É muito comum a incerteza nos relacionamentos. No decorrer do tempo as pessoas se encontram e constroem relacionamentos com compatibilidade aparente, valores em comum e amor. Mas tomar a decisão final se torna muito difícil com a inquietante pergunta: Como posso saber sem dúvida que este relacionamento é para mim?

A resposta a essa complexa questão é entender que há um problema com a pergunta. Talvez o foco não devesse estar em “este relacionamento é para mim”, mas sim “eu sou para este relacionamento”.

Não é segredo que o término de relacionamento tem atingido proporções epidêmicas. Muitas estatísticas relatam que cerca de cinquenta por cento dos casamentos terminam em divórcio. A causa dessa triste realidade é intrigante. É difícil aceitar que metade da população é formada por maus juízes de caráter, que entendem erradamente e não podem dizer que a pessoa que estão encontrando é a errada.

Compatibilidade, química e valores compartilhados são importantes para um relacionamento duradouro. Mas mesmo quando esses ingredientes estão presentes, há questões muito mais profundas e mais fundamentais para explorar: “Estou realmente preparado para um relacionamento? Estou entrando nesse relacionamento com as ferramentas e um entendimento sobre o que é um verdadeiro relacionamento humano? Estou preparado para constantemente colocar esforço para alimentar este relacionamento e fazê-lo dar certo?”

Os Sábios nos dizem que antes da criação do mundo, a presença infinita de D'us preenchia toda a existência e que não havia espaço para um mundo físico finito. Portanto D'us escolheu ocultar Sua luz infinita para criar espaço para uma existência mais finita – o universo. Criar espaço para algo mais é portanto um poder Divino, um dom que Ele então investiu no ser humano. Animais não podem criar espaço para outros. Eles podem somente se proteger e se comportar de acordo com seus instintos naturais. Não podem colocar suas necessidades ou desejos de lado para acomodar outra perspectiva ou valorizar as necessidades de um animal diferente.

O notável Rabi Mendel de Kotzk observou um discípulo comendo peixe. “Por que você está comendo peixe?”, ele perguntou. “Gosto de peixe”, respondeu o estudante. “Se você realmente amasse peixe,” respondeu Reb Mendel, “não estaria comendo-o. É a si mesmo que você ama, não o peixe.”

Este é o âmago da questão. Muitos relacionamentos hoje são relacionamentos do tipo “Eu amo peixe”. As pessoas entram neles puramente para satisfazer as próprias necessidades e aumentar o próprio prazer e gratificação. Estão ali para servir sua própria existência e não para receber as do outro. Um relacionamento baseado no ego é muito fraco. Assim que surge qualquer questão que ameaça as metas autocentradas do relacionamento, este começa a quebrar e se desintegrar.

Um relacionamento baseado em puro amor é aquele onde ambos os parceiros têm a capacidade de dar, entender as necessidades do outro, comprometer-se e abrir espaço para cada um com mútuo respeito. Quando você estiver pronto para abrir espaço para o outro, então pode perguntar se aquele outro é para você.