa mistura de palavras. Um tempo para meditar. Para diminuir a pressa dos meus pensamentos e ser grata pelas bênçãos em minha vida. Abençoar a D'us e me escutar agradecendo a Ele por tudo que eu tenho.
Fiquei abalada por essa carta impressionante escrita pelo Rebe sobre mulheres e prece:
“... Além disso, não há nada mais condutivo para conectar a mente e o coração rumo a consciência da Presença de D'us do que a prece regular, onde a primeira condição é ‘Saiba perante Quem você está.’ Fortalecer essa consciência é muito útil para atingir a paz de mente e contentamento em geral. Pois através da prece e contato pessoal direto com o Todo Poderoso, a pessoa é lembrada todo dia de que D'us não está distante, no Sétimo Céu, mas está presente aqui, e Sua Providência benevolente se estende a todo e cada um individualmente.
Esse detalhe também foi bastante enfatizado pelo Rebe Anterior em seu livro Tanya, onde ele diz a todos para lembrarem que ‘Veja, D'us está perto dele.’ Com isso em mente, não sobra espaço para qualquer ansiedade ou preocupação, como disse o Rei David, o Doce Cantor de Israel: ‘D'us é meu pastor, nada me faltará,’ ‘D'us está comigo, não temerei,’ etc. Assim, essa não é mais uma ideia teórica, mas se torna uma experiência pessoal na vida todos os dias.”
Quanto mais aprendo, mais rezo. E quanto mais rezo, mais aprendo.
Aprendo o profundo impacto que rezar tem sobre mim. Noto preces diferentes que considero significativas, e como sua poesia acende minha imaginação e me leva a sentir mais reverência a D'us.
E você, Tefilá sabe o quê? Farei mais do que apenas me desculpar. Convidarei outros ao longo da jornada comigo. Vou partilhar o que aprendi sobre prece – sua proeminência e seu lugar na vida judaica. Seu significado profundo e como nos dá as ferramentas para nos conectarmos com D'us, com nós mesmos e com os seres humanos. Isso traz à mente uma história que já ouvi muitas vezes. Quando Rabi Shneur Zalman de Liadi tinha 20 anos de idade, ele teve de tomar uma decisão crucial. Vilna e Mezeritch eram duas grandes capitais judaicas e centros na Europa Oriental. Para qual ele deveria viajar?
Ele escolheu Mezeritch, pois em Vilna, eles ensinavam como estudar Tora, e isso ele já sabia. Mas em Mezeritch, eles ensinavam como rezar. Sobre isso, ele sentia saber muito pouco. Em Mezeritch, ele iria aprender os ensinamentos da chassidut e como um judeu deve rezar. Portanto ele viajou para lá. E aprendeu. E ensinou o que aprendeu aos seus discípulos.
Podemos fazer essa escolha, também. Aprender pelos seus ensinamentos e com a riqueza do pensamento chassídico. Podemos ter aprendido as preces, mas aprendemos como rezar?
Espero que juntos, logo iremos olhar para a prece não como um item para percorrer na lista, mas como um ponto alto do dia. Um tempo para ligar a alma e deixar de lado as vozes do mundo. Pois o que é a prece? Um tempo para cantar.
E não apenas qualquer canção, mas a canção da alma.
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