Pergunta:
O que quer dizer chukim, qual sua importância e porque não conseguimos entendê-los?
Resposta:
Os mandamentos são divididos em duas categorias: decretos supra-racionais (chukim) e julgamentos lógicos (mishpatim).
Existem mandamentos, tais como doar para caridade ou as proibições contra o roubo e assassinato, cuja razão e utilidade nos são compreensíveis, e que poderíamos ter instituído por nós mesmos se D’us não os tivesse ordenado; e há mandamentos, tais como as leis dietéticas ou as leis da pureza familiar, que aceitamos como decretos Divinos, apesar de sua incompreensibilidade e no mais extremo dos chukim – sua irracionalidade.
Porém a Torá refere-se também a todos os mandamentos como "decretos" (como no versículo citado acima), e usa o termo "julgamentos" para referir-se também aos mandamentos supra-racionais.
Os ensinamentos chassídicos explicam que, em essência, cada mitsvá é tanto um "decreto" quanto um "julgamento".
D’us criou a mente humana e a lógica pela qual ela funciona; então, obviamente, seria ridículo presumir que D’us deseja alguma coisa porque é lógica. O contrário é verdadeiro: algo é lógico porque D’us assim o deseja. Em outras palavras, a razão pela qual o mandamento "Não matar" é lógico para nós é que D’us desejou um mundo no qual a vida é sagrada, e modelou nossa mente segundo Sua visão da realidade.
Na essência, entretanto "Não matar" não tem mais lógica que o mandamento de espergir as cinzas da Vaca Vermelha sobre alguém que foi ritualmente contaminado por ter tido contato com um cadáver. Portanto a racionalidade do mandamento "Não matar" é apenas uma "veste" externa atrás da qual se repousa a natureza essencial da mitsvá como a vontade supra-racional de D’us.
Por outro lado, mesmo o "decreto" mais irracional tem seus elementos racionais - elementos que podem ser analisados pela mente humana e por ela avaliadas como uma lição na vida. Como escreve Maimônides, "Embora todos os chukim da Torá sejam decretos supra-racionais… é correto contemplá-los, e seja o que for que possa ser explicado, deveria ser explicado."
Assim, cada mitsvá – seja classificada como "um decreto" ou "julgamento" – é basicamente um decreto supra-racional que assim mesmo deve ser vivenciado como uma orientação inspiradora para a vida. Toda mitsvá é um ato de submissão à vontade Divina, um ato que reconhece que nossas mentes limitadas não podem compreender os axiomas que são a base de nossa realidade e devem em última instância aceitá-los na fé de seu Divino formulador.
Por sua vez, cada mitsvá é um ato racional no sentido que se relaciona com nosso eu racional e nos ajuda a atingir um melhor entendimento de nossa natureza e nosso propósito na vida.
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