Pergunta:

Trata-se de transgressão fazer uso de microfone em Shabat, mesmo se um não-judeu o ligar? O benefício de seu uso não seria revertido em prol de toda comunidade?
T. A., Curitiba

Resposta:

O uso de microfone no Shabat eYom Tov não é permitido por ser ligado à eletricidade (mesmo quando programado e/ou ligado desde a véspera) transgredindo assim as seguintes proibições: a) mav’ir (criar e/ou acender fogo) caso se originem faíscas ao ser usado; b) bonê (criar algo) ao fecharmos o círculo no momento da fala; e, principalmente, c) hashmaat col (produzir som por meio de qualquer instrumento que crie ou amplifique a voz ou o som).

Mesmo se o microfone for utilizado para amplificar as orações, essa prática é proibida nos dias santificados. Na verdade, uma mitsvá realizada de forma proibida, além de não constituir-se em mitsvá, é considerada blasfêmia contra D’us. Em vez dessa oração proporcionar-Lhe satisfação, resulta em efeito contrário.

Se ocorrer em público, além da proibição em si, ainda há chilul Hashem (profanação do nome Divino). Isto constitui-se em uma das falhas mais graves do judaísmo e, certamente, não se trata de nenhum benefício para a comunidade; pelo contrário, impede que as orações atinjam seu objetivo.

Há um exemplo utilizado pela Chassidut que ilustra bem esse fato: um ladrão, antes de adentrar o local do roubo, ora a D’us para que logre êxito em seu assalto…

Os mestres chassídicos explicam esta contradição: por um lado, o ladrão tem fé em D’us, pois está pedindo Sua ajuda; por outro, sua fé está centrada somente no coração e não levada à prática, pois está prestes a desobedecer a ordem explícita da Torá de não roubar.
A comparação é óbvia!