Pergunta:
As conversões ao judaísmo feitas por entidades liberais ou reformistas não são reconhecidas pelos ortodoxos. Sendo assim, um não-judeu que deseja de mente e coração viver dentro da Torá e seus preceitos pode se tornar judeu?

Resposta:
A concepção judaica diz que judeu é aquele que nasce de mãe judia ou quem se converte de acordo com a Halachá, a Lei Judaica. Da mesma forma que ao nascer uma criança de um ventre judaico, adentra nela, automaticamente, uma alma judia, o mesmo ocorre com uma pessoa que passa por uma conversão feita conforme os pormenores da Halachá.

O que significa "feito conforme a Halachá"? Antes de mais nada, a Lei Judaica descreve que uma pessoa só pode passar por uma conversão quando tem a única e exclusiva intenção de abraçar o judaísmo por ideologia, ou seja, por achar que esta é a religião correta a seguir conforme seu entender, sem segundas intenções. Na Halachá consta que, se uma pessoa deseja converter-se para enriquecer, para tornar-se eminente ou, até mesmo, com intenção de se casar, não se deve a princípio convertê-la. Portanto, conforme a Lei Judaica, antes de passar pelo processo de conversão, o Rabinato deve examinar cada caso para sentir se realmente é sincero.

Além disto, o candidato à conversão deve realmente tomar a firme decisão de manter as leis judaicas, não bastando apenas aceitar o judaísmo de coração, pois no judaísmo o que mais importa são as ações e não apenas as intenções. Antes de se converter, este já deve estar cumprindo as leis básicas do judaísmo para comprovar que as seguirá também posteriormente.

Com relação ao próprio processo de conversão, este deve ser feito por um Bet Din (Tribunal Rabínico) composto por três rabinos idôneos (que cumprem as leis judaicas à risca, logicamente), sendo estes conhecedores da Halachá a fundo.

Uma pessoa que passe por este tipo de conversão é considerada judia em todos os aspectos, igual a qualquer outro judeu de nascença e até mais; pois, conforme afirma Maimônides, um judeu de nascença é chamado de filho dos Patriarcas, Avraham, Yitschac e Yaacov; um verdadeiro convertido, porém, é considerado um filho de D'us. A Torá nos ordena tratá-lo com amor, sem reprimi-lo ou enganá-lo.

Uma pessoa, entretanto, que passa por uma conversão fictícia, por mais bem intencionada que seja, não pode ser considerada judia, não apenas conforme o chassidismo, mas conforme a Halachá; pois, no momento de uma conversão real, ocorre não somente uma mudança nos hábitos da pessoa, mas algo mais profundo: ela recebe uma alma judia. Isto só pode ocorrer quando a conversão é feita de acordo com a vontade do Criador das almas, a qual Ele expressou na Halachá por intermédio de Moshê.

Isto não quer dizer que uma pessoa que passou por outro tipo de conversão não seja benquista pela Halachá; muito pelo contrário, pode ser até que tenha as melhores intenções e seja uma ótima candidata, só que escolheu este caminho por falta de instrução.

Nossos sábios aprenderam a maioria das leis de conversão da história de Ruth, a moabita. Após sua sincera devoção e aceitação total do judaísmo, foi aceita pelo Bet Din, convertida e posteriormente desposou o então líder do povo judeu, Boaz. Entre seus descendentes, encontramos personalidades chaves de nossa história, como o rei David, o rei Shelomô (Salomão), e toda sua dinastia, até seu último herdeiro, Mashiach (Messias).