Publicado em ruajudaica.com

Os documentos recentemente divulgados fornecidos pelas Nações Unidas revelaram que as Potências Aliadas estavam bem conscientes do Holocausto judaico nas mãos do regime nazista, pelo menos dois anos e meio antes do que se pensava, segundo o The Independent

Os documentos, ocultos há mais de 70 anos, mostraram ao mesmo tempo que os Aliados, formados pelos Estados Unidos, Rússia e Reino Unido, tinham preparado acusações de crimes de guerra contra o líder nazista Adolf Hitler e seus subordinados.

Um ano antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o Ocidente sabia que o Terceiro Reich já havia massacrado dois milhões de judeus europeus e planejava eliminar cinco milhões a mais em campos de concentração espalhados por todo o continente. Apesar disto, as Potências Aliadas fizeram pouco para parar o genocídio, com um ministro no departamento de guerra do Reino Unido, visconde Cranborne, comentando que os judeus não eram um caso especial e que a Grã-Bretanha estava sobrecarregada com muitos refugiados.

"Não se contentando em negar às pessoas de raça judaica em todos os territórios sobre os quais sua regra bárbara se estende, os mais elementares direitos humanos, estão agora levando a efeito a intenção frequentemente repetida de Hitler de exterminar o povo judeu", disse o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido.

O antissemitismo no Departamento de Estado dos EUA, no entanto, parou os esforços para ajudar as vítimas judaicas, pois estavam mais preocupadas em preservar os laços econômicos da América com a Alemanha após a guerra. O ex-presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, e o enviado à Comissão de Crimes de Guerra das Nações Unidas (UNWCC), Herbert Pell, publicariam mais tarde as informações "embaraçosas" para o Departamento de Estado para avançar contra os criminosos de guerra nazistas, culminando nos julgamentos de Nuremberg. "Entre as razões dadas pelos políticos norte-americanos e britânicos para reduzir os processos dos nazistas estava a compreensão de que pelo menos alguns deles seriam necessários para reconstruir a Alemanha e enfrentar o comunismo, que na época era visto como um perigo maior", disse Plesch. 

Os documentos foram finalmente liberados depois que a ex-enviada dos EUA à ONU, Samantha Power, pressionou para que o arquivo fosse divulgado, de acordo com The Independent. 

O Museu do Holocausto Yad Vashem de Israel afirmou em seu site que “informações sobre assassinatos em massa de judeus começaram a chegar ao mundo livre logo após essas ações aparecerem na União Soviética, no final de junho de 1941, e o volume de tais relatórios aumentou com o tempo.”