Aos 111 anos, Alexander Imich foi oficialmente considerado o homem mais velho da América e o segundo mais velho do mundo. Residente em Manhattan, no Upper West Side, ele teve a honra de ser congratulado pelo Senado do Estado de Nova York no ano passado, quando completou 110 anos.

Recentemente, ele recebeu mais atenção, bem como uma ajuda inesperada - colocando tefilin pela primeira vez em quase 100 anos, ganhando uma mezuzá para seu apartamento, recebendo um novo aparelho de audição porque tinha perdido o seu, e ter atendentes 24 horas por dia em casa para ajudá-lo, além de pessoas para fazer-lhe companhia.

Tudo isso foi resultado de uma recente visita feita por Rabino Pinny Marozov, co-diretor do Chabad de Coney Island no Brooklyn, NY, com sua esposa Chaya. O rabino de 30 anos soube a respeito de Imich quando estava em Seattle visitando a família. Um convidado do Shabat sugeriu que ele fizesse uma visita ao idoso, embora na ocasião nenhum deles soubesse sua verdadeira idade.

Quando voltou a Nova York, Marozov visitou Imich, que estava no Hospital Roosevelt sendo tratado por causa de uma queda em seu apartamento. Imich celebrou seu 111º aniversário ali, em 4 de fevereiro. Ele tinha perdido os aparelhos de audição no hospital, o que dificultava a comunicação; mesmo assim, os dois homens fizeram contato.

Ele também ajudou Imich a colocar tefilin. Marozov disse que Imich não tinha colocado tefilin desde seu Bar Mitsvá - quase 100 anos antes - em Czestochowa, na Polônia. O rabino fez outra visita assim que Imich voltou para casa. Ali, Marozov ajudou Imich a colocar tefilin mais uma vez e também afixou uma mezuzá na porta de entrada do apartamento de Imich, onde ele mora - atualmente, sozinho - desde 1965.

“Ele ficou contente ao ver-me,” disse Marozov, acrescentando que Imich estava alerta, e podia ver e andar por si mesmo. “Creio que um rabino jamais o tinha visitado em sua casa ou feito qualquer contato antes. Sei que isso era importante para ele,” disse o rabino. O rabino disse que o idoso simplesmente se iluminou quando o tefilin foi colocado e a mezuzá afixada.

“Foi lindo quando ele recitou a prece Shema, que ele sabia de cor,” disse Marozov. “Fez brotar uma centelha vinda de dentro dele.” Outras centelhas se acenderam ali. Naquela visita, Marozov convidou Beth Sarafraz - uma repórter do The Jewish Press, baseado no Brooklyn - a ir com ele, e a história completa de Imich foi publicada na edição de 28 de fevereiro. Houve uma enorme repercussão. Os leitores souberam da sua situação e se apressaram para ajudar: dois dias depois, Imich tinha novos aparelhos de audicão, atendentes em casa para ajudar na sua recuperação e muitos visitantes.

Novos Amigos, Mundos à Parte

Nascido na Polônia em 1903, Imich estudou lá, incluindo um PhD em 1927. Sobreviveu a duas guerras mundiais, ao Holocausto e dois anos num campo de trabalhos na Rússia perto do Mar Branco, antes de partir para os Estados Unidos e começar uma nova vida ali com sua esposa, Wela. Ela faleceu em 1986.

Imich desenvolveu sua carreira como químico, tentando provar a outros cientistas que a neshama (alma) sobrevive à morte física. Em 1995, com 92 anos, ele editou e publicou um livro chamado “Histórias Incríveis do Paranormal”.

À essa altura, disse ele, tinha sobrevivido a todos os seus amigos. Ele e a esposa não tiveram filhos, e a maior parte de sua família tinha perecido em campos de concentração nazistas. Imich e sua esposa sobreviveram porque foram deportados para um campo de trabalho russo em vez de Auschwitz.

Num discurso que fez aos 99 anos, Imich disse: “Na minha vida, testemunhei o desenvolvimento do voo, do automóvel, eletrificação de nações, o telefone, o rádio e televisão, energia atômica, as maravilhas da medicina científica, tecnologia dos computadores, grandes avanços em nosso conhecimento sobre o cosmos, o homem caminhando na luz - a lista poderia continuar durante muito tempo.”

Marozov e sua esposa são ambos de Montreal. Eles estiveram em shelichut em Coney Island durante cerca de um ano e meio, e acabam de ter seu primeiro filho, uma menina. A irmã dele e seu cunhado, Rivkah e Rabino Chaim Brikman, atuam como co-diretores do Chabad de Sea Gate - uma comunidade fechada na ponta oeste de Coney Island, a sudoeste do Brooklyn - e ajudaram a levar o casal para lá.

A respeito dos seus encontros com seu novo amigo e a chance de levar Judaísmo à vida de Imich, o rabino disse: “É muito especial para mim ter essa oportunidade.”