As formigas são insetos bem conhecidos que se infiltram nos almoços de piqueniques e às vezes também nas cozinhas e banheiros das casas. Onde quer que apareçam, estão sempre atarefadas, correndo para encontrar algo que possam comer e carregar para casa e alimentar o resto do formigueiro. Estas são as operárias, existentes em várias espécies.

No formigueiro há formigas soldados que protegem a casa contra invasores. Estes geralmente têm cabeças maiores e mandíbulas formidáveis. O maior destaque no formigueiro é a rainha. Ela não dita as regras no sentido comum da palavra, mas é a mãe, e freqüentemente, a fundadora do formigueiro. Bota os ovos dos quais todas as formigas se desenvolvem. A maioria dos ovos produz operárias. Suas obrigações são muitas. Encontram e levam para casa os suprimentos para alimentar a rainha e o restante da família. Cuidam dos ovos e dos bebês. Ampliam o ninho, limpam-no e, numa emergência, também o defendem.

Em quase todos os formigueiros, em alguma época do ano, existem indivíduos alados. Geralmente são de dois tamanhos. Os menores são os machos, os maiores as fêmeas. Por algum motivo desconhecido, como se através de um sinal misterioso, num determinado dia, geralmente ao anoitecer, todos os formigueiros de uma determinada espécie numa área de quilômetros expulsam as formigas aladas. Essas então empreendem seu primeiro e último vôo, num enorme enxame, ou vôo de casamento.

Após acasalarem, todas caem ao chão. Os machos logo morrem ou são comidos pelos pássaros. As fêmeas descartam-se das asas e rastejam em busca de proteção. Encontrando ou construindo um pequeno ninho, uma fêmea botará alguns ovos, dos quais ela mesma cuida. Alimentará os pequeninos até que se desenvolvam como operárias. Elas então assumirão as atividades do formigueiro. A partir desse momento, a rainha é simplesmente uma máquina de botar ovos.

Muitos tipos de formigas recebem o nome pelo seu estranho modo de vida, levando alguns nomes “profissionais” como carpinteiro, alfaiate, colhedeiras, cortadoras de folhas – para mencionar apenas as mais conhecidas.

As carpinteiras fazem seus ninhos em troncos velhos. Primeiro, uma rainha encontra uma cavidade feita por um besouro ou algum outro inseto que viveu ali antes. Ela põe alguns ovos e inicia uma família. Quando a casa se torna muito pequena, as operárias a ampliam cavando túneis pela madeira. Mastigam a madeira apodrecida e mole, e como carpinteiros, fazem novos quartos e passagens.

Às vezes as formigas carpinteiras invadem as residências. São um aborrecimento, passando sobre a comida e vagando calmamente sobre o piso e rastejando nas pias das cozinhas. As carpinteiras são pretas. As operárias medem menos de um centímetro de comprimento, ao passo que as rainhas têm o dobro do tamanho. Se um grande formigueiro de carpinteiras se estabelecer em alguma parte de madeira numa casa, elas podem causar quase tantos danos quanto uma colônia de cupins. A única maneira de se ver livre delas é exterminando-as.

As formigas alfaiates costuram folhas juntas para construir ninhos grandes nas florestas. Como agulha e linha elas usam larvas da seda. As operárias agarram a ponta das folhas e as juntam, enquanto outras operárias, segurando a larva nas mandíbulas, passam as mesmas para a frente e para trás para prender os cantos com a seda que sai da boca das larvas. Se o espaço entre as folhas for grande, grupos de formigas cobrem o espaço aberto, enquanto outras fazem ziguezague com as larvas para fechar o vão com a seda.

As colhedeiras vivem em climas secos e quentes. Juntam sementes como alimento, carregando-as para câmaras subterrâneas. Ali, as sementes são armazenadas e comidas durante o inverno e primavera, quando não é possível encontrá-las. A área ao redor do ninho é estéril, pois não sobram sementes para germinar.

As cortadoras de folhas são interessantes formigas avermelhadas que vivem nas florestas tropicais. Constroem formigueiros subterrâneos de tamanho considerável. Um ninho desses foi encontrado na Amazônia, medindo 10 metros de diâmetro e dois de profundidade.

As operárias desse grupo saem do ninho, seguindo trilhas que podem ter cem metros de comprimento, até chegarem a árvores cuja espécie é apropriada para seu uso. Elas utilizam as mandíbulas para arrancar pedaços de folhas para carregarem até o formigueiro. Fazem isto segurando o pedaço da folha em suas mandíbulas, a ponta apoiada numa reentrância que têm sobre a cabeça. Enquanto seguem o caminho para casa, cada uma leva um pedaço de folha que parece um pequeno parassol, e por isso são chamadas de Formigas Parassóis. Para quem observa isto pela primeira vez, é uma visão fascinante.

