Pergunta:
Estou em Isrel e me deparei com uma situação em que não sei o que fazer e talvez você possa ajudar, pois é a única pessoa religiosa que conheço. Estes dias encontrei uma antiga colega que está estudando aqui em algum seminário judaico e tornou-se religiosa. Falei com ela por apenas alguns minutos e já deu para perceber que ela sofreu uma completa lavagem cerebral. O modo como falava parecia que estava pregando em um culto; foi assustador! Nada tenho contra religião, mas o judaísmo religioso é um culto?
Resposta:
Embora o judaísmo não seja uma seita, pode às vezes ser praticado de forma assustadoramente semelhante a como as pessoas se comportam em um culto.
Qual a diferença entre uma seita e uma religião?
A maioria das pessoas define o termo “seita de modo tão vago que qualquer um que tenha uma opinião forte poderia ser classificado como seguidor de algum culto.
A melhor definição que tenho escutado é essa: a religião é um movimento em que as pessoas se encontram, enquanto o culto é é um movimento no qual elas se perdem.
Um culto sequestra sua identidade e transforma-o em alguém que você não é. A verdadeira religião deve reforçar e aprofundar a sua identidade para torná-lo uma pessoa melhor.
Pessoas que encontram a religião passam por mudanças. Aprendem a explorar partes da personalidade que jamais souberam existir. Como resultado, frequentemente reavaliam a si mesmas e as suas vidas. Todo crescimento é acompanhado por alguma mudança e instabilidade, portanto podem passar por um curto período onde parecem um tanto estranhas para seus amigos e sua família. Podem até missionarizar um pouco, e tentar “converter” todos ao redor. Têm boa intenção – apenas querem partilhar sua nova inspiração com aqueles que amam. Isso é normal, e a família deveria tentar ser paciente. Porém, se começarem a se transformar numa pessoa totalmente diferente, se parecem irreconhecíveis, então pode haver motivo para preocupação.
Se elas perdem sua personalidade, seu senso de humor, seu interesse pelos outros, ou sua habilidade de pensar, então podem ter perdido a si mesmas. Se esses sintomas persistirem, procure conselho rabínico. Elas podem ter se tornado presas a um culto – ou estão usando a religião como uma seita. Os cultos exigem que você salte para dentro sem questionar. Mas quando você faz essas mudanças instantâneas, terá de deixar para trás o seu próprio ser. Essa não é a maneira judaica.
O Judaísmo encoraja o questionamento, até o cepticismo honesto. O desenvolvimento espiritual judaico é feito gradualmente e com pensamento. Assim as mudanças serão verdadeiras, pois se integram e se harmonizam com sua personalidade e não a dominam.
Dê algum tempo para a sua amiga. Se ela de fato sofreu lavagem cerebral, provavelmente isso não vai durar – ela vai saltar fora tão depressa como entrou. O Judaísmo não pode ser usado como um culto por muito tempo. Porém o mais provável é que ela vai se equilibrar, e seu antigo “eu” voltará novamente, mas com uma profundidade e direção que ela jamais teve antes. Às vezes você tem de perder a si mesmo um pouco para novamente se encontrar.
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