Na porção desta semana da Torá, Mikêts, lemos como Yaacov aceitou relutantemente ceder ao pedido de seus filhos, para que eles tivessem permissão de voltar ao Egito com seu irmão mais novo, Binyamin. O vice-rei, que eles não reconheceram como seu irmão Yossef, tinha lhes ordenado que não voltassem ao Egito em busca de mais cereal, a menos que levassem Binyamin junto. A resposta de Yaacov a seus filhos foi: “Que D’us Todo Poderoso conceda que o homem tenha piedade de vocês e liberte seu outro irmão e Binyamin.”
O temor e incerteza de Yaacov era maior que o de seus filhos. Embora eles também soubessem que todo esse evento tinha tristes implicações, como eles mesmos disseram: “Nós merecemos ser punidos por causa daquilo que fizemos ao seu irmão… é por isso que este grande infortúnio se abateu sobre nós” – mesmo assim, eles o consideraram como uma infelicidade pessoal.
Yaacov, no entanto, viu esse evento como uma continuação de suas provações anteriores. Yaacov enxergava todos os acontecimentos que ocorreram, ou que estavam relacionados a ele, como um “sinal” e precursor de eventos que ocorreriam com as futuras gerações.
As tribos, no entanto, apenas conseguiam vê-los como um infortúnio pessoal. Como Yaacov estava num plano espiritual muito superior ao das tribos, ele pôde ver estes eventos à medida que eles transcendiam os limites da natureza.
Isso tem uma relação próxima com a Festa de Chanucá. Embora os eventos que cercaram Chanucá na verdade tenham ocorrido por meios milagrosos, alguém poderia pensar que esses milagres estavam limitados pela natureza. A pessoa poderia ser levada a pensar assim, porque a salvação do povo judeu e sua libertação das mãos dos greco-sírios envolveram uma guerra física real.
Na verdade, a vitória envolveu nada menos que milagres que foram totalmente além do âmbito da natureza. O motivo para isso é que os judeus vitoriosos superaram diversas dificuldades – “os poderosos nas mãos dos fracos, os muitos nas mãos dos poucos…” (da prece Chanucá Al HaNissim).
Sempre que um judeu se engaja em algo, mesmo que pareça estar completamente fora do âmbito da natureza, ele não deveria pensar que a única reação possível é a natural. Suas ações devem sempre ser precedidas pela prece a D’us para que tenha sucesso em suas ações.
Quando um judeu age assim, ele merece ver os milagres que estão envolvidos pelas vestes da natureza, os milagres que transcendem totalmente a natureza e, finalmente, os milagres que serão revelados com a vinda de nosso Justo Mashiach.
Adaptado das obras do Rebe
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