Pêssach e Shavuot são festas estreitamente interligadas. Podemos afirmar que Pêssach é o inicio de um processo e Shavuot seu término; uma festividade completa a outra. A liberdade do Egito se íntegra com o recebimento da Torá em Shavuot. Só a liberdade física não é suficiente; enquanto ainda existem ligações com o Egito, não somos homens livres. Pêssach enriquece o coração e fortalece a fé; Shavuot desenvolve a mente por intermédio da Torá e sua sabedoria.

Foi devido à fé pura e sincera na promessa Divina que o Povo judeu saiu para o deserto, sem levar comida e outras necessidades básicas, confiando que o Altissímo supriria todas as suas necessidades. A matsá que comemos demonstra esta fé, lembrando-nos dos antepassados que saíram apressados do Egito sem tempo para assá-la. Então o Todo-Poderoso Se revelou e os tirou da escravidão. Esta recordação fortalece a nossa fé.

Mas só a fé não é suficiente. Apesar de ser considerada algo muito elevado e básico na religião judaica, não basta. Na linguagem chassídica, a fé é denominada o "pontinho" da alma do judeu. É verdade que um pontinho é o início de qualquer letra ou assunto, mas ainda não constitui uma letra e muito menos um assunto. Só depois que o pontinho for desenvolvido é que será criado um tema completo.

O mesmo processo acontece com a fé, que é um pontinho no fundo do coração: precisa ser revelado e espalhado em todas as partes do corpo para que vitalize a pessoa e todas as suas atividades. Tendo somente fé no fundo de seu coração, é provável que a pessoa faça justamente o contrário daquilo que a sua fé manda fazer.

Por esse motivo ligamos as duas festas - Pêssach (da fé) e Shavuot (da Torá) por meio de uma contagem diária dos dias (Sefirat Haômer) mostrando assim a necessidade de unir os dois fatores na vida espiritual. Esta é uma das razões porque Shavuot é chamado Atseret, o término de um processo que começou em Pêssach.