Em homenagem ao 101º anos da data do nascimento do Rebe (11 de Nissan)
"Você pergunta como pode se ligar a mim quando não há mais contato pessoal… o verdadeiro elo é criado pelo estudo da Torá. Ao estudar minhas obras, unir-se a meus alunos e adeptos em seus estudos e reuniões, ao recita Tehilim, etc. diariamente – isto faz o elo."
De uma carta do Rebe no início de Adar/fevereiro, 1950Fui abordado com a seguinte pergunta: "Acredita que podemos entender e prever todos os eventos da atualidade a partir da Torá? É verdade que o Lubavitcher Rebe lidava com isso?"
Filhos deste mundo pós-moderno, saturados de TV e devidamente vacinados contra arautos de tragédias, nós crescemos com saudáveis bandeiras vermelhas que tremulam à menção da palavra "profecia". Já estamos por aqui com Nostradamus, códigos bíblicos até os olhos, e tudo aquilo que o National Enquirer considera digno de ser impresso, Os fornecedores são dúbios, o conteúdo é fraco, ambíguo, vago e inútil, também – quem precisa de um profeta se ele só pode ser entendido em retrospecto?
Por outro lado, não duvido que haja fenômenos como a Suprema Consciência Cósmica expressando-se dentro da mente de seres mortais. Quem não sente um lampejo de inspiração uma vez ou outra, sem a mínima idéia sobre sua origem? E se não veio de lugar nenhum, de onde veio? E se um pouquinho de inspiração pode vir de algum outro lugar que não a terra, por que não as próprias palavras, juntamente com toda a visão em alta definição, technicolor?
Na verdade, a verdadeira profecia, nevu'a, em hebraico, é o que torna a Torá e o Judaísmo possíveis. Rabi Judah Halevi (cerca de 1105), em sua clássica apresentação, o Kuzari, coloca a nevu'a como o marco distintivo entre a Torá e a filosofia. Maimônides relata a crença "que D’us faz os seres humanos profetizarem" como um dos Treze Princípios da Fé. E numa carta ao judeus do Iêmen, ele escreveu que pouco antes da era messiânica, o espírito da profecia retornará ao povo judeu.
O Talmud relata que a Era dos Profetas chegou ao fim na primeira geração da Era do Segundo Templo. Porém sempre existiram homens e mulheres iluminados – os tsadikim – que alcançavam a Divina inspiração e levavam orientação ao povo. Isso faz sentido: Uma pessoa que está 100% impregnada com nada além da Divina vontade e conectada com a Luz Infinita, saberá intuitivamente e entenderá as profundas obras do plano Divino para a criação. E se você conhece os riscos da História Judaica, entenderá que o povo judeu muitas vezes precisou desesperadamente de alguma orientação sobrenatural.
Ocorre que, como tudo o mais, eu preciso de provas concretas. Antes de ser convencido que tal e tal pessoa sabe de coisas que o restante de nós não sabe, e arriscar minha vida baseado nestas previsões, você terá de me fornecer alguns bons motivos para acreditar que é assim.
Você não consultaria um médico que não tivesse passado por alguns critérios, portanto por que seria diferente com um oráculo? E se o diagnóstico de seu médico fosse algo parecido com isso: "A fonte da vida incha para irromper com um esplendor ainda mais abundante?" Você não saberia se ele está se referindo a gravidez ou acne. (Você provavelmente já ouviu falar de médicos que dizem à futura mamãe que ela terá um menino – e depois escreve no fichário que será uma menina, para cobrir todas as possibilidades.)
Então, o que separa os profetas dos caçadores de lucros – e do maluco?
As exigências da Torá para um verdadeiro profeta são bastante rigorosas: Os Profetas devem fornecer informação importante, útil. Não merecem crédito até que tenham demonstrado sua precisão, ou tenham sido aprovados por outro profeta que passou por este teste. Suas previsões não podem entrar em conflito com profecias passadas, e certamente não com a profecia de Moshê. Se eles cruzarem uma dessas linhas – e alegarem ser Divinamente informados – são culpados. E se este pretenso vidente faz milagres e maravilhas? Desculpe, ele terá de achar outra nação para aceitá-lo. Não nos impressionamos com milagres e maravilhas – poderia ser uma mão ligeira, magia negra, poderia ser multimídia hightech. E o que isso tem a ver com profecia? Precisamos de prova real. Se você ainda estiver interessado, veja Maimônides, Mishná Torá, Leis da Profecia, para ter o melhor.
E se alguém disser: "Não sou um profeta, simplesmente tive um lampejo de claridade no qual as coisas ocultas do universo se tornaram claras como o dia?" Se ele ou ela leva uma vida humilde e virtuosa, um pouco além do restante de nós, sem pretensões de fama ou glória, então dê uma chance a essa pessoa. Caso contrário, apenas ignore. Agora vamos à sua pergunta sobre o envolvimento do Lubavitcher Rebe com estes assuntos:
Não sou um chassid do Lubavitcher Rebe por causa de suas previsões. Há muito mais fatores, tais como sua preocupação com cada ser humano, a insondável profundidade de seu discernimento, e sua atitude enérgica para com o mundo inteiro. Os milagres podem ser cintilantes, e a previsão da sorte pode ser de bom gosto, mas nenhuma delas faz um rebe.
Apesar disso, uma pessoa que leva uma vida elevada também vive um pouco acima do tempo. Ele ou ela vê mais profundamente e com uma clareza que vai além da intuição comum. Chame-a de inspiração Divina, se quiser, chame-a de um tipo de profecia – isso na verdade não importa. O que importa é a preocupação e a liderança demonstradas por uma pessoa que vive num mundo além do nosso. Se isso convida a partilhar uma visão mais elevada, ele ou ela também o faz. Com os riscos a que o povo judeu teve de sobreviver, qualquer coisa desse tipo poderia dar grandes dividendos. E há certas coisas que todos ouvimos do Rebe, que simplesmente torna um pouco mais fácil continuar se movendo para a frente (e dormir à noite). Olhe, eu darei a você os fatos e pode julgar por si mesmo. Vou apenas contar uma história de muitas que existem, uma que é muito relevante para nós exatamente agora.
Cena a Cena
Dia 22 de setembro de 1980: o Iraque atacou o Irã. A maior parte das pessoas não viu isso como a terra tremendo – mas uma pessoa viu. O Lubavitcher Rebe começou a falar repetidamente sobre como a terra está tremendo… países estão se provocando, ameaçando a própria estabilidade do mundo…" Finalmente, ele nos pediu para acrescentar preces pela estabilidade do mundo e aceitarmos sobre nós, todas as manhãs, a mitsvá de amar um ao outro. Lembro-me de ter ficado confuso: A terra sob os meus pés parecia bem firme. Há mais instabilidade agora que durante, digamos, a crise dos mísseis cubanos?
Com o desenrolar do conflito Irã-Iraque, o Rebe enviou uma mensagem a Benjamim Netanyahu, na época embaixador israelense nas Nações Unidas. Advertiu-o a não considerar aquele como um conflito regional – o fato de que o Iraque não tem medo de atacar um país muito maior e mais poderoso que si mesmo é um sinal de que logo estará pronto para fazer guerra com o resto do mundo.
Tudo bem, então o Rebe estava mais bem informado que eu, e afiado em análise da política internacional. Continue lendo:
Dez anos depois, junho de 1990. O Rebe declara o ano seguinte como o ano no qual veremos assombrosos milagres. Ele pede que isso seja impresso nos calendários para o próximo ano. A cada oportunidade, o Rebe repete sua promessa.
Dois de agosto de 1990. O Iraque invade o Kuwait. Os Estados Unidos e seus aliados da OTAN enviam tropas à Arábia Saudita para deter um possível ataque. O Egito e diversos outros países árabes juntam-se à "Operação Escudo do Deserto". Enquanto isso, Hussein eleva seu exército de ocupação no Kuwait para cerca de 300.000 soldados – e anuncia que, se for atacado, voltará imediatamente sua força aérea e armas contra Israel. As coisas ainda não parecem muito milagrosas.
O Rebe passa horas intermináveis rezando e meditando ao pé do túmulo de seu sogro. A 18 de agosto, o Rebe faz um discurso. Citou um antigo Midrash, o Yalkut Shimoni:
"O rei da Pérsia atacará uma nação árabe. O rei árabe irá até Aram em busca de conselho. O rei da Pérsia levará destruição ao mundo inteiro, e todas as nações serão atacadas pelo pânico e pelo medo… Israel também será dominada pelo pânico e pavor, e eles chorarão. 'Para onde iremos? Para onde devemos ir?' Mashiach então dirá a eles: 'Meus filhos, não temam. Tudo que fiz, fiz por vocês. Por que estão assustados? Não temam! Chegou a hora de sua redenção.'"
Quem é o rei da Pérsia? Quem é Aram? Logo depois, o Rebe explicou:
Nos tempos do Midrash, o Império Persa estava concentrado na Mesopotâmia – o Iraque de hoje. A nação árabe pode então ser entendida como Kuwait – estando na península arábica. Quanto a Aram, isso significa uma superpotência (ram significa "exaltado"), ou seja, os Estados Unidos, a quem o Kuwait se voltou em busca de ajuda.
Resumindo, a mensagem do Rebe foi: Nada há a temer. Tudo que está acontecendo é para preparar o mundo para a Era Messiânica.
Naquele domingo, um membro do Parlamento Israelense, Eli Kulas, pediu ao Rebe uma mensagem ao povo de Israel. O Rebe respondeu:
"Não há motivos para preocupações. Eles precisam apenas aumentar sua confiança em D’us e então Ele aumentará ainda mais Suas bênçãos – com serenidade para a alma e o corpo."
Sejam quais forem as razões, as pessoas levam especialistas militares mais a sério que um rabino chassídico no Brooklyn. Israel estava assustado. Eles sabiam o tipo de armas bioquímicas que o Iraque tinha desenvolvido justamente para eles. Armas que poderiam tornar o país inabitável por séculos. A frágil solução: distribuir máscaras contra gás ao povo.
A rádio israelense entrevistou Rabi L. Groner, um dos secretários do Rebe, e pediu a opinião do Rebe quanto às máscaras. A resposta: O Rebe sente que não há necessidade de assustar as pessoas.
Rabi Yosef Ralbag perguntou em nome dos habitantes de Jerusalém: "Devemos aceitar a solução da máscara de gás? E devemos estocar comida, como as autoridades e a mídia nos encorajam a fazer?" (Os jornais chegaram a sugerir que a água não deveria ser estocada em recipientes plásticos, pois estes são permeáveis ao gás). A resposta do Rebe:
A respeito das máscaras: "Toda criança judia que tenha estudado a Torá conhece o versículo: ‘Os olhos do Eterno estão sobre a terra do início do ano até o final’ (Devarim). Pergunte a qualquer criança o que isso significa. Não há necessidade de assustar as pessoas.
Quando a estocar comida: "Isso é proibido pela halachá (Lei Judaica), pois eleva o preço dos gêneros de primeira necessidade."
Veja bem: o Rebe está lidando com vidas humanas – muitas vidas. Esta não é uma conversa em confiança à mesa do jantar. Ele está assumindo uma enorme responsabilidade sobre seus ombros.
19 de agosto de 1990. O Rebe falou com MK Ronny Milo. Este relata:
"Quando viajei para Nova York, o pânico estava no auge. Todo mundo estava ansioso, preocupado e tremendo. Disse isso ao Rebe e ele respondeu confiantemente: 'Não há necessidade de preocupações. Não haverá qualquer ataque contra o povo israelense.' Ouvi em assombro. Como isso podia ser? É impossível! Estamos distribuindo máscaras de gás ao povo inteiro… segundo fontes confiáveis."
No decorrer dos meses seguintes, o Rebe não desistiu. Repetia as palavras do Midrash em todas as ocasiões. "Meus filhos, não tenham medo! Tudo que fiz foi em benefício de vocês. A hora de sua redenção chegou."
De volta a Israel, as filas no aeroporto estavam aumentando. Os aviões saíam lotados e voltavam vazios. Universidades e yeshivot estavam perdendo seus estudantes estrangeiros. Mas o Rebe não somente desencorajou deixar o país, como encorajou as pessoas a viajarem para lá, dizendo que era a melhor hora para visitar Israel, para dar força aos israelenses. Mesmo as pessoas que tinham planos de deixar Israel para comparecer a um casamento eram desencorajadas.
Estava se aproximando o dia 15 de janeiro – a data estabelecida pelo ultimato da ONU para Saddam retirar-se do Kuwait ou confrontar a força militar. O Diretor Geral do Ministério de Turismo de Israel, Rafi Farber, falou com o Rebe. As palavras do Rebe (traduzidas): "Tornei público em toda oportunidade que é necessário viajar para lá. Pelo contrário, este é o lugar mais seguro, pois é o local do Monte do Templo e local do Templo. O fator principal é que há milhões de judeus ali, que seu número aumente."
A um rabino cuja filha estava estudando em Israel e desejava saber se ela deveria voltar imediatamente aos Estados Unidos: "D’us não o permita! Que tipo de raciocínio é esse? Isso não deveria nem ser mencionado – muito menos a idéia de deixar Jerusalém!"
Em 6 de janeiro de 1991, representantes da Federação Judaica de Nova Jersey foram pedir ao Rebe que lhes desse uma bênção antes de viajarem a Israel: "Vocês devem tornar público o fato de que estão viajando para Israel, porque há judeus que têm medo e estão assustando os outros que viajam para lá. Deve ser publicado que vocês estão viajando e que não há nada para se preocupar. É o local mais seguro, porque é onde está o Templo Sagrado."
Cada general e especialista militar israelense apresentou este cenário à mídia. Todos tinham em comum uma idéia fixa: Israel seria arrastado para a guerra e severamente atingido por ela. A única dúvida era quando e com que gravidade. Muitos soldados da reserva israelenses no exterior entenderam que era tempo de voltar a Israel para tomar parte numa operação defensiva. O Rebe respondia claramente, sempre que lhe perguntavam, que não havia necessidade de fazê-lo.
Os jornais exibiam fotos de figuras religiosas públicas que tinham removido as barbas para poderem ajustar suas máscaras de gás. O Rebe disse aos civis e militares que não havia necessidade de retirar a barba.
A imprensa israelense citou um reitor de uma certa universidade rabínica descrevendo o "holocausto" que estava para ocorrer. Jamais ouvimos o Rebe ser tão veemente quanto em sua reação a esta declaração. Por um lado, o horror e sofrimento insuportáveis do Rebe ao ouvir tal declaração. Por outro lado, a confiança e certeza de que "D’us ama seu povo, vê apenas o bem neles, e tem apenas o bem guardado para eles – milagres e maravilhas."
Obviamente, estamos lidando com um homem que está intensamente preocupado pelas vidas de seu povo, e extremamente cauteloso quanto a dizer qualquer coisa que possa colocá-los em perigo. Portanto, restam-me apenas três teorias:
O Rebe tinha acesso a informações secretas, indisponíveis à CIA ou ao Mossad; o Rebe estava colaborando com alienígenas que trabalhavam para manter a estabilidade do planeta, e tinha feito um acordo pelo qual eles usariam sua tecnologia invisível para interceptar mísseis e aeronaves viajando rumo à Terra Santa. Há um fenômeno, cuja mecânica ainda precisa ser descrita por qualquer ciência, pelo qual determinados indivíduos podem estar agudamente conscientes do progresso do cosmos, também conhecido como "Profecia" ou simplesmente "Inspiração Divina".
Você escolhe.
Eis aqui o que ocorreu:
Não posso acreditar que isso está acontecendo
16 e 17 de Janeiro, 1991. Começa a guerra aérea da Coalizão. Bombardeiros e mísseis de cruzeiro atacam usinas de força, fábricas de munição e outros alvos estratégicos.
17 de janeiro, 1991, 3 horas da manhã: o Iraque mantém sua promessa e ataca Israel com sete mísseis Scud.
Ora, tenho de admitir, eu mesmo fiquei bastante confuso a esta altura. Tenho certeza de que não estava sozinho. Muitos de nós – provavelmente, George Bush (pai) incluído – apostavam que Saddam não era realmente tão louco quanto parecia, e que recuaria no último instante. Ou seja, você tem aqui o exército do mundo inteiro na porta de sua casa sem um aliado para falar, exceto Yasser Arafat – pode mesmo existir um megalomaníaco como este? Portanto, pensei, isso deve ser aquilo que o Rebe está predizendo – Israel estará seguro porque não haverá guerra.
E agora acontecia a guerra, com mísseis e tudo o mais. Recordo-me de ouvir um repórter sensacionalista da BBC anunciando: "Vejo explosões e fogo em toda Jerusalém!" Um vizinho perguntou secamente: "E agora, o que diz o seu Rebe?"
Era demais para qualquer um, imagine para o Rebe. Os mísseis Scud já caíam há 48 horas quando o Rebe se pronunciou naquele Shabat:
"Obviamente, estes eventos não irão ferir o povo judeu, de maneira alguma… especialmente aqueles que vivem em Israel… é o lugar mais seguro do mundo. Quando às ações daqueles que nos odeiam e estão tentando nos ferir, D’us não o permita – não há substância em seus ataques, eles não conseguirão, pois 'O Guardião de Israel não cochila nem dorme.'" O Rebe desejou também uma pronta e completa recuperação àqueles que tinham sido feridos nos ataques.
Enquanto os Scuds continuavam a cair, um convidado importante, Rabi Shmuel Unsdorfer de Petach Tikva, visitou o Rebe. Este não se afastara um milímetro de sua posição. "Dei instruções a todos para viajarem a Israel. É óbvio que aqueles que já estão lá não devem partir. E aqueles que tiverem condições de viajar para lá – se não o fizerem, isso será entendido como uma contravenção ao Código da Lei Judaica [não colocar medo nos corações de seus irmãos – ed.]."
Os mísseis continuavam caindo. Principalmente na área de Tel Aviv. Daniel Pe'er tinha planejado uma grande festa de casamento num bairro de Tel Aviv. Agora, com mísseis derrubando prédios, ele estava achando que talvez não fosse uma boa idéia. O Rebe discordou e o casamento foi mostrado nos jornais.
O que é um Scud? Um míssel de longo alcance, com 6 metros de comprimento e alimentado com combustível líquido, armado com uma cabeça nuclear de 100 quilotons ou 900 quilos de explosivo convencional. Os Scuds podem ser usados também para atirar armas químicas ou biológicas. Quando os iraquianos atiraram Scuds em alvos civis iranianos, centenas de milhares foram mortos. Seja qual for o motivo, nenhum dos Scuds lançados em Israel tinha cabeças nucleares, químicas ou biológicas. Alguns caíram em campos vazios. Um deles atingiu um ponto altamente estratégico, obviamente lançado para causar tremenda devastação: um gasoduto que leva gás natural de Haifa a Tel Aviv. Porém, o gasoduto tinha sido fechado para conserto dois dias antes. Um outro caiu num terreno vazio em frente a um shopping center apinhado. Uns poucos destruíram edifícios inteiros. Mas ninguém foi morto por eles. Sim, houve aqueles que morreram de infarto provocado pelo medo e ansiedade. Sete morreram pelo uso inadequado da máscara de gás. Até mesmo a imprensa secular estava repleta de "milagres e maravilhas".
Um amigo meu estava num daqueles edifícios que foram destruídos. Ele me disse: "O prédio tem cinco pavimentos. Estávamos todos no térreo, pois houvera um alerta. O edifício inteiro sacudiu, fomos jogados de um lugar para outro. E então olhamos para cima. O Scud tinha furado o quinto, o quarto, o terceiro e o segundo pisos – e a cabeça do míssel estava nos espiando do teto. Foi ali que ele parou. Houve somente alguns ferimentos leves."
Um motorista de táxi iraniano contou-me que eles tinham perguntado ao mufti: "Como é possível que os mesmos mísseis que provocaram tamanha destruição em nosso país ficassem tão impotentes ao atingir Israel?" O mufti respondeu: "Porque ali é a Terra Santa."
Tudo bem, agora é a sua vez. Encontre um precedente na história militar, no qual armas letais atingiram áreas densamente povoadas sem provocar mortes. (Infelizmente