As folhas são carregadas para casa para servirem de leitos em câmaras especiais, onde apodrecem. Um certo tipo de fungo será plantado e cultivado pelas formigas, e este fungo será comido por elas. É por isso que estas formigas também são chamadas de Cultivadoras de Fungos. Formigas que Ordenham: muitas espécies de formigas conseguem alimento do “gado”. Na verdade são áfides, também chamados piolho das plantas. Os áfides se alimentam dos sucos das plantas e produzem um líquido adocicado semelhante ao mel, do qual as formigas se alimentam. Quando batem no abdômen dos áfides com suas antenas, as formigas fazem com que eles produzam mais gotas de “mel” que normalmente produziriam. Isso é chamado de ordenhar os áfides.

Mencionamos apenas algumas características dessas surpreendentes criaturinhas, as formigas; não há espaço para mais aqui, pois devemos levar nossa conversa a uma conclusão, com algumas observações finais.

Em algumas maneiras as formigas são semelhantes aos seres humanos. São criaturas sociais; nenhuma formiga vive sozinha. Moram e trabalham juntas em grandes comunidades chamadas formigueiros. Os formigueiros são como nossas cidades em muitos aspectos. Alguns podem conter mais de um milhão de habitantes. Talvez o mais surpreendente sobre as formigas seja a maneira ordenada em que vivem. Toda e cada formiga sabe sua obrigação e a cumpre de maneira eficiente e interessada. As tarefas são inúmeras, como já vimos. Algumas são desempenhadas no berçário, ou cuidando da rainha, recolhendo comida ou mantendo o formigueiro limpo. As operárias da limpeza são especialmente importantes. Como as formigas vivem em locais fechados onde não entra ar nem a luz do sol, elas devem manter o local muito limpo.

Quanto maior o formigueiro, mais tempo demora a limpeza. É possível ver as operárias tirando o lixo de dentro do formigueiro. Se houver lixo ou dejetos demais para recolher no ninho, os parasitas podem destruir todo o formigueiro. É por isso também que as formigas limpam o próprio corpo. Elas têm pêlos nas pernas que usam como escovas para limpar suas antenas. Antenas limpas e sadias são importantes para as formigas. Elas as usam para se comunicar entre si e para encontrar alimento. Temos muito a aprender com estas surpreendentes criaturinhas, às quais o Criador concedeu tantas habilidades.

O indivíduo preguiçoso, relapso, faria bem em observar as atarefadas formigas: como fazem energicamente seu trabalho, não desperdiçando um só momento, e sem que ninguém precise comandá-las. O verão, tempo de colheita, é breve, e há um longo inverno pela frente. O tempo é precioso. E não somente o preguiçoso, mas todos, devem ter a sabedoria de observar as formigas. Um ser humano deveria fazer menos que uma formiga?

Quando se trata de levantamento de peso, nenhum homem pode competir com ela. Uma formiga pode levantar mais de 450 vezes o próprio peso. Poderia um homem (pesando 75 kg) levantar mais de 30 mil kg? Porém, é óbvio, o homem não foi feito para ser a criatura mais forte fisicamente. A verdadeira força do homem está nos aspectos espirituais, em conhecimento, por exemplo. Há um “tempo de colheita” para reunir conhecimento, durante o relativamente curto período da infância e juventude. É nisto que crianças podem competir com uma formiga, para ver quem desperdiça menos tempo.

Para nós, judeus, há um outro tipo de alimento – alimento para nossa alma, que é uma parte da Divindade, e exige um tipo Divino de alimento, ou seja a Torá e mistvot que D’us nos deu para aprender e cumprir diariamente. Para esta comida, também, há um “tempo de colheita”; é a duração relativamente breve da vida da alma nesta terra. Na vida eterna da alma, que começa muito antes de descer a este mundo, e continua para sempre após deixá-lo – sua estadia na terra nada mais é que um instante fugaz. Porém, em alguns aspectos é a parte mais importante da vida, pois é somente aqui que se pode cumprir mitsvot como, por exemplo, acender as velas (para uma menina) antes de Shabat e Yom Tov, e para um menino acima de bar mitsvá, colocar tefilin, além de cumprir muitas e muitas mitsvot adequadas tanto a meninos quanto a meninas.