Ele colocava alimento nas cidades, o alimento do campo ao redor da cidade ele colocava dentro dela. (Bereshit 41:48)

Nesse versículo, a Torá explica como Yossef conseguiu armazenar e preservar uma quantia enorme de grãos para os sete anos de fome.

No comentário de Rashi sobre este versículo, ele explica a técnica, que parte do solo local era misturado com o grão quando colocado em estoque, como um meio de preservar o grão e impedi-lo de estragar.

Num sentido espiritual, a Chassidut ensina uma ideia semelhante com respeito ao estudo de Torá (veja Shaarei Orah 91b). Em nossas preces prefaciamos nosso pedido que D'us abra nossos corações para serem receptivos à Torá com o desejo: “Que minha alma seja como o solo perante tudo.”

Esta frase nos diz que a humildade, ao nos vermos como “solo” e inferior perante os outros, é a chave para assegurar que nossos corações absorvam e mantenham a Torá que estudamos. Rashi enfatiza, porém, que é especificamente o solo local que protege o grão de estragar. Isso nos ensina que até a humildade tem seu lugar.

Quando a Torá exige que alguém dedique-se a si mesmo para depois ensinar Torá aos outros – esta não é a área onde alguém deveria exercer humildade e modéstia. Mas sim, a Torá é absorvida através de uma “humildade local”, humildade em nosso estudo da própria Torá. O estudo deve ser misturado com uma percepção da divindade da Torá, que está totalmente além da compreensão e lógica humana. Consequentemente, devemos abordar a Torá com a meta de nos infundir através de seu estudo com uma maior reverência a D'us do que antes, e não como um meio para satisfação pessoal e orgulho.

Likutei Sichot vol. 25, págs. 224-225