Pergunta:
1. Vivemos hoje no exílio devido aos pecados de nossos antepassados?
2. A ação particular de cada um terá como conseqüência as mesmas penas e méritos que nossos antepassados tiveram?
3. De que forma o arrependimento nos beneficia?

Resposta:
1. O exílio ou diáspora não pode ser interpretado como apenas um castigo dos pecados do povo ou de seus antepassados. Se assim fosse, quanto mais tempo passasse, o exílio deveria ficar mais amena, pois parte do pecado já fora redimida. Porém, o que observamos é justo o contrário: quanto mais tempo permanecemos no exílio, mais difícil se torna espiritualmente, e até de certa forma, fisicamente.

O mesmo ocorreu nos casos de exílio do povo de Israel no Egito. Os primeiros anos foram agradáveis: Yossef (José) era vice-rei e a sua família era bem tratada; depois do falecimento de Yossef e seus irmãos, iniciou-se a época da escravidão, quando no início tratavam bem o povo de Israel e posteriormente, de tempos em tempos, surgiram novos decretos que agravavam sua permanência.

Na verdade a galut, exílio, é principalmente uma lapidação do povo e uma fase de ocultação que antecede grandes revelações. A escravidão do Egito foi necessária para preparar espiritualmente o povo para a outorga da Torá e nosso longo e demorado exílio atual é uma preparação para a Era Messiânica, quando haverá uma Revelação Divina no mundo, de forma muito elevada e que durará para a eternidade.

É como uma bomba de água que, antes de extrair uma grande quantidade de água, é necessário se fazer um vácuo; e quanto maior for este vácuo, maior será a quantidade de água por ele sugado. Da mesma forma, quanto maior e mais tempo durar o exílio, mais elevada e eterna será a redenção.

As pessoas que vivem na época do exílio, não a merecem por ter cometido um erro em especial; muito pelo contrário, são pessoas de alma forte suficiente para aguentar esta prova e cumprir a missão de passar por todas as provações proporcionadas pelo exílio. Principalmente na nossa época, que é a última geração antes da Era Messiânica, o exílio torna-se mais escuro, tal como antes do amanhecer, a madrugada chega ao máximo de sua escuridão. Devemos saber que tudo isto faz parte da maior Revelação que está muito iminente.

2. Maimônides diz em suas Leis de Teshuvá que não sabemos exatamente o valor de cada ato bom ou mau que cometemos, sendo que estas contas são feitas apenas pelo Criador. Às vezes, quando um homem justo, sem pecados, comete uma pequena falha, D’us a considera muito grave, pois para seu nível não poderia ser cometida.

Nossa missão não é tentar saber exatamente qual será a conseqüência de nossos atos, mas sim esforçar-se ao máximo para praticar boas ações, fazer a vontade Divina e afastar-se dos pecados. Tudo isto deve ser feito para fazer Sua vontade e não visando a recompensa. D’us de Seu lado, nunca fica devendo.

3. Nas mesmas leis, Maimônides conclui que sobre qualquer pecado, a teshuvá (o arrependimento do passado e a boa e sincera decisão de no futuro não voltar a cometer o mesmo erro) pode perdoar, e a pessoa se torna benquista perante D’us como antes do pecado.

Até mesmo quando um mau decreto recai sobre uma pessoa, a teshuvá tem o poder de anulá-lo, como disseram nossos sábios: "Teshuvá e bons atos são uma porta fechada perante os maus augúrios."