Esta é uma história fascinante mas pouco conhecida sobre um estranho capítulo na história do povo judeu, ocorrida há quase dois mil anos.
Não é sempre que uma rainha decide se tornar judia, mas este foi o caso da Rainha Helena de Adiabene, capital de um país rico que se estendia sobre uma parte do antigo império da Assíria.
Este notável evento ocorreu cerca de um século antes de o Bet Hamicdash ser destruído pelos Romanos.
A Rainha Helena vivia alegremente com seu marido Monibaz em Adiabene. Ocasionalmente, os mercadores judeus costumavam visitar Adiabene a negócios. Através deles Helena travou conhecimento e se interessou pela religião judaica. Com o passar do tempo, ela se tornou tão atraída pelo elevado padrão moral do Judaísmo, que contratou para si um professor, para aprender tudo que pudesse sobre o assunto.
Enquanto isso seu marido morreu e Izates, o filho mais novo, foi colocado no trono, conforme o desejo do rei moribundo. Izates estava tão ansioso quanto sua mãe para aprender tudo que pudesse sobre a religião judaica, e assim eles contrataram como professor um mercador judeu, chamado Ananias. Tanto a mãe quanto o filho ficaram tão impressionados com tudo que aprenderam sobre o Judaísmo que decidiram desistir da crença pagã de seu país e adotar o Judaísmo como religião.
Um erudito judeu, Rabi Eleazar da Galiléia, chegou à corte de Adiabene. Prontamente, o Rei Izates o convidou para ser seu professor, e o rabino concordou. Monibaz II, irmão mais velho do rei, também demonstrou interesse e quis tomar parte nas lições, e o rei concordou. (Obviamente não havia inveja por parte de Monibaz II por seu irmão mais novo ter sido nomeado rei com a morte do pai).
Um dia, quando Rabi Eleazar estava ensinando a eles a porção relativa à importância da circuncisão, o mandamento Divino que é o sinal do pacto de D'us com o povo judeu, os dois irmãos decidiram dar este passo para se tornarem verdadeiros judeus. Embora possa ter havido um grande risco que isso causasse uma rebelião do povo pagão contra a família real, os dois irmãos, encorajados pela mãe, a Rainha Helena, arranjaram para ser circuncidados, e o evento transcorreu pacificamente.
A Rainha Helena e o Rei Izates eram muito amados pelo povo, e o fato de a casa real ter abraçado a religião judaica não afetou a lealdade do povo para com o rei e a rainha.
Após um reinado pacífico de vinte e quatro anos, Izates morreu. Seu irmão mais velho, Monibaz, assumiu o trono de Adiabene.
Um relacionamento muito amigável se desenvolveu entre o povo judeu e o país governado por Helena e Monibaz. Não apenas eles eram piedosos e observantes seguidores da Torá e seus preceitos, como também influenciaram muitos dos súditos a seguirem seu exemplo e abraçarem o Judaísmo.
A casa real de Adiabene ajudou a nação judaica de muitas maneiras. Mais de uma vez eles enviaram grandes quantias de dinheiro a Jerusalém para prover as necessidades do Bet Hamicdash, ou para ajudar os pobres. Certa ocasião, uma grande escassez assolou o país dos judeus, e logo não havia dinheiro para comprar alimentos nos outros países. A Rainha Helena e seu filho usaram grande parte do tesouro de estado para comprar cereal em Alexandria e frutas secas em Chipre, e embarcar todo este carregamento de comida para Jerusalém.
Quando Monibaz foi criticado por alguns dos seus conselheiros por desperdiçar o dinheiro com os pobres, tanto no seu país como o país dos judeus, ele respondeu: "Meus ancestrais amealharam tesouros neste mundo, ao passo que eu junto tesouros para o Mundo Vindouro. Meus antepassados colocaram seus tesouros em câmaras, e tiveram de guardá-las contra os ladrões; meus tesouros estão fora do alcance de qualquer mão cobiçosa, e estará a salvo para sempre. A fortuna dos meus ancestrais não produziu quaisquer frutos, mas a minha continua a dar mais e mais frutos."
Assim era a devoção e a caridade da Rainha Helena e seus filhos.
Na Mishná, ouvimos sobre os muitos presentes que a Rainha Helena e seu filho deram ao Bet Hamicdash, pelos quais eles serão lembrados para sempre. Por exemplo, ela fez colocar um candelabro de ouro sobre a entrada do Bet Hamicdash que, não somente tinha sua própria luz, como pela manhã refletia os raios do sol. Assim, quando os sacerdotes queriam saber se já estava na hora de recitar o Shemá da manhã, eles tinham apenas que olhar para o candelabro da Rainha Helena.
Outro presente da Rainha Helena foi um tablete de ouro sobre o qual ela fez uma inscrição de uma determinada porção da Torá, de interesse especial para as mulheres. Além disso, o rei Monibaz e sua mãe doaram suportes de ouro a serem afixados em todos os utensílios usados no Bet Hamicdash em Yom Kipur.
Certa vez, numa visita a Jerusalém, a Rainha Helena comprou um lindo mausoléu onde ela e seus filhos deveriam ser enterrados após a morte. A porta tinha um mecanismo engenhoso, que a abria uma vez ao ano numa determinada hora e depois se fechava novamente, permanecendo fechada por mais doze meses. Até hoje, existe parte deste belo túmulo, chamado Túmulo dos Reis.
Antes de sua morte, a Rainha Helena viajou a Jerusalém para ali passar os últimos anos de sua vida, em prece e boas ações. Segundo a tradição, ela viveu como "Nazirá" durante 14 anos, para cumprir uma promessa que fizera ao seu filho e a si mesma.
Mesmo após a morte da Rainha Helena e do Rei Monibaz II, a casa real e o povo de Adiabene mantiveram sua amizade com o povo judeu durante muitos anos.
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