Na Parshá desta semana, lemos sobre os descendentes que sobreviveram ao grande dilúvio que se uniram para construir uma cidade com uma grande torre. A Torá relata:
A terra inteira possuía um só idioma e mesmas palavras. E aconteceu que, quando viajaram do oriente, encontraram um vale na terra de Shinar e se estabeleceram ali. E eles disseram uns aos outros: "Venham, façamos tijolos e cozinhemos eles no fogo"; os tijolos lhes eram por pedras, e o barro lhes foi por argamassa. E eles disseram: "Venham edifiquemos para nós cidade e torre e que seu cume chegue aos céus, faremos para nós fama, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra". (Bereshit 11: 1-3)
D'us fica alarmado com suas ações e age para frustrar seus planos. Ele rompe a unidade deles e o projeto entra em colapso. Conforme D'us declara aos anjos:
“Venham, vamos descer e ali a sua língua, para que não entenda cada um a língua de seu companheiro.” E os espalhou o Eterno dali sobre a face de toda a terra, e cessaram de edificar a cidade. (Bereshit 11 : 7-8)
Por que construir uma cidade é um pecado terrível? O que há de errado em construir uma torre?
A história da torre é relevante hoje, talvez mais do que nunca, pois não é uma história sobre um canteiro de obras antigas, mas sobre o desenvolvimento de tecnologia de ponta.
A construção da Torre de Babel representa um salto dramático no desenvolvimento da indústria. Até aquele momento as pessoas haviam construído casas de pedra. Pedra é uma criação divina. Lugares como a Babilônia, onde não havia montanhas e, portanto, nenhuma pedra, eram considerados inóspitos para a construção de cidades. A engenhosidade humana, no entanto, criou uma nova tecnologia - o tijolo.
As pessoas disseram umas às outras:
"Venham, façamos tijolos e os cozinhemos no fogo; e foi para eles os tijolos por pedras, e o barro foi para eles por argamassa. (Bereshit 11: 3)
Fascinados por sua capacidade de criar uma pedra feita pelo homem, eles procuraram demonstrar que o tijolo era muito superior à pedra criada por D'us. Eles queriam mostrar que o tijolo, não a pedra, era o material de escolha na construção da torre mais alta do mundo, dentro da maior cidade do mundo. A Torá não afirma claramente que eles se rebelaram contra D'us, para que não pensemos erroneamente que o desenvolvimento da tecnologia é um pecado.
Qual era então o problema?
O Midrash relata que durante a construção da torre, quando uma pessoa caia da torre e morria, ninguém se importava. No entanto, se um tijolo caísse e se rachasse, todos paravam para lamentar o tijolo perdido.1 Esse é um poderoso Midrash. Ele nos ensina que um esforço obstinado para alcançar poder e independência, sem propósito maior, pode levar ao totalitarismo, onde a vida humana é desvalorizada.
A mensagem da história é relevante, agora mais do que nunca. O século passado testemunhou as “inundações” das guerras mais devastadoras da história da humanidade, bem como a explosão do conhecimento científico humano e os avanços tecnológicos.
A mensagem da torre de Babel é que as torres e cidades que criamos devem ter um propósito maior. Os avanços na tecnologia não significam necessariamente avanços nos direitos humanos e certamente não nos levam automaticamente a ser pessoas melhores com um relacionamento mais próximo com D'us.
Cada um de nós pode escolher como abordar as tecnologias cada vez maiores introduzidas em nossas vidas. Podemos nos tornar os construtores da torre de Babel, ou podemos imitar Avraham.
O Midrash nos diz que Avraham observou a construção da torre e viu a falta de um significado mais profundo. Ele entendeu que um prédio sem propósito maior é perigoso. Ele percebeu que o objetivo da humanidade não pode ser meramente fazer um nome para si mesmo, alcançar sucesso material.
Na parashá da próxima semana lemos como, em contraste com os construtores da torre, cujo único objetivo era dar um nome a si próprio, Avraham fez com que a missão de sua vida fosse a de proclamar o nome de D'us. Ele estabeleceu como objetivo e propósito ensinar a quem quisesse ouvir que toda conquista humana deveria ser apenas uma ferramenta para um propósito mais elevado e mais espiritual.2
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