Pergunta:

As pessoas têm o hábito de bater em madeira quando falam sobre algo na sua vida que está indo bem. “Toc, toc na madeira, meu negocio está crescendo” ou “toc, toc, na madeira, meu filho vai se formar em medicina no final do ano”. Qual é o ponto de vista judaico sobre o mau olhado em geral e sobre este costume em particular?

Resposta:

Pelo judaísmo evitamos a ostentação. Não queremos que a nossa boa fortuna acentue o que um outro não tem. Quando D’us nos concede alguma bênção e um outro carece desta mesma bênção, isto pode causar ciúmes e levantar o questionamento, por que ele merece e eu não? Este questionamento não se dissipa no ar, mas causa questionamento e avaliação lá Em Cima: “será que ele merece, mesmo, tudo isso?”

No judaísmo, quando falamos do nosso sucesso ou das alegrias dos nossos filhos ou netos costumamos acrescentar “kein ayin hara” ou bli ayin hara” (sem o mau olhado) expressando o nosso desejo que ninguém lance um mau olhado naquilo que tem ido bem. Alguns falam “kenainehora” ou “kenahora” que em verdade deriva das três palavras: kein (“sem” em yidish) ou bli (“sem” em hebraico), ayin (“olho” em hebraico), e hara (“o mau” em hebraico).

Temos, também, nas bênçãos matinais encontradas no Sidur (livro das orações) uma prece onde pedimos que D’us nos salve, a cada dia, da inveja. Certamente, uma ótima maneira de evitá-la é a de cultivar um bom olho em relação ao nosso próximo e se sentir feliz  com o sucesso e a felicidade do outro.  

Bater em madeira é insustentável como uma expressão judaica, pois a noção de tocar madeira é relacionada à cruz de madeira e a ideia que a cruz traz boa sorte. A origem é cristã, não é judaica e deve ser evitada.