Como ouviam a explicação de seu professor e revezavam a matéria, todos os alunos que estudavam com Rabi Freyda compreendiam o assunto e recordavam-se dele. Mas havia um aluno que não conseguia entender o que era ensinado e mesmo após escutar a mesma explicação centenas de vezes, ele ainda não a compreendia.
Rabi Freyda era paciente e não ficava aborrecido com este aluno. Repassava cada lição, repetindo e explicando, até que o seu aluno finalmente entendesse. Quantas vezes eram necessárias para ensiná-lo cada capítulo e cada Halachá? Quatrocentas vezes!
Rabi Freyda percebeu que este era o único meio para que seu aluno pudesse aprender e nunca se preocupou sobre o tempo e o trabalho investidos. Ele nem mesmo pensou num modo de empregar o tempo para si mesmo no estudo da Torá. Mesmo sabendo que seu aluno fazia progressos muito lentos até aprender.
Certa vez, enquanto Rabi Freyda ensinava este aluno, algumas pessoas entraram no Bet Midrash e convidaram-no para participar de uma mitsvá que tinham se proposto a cumprir. Mas, exatamente, qual era a mitsvá? Nossos sábios não relataram: talvez fosse para juntar dinheiro para tsedacá para noivos, ou quisessem visitar uma pessoa doente. Em todo o caso, Rabi Freyda prometeu reunir-se a eles mais tarde, pois naquele momento estava em meio ao estudo com seu discípulo. Ao se retirarem, Rabi Freyda continuou a dedicar-se ao seu aluno. Repassaram o capítulo quatrocentas vezes, como faziam habitualmente. Porém, quando Rabi Freyda testou seu aluno, ficou desapontado por constatar que ele não dominara o capítulo.
“O que aconteceu?”, perguntou-lhe Rabi Freyda. “Você sempre compreende a matéria depois de eu tê-la lhe ensinado quatrocentas vezes. Por que você não a sabe agora?”
“Desde que aqueles homens convidaram ao Rabi para participar da mitsvá, me distrai no meu estudo e não prestei a devida atenção. O tempo todo, fiquei pensando: ‘Agora Rabi Freyda vai sair?’, sem escutá-lo.”
Rabi Freyda ficou zangado com o seu disperso aluno? Repreendeu-o por desperdiçar o seu tempo? Certamente não! Pacientemente adiou sua partida do Bet Midrash, e calmamente disse a seu aluno: “Agora, preste atenção e concentre-se nos seus estudos; eu lhe ensinarei novamente”.
E, com infinita paciência, Rabi Freyda explicou-lhe o capítulo outras quatrocentas vezes mais, até ter absoluta certeza que o estudante havia entendido e dominado a matéria.
Neste exato momento, Rabi Freyda ouviu uma Voz Divina proclamar: “Em recompensa por este ato, você poderá escolher seu prêmio: quatrocentos anos serão acrescidos a sua vida, ou você, em sua conta, e toda a sua geração, merecerão a vida no mundo Vindouro.”
“Prefiro que eu e minha geração mereçamos o Mundo Vindouro!”, declarou Rabi Freyda.
“Pois Eu lhe concederei as duas recompensas,” respondeu Hashem.
E eis porque Rabi Freyda desfrutou uma vida muito longa, ele e sua inteira geração - mereceram a vida no Mundo Vindouro.
Clique aqui para comentar este artigo