E (Yitschak) disse: “Estou velho e não sei o dia da minha morte.” (Bereshit 27:2)
E, portanto, ele instrui seu filho, Essav, a preparar uma refeição para ele, para que ele pudesse abençoá-lo antes de morrer. Qual foi a ocasião que inspirou as palavras de Yitschak? Rashi explica:
Se uma pessoa está se aproximando da idade na qual seus pais morreram, deveria se preocupar cinco anos antes e cinco anos depois. Yitschak tinha cento e vinte e três anos de idade. Ele pensava: “Talvez eu irei viver até a idade de minha mãe; ela morreu aos 127 anos. Estou então a cinco anos da idade dela”. Portanto ele disse: “Eu não sei o dia da minha morte”: posso chegar à idade da minha mãe ou talvez a do meu pai. (Rashi Bereshit 27:2).
Na idade de 123, Yitschak era cinco anos mais jovem do que a idade que sua mãe tinha quando faleceu, e ainda havia uma boa chance de que ele fosse viver cinquenta anos ou mais, como seu pai viveu. (Na prática, ele viveu até os 180, cinco anos mais que seu pai). E ainda, o falecimento de sua mãe Sara, aos 127, tinha sido por causas não naturais (uma consequência das notícias da Akedá, Oferenda de Yitschac), portanto, era seguro presumir que ela fosse viver mais. Apesar disso, Yitschac começou a se preocupar com as questões do fim de sua vida com a idade de 123 anos, a mais jovem idade provável para ele morrer, segundo seus cálculos.
Este grau de cuidado não estava fora do caráter de Yitschac, cujo traço dominante de personalidade, segundo os ensinamentos da Cabalá, era Guevurá, disciplina e abstenção. Yitschac, portanto, via e calculava tudo na vida, sob uma perspectiva muito cautelosa e moderada.
Mesmo assim, apesar da natureza moderada e disciplinada de Yitschak, vemos que as bênçãos que deu para Yaacov e Essav são as bênçãos mais extensas e ricas dadas na Torá, do “orvalho do céu” à “gordura da terra”. Isso é especialmente verdadeiro, considerando que o “orvalho do céu” é uma referência também à riqueza Celestial e espiritual.
O comportamento paradoxal de Yitschac serve como uma lição para todos nós, seus descendentes e herdeiros espirituais. Yitschac nos ensina que, mesmo que você seja extremamente disciplinado e rigoroso no seu comportamento pessoal, isso não deve ter impacto sobre como você se relaciona com os outros. Seu relacionamento com seus amigos deve ser sempre de afeição, benevolência, partilhando generosamente com eles “do orvalho do céu e da gordura da terra”.
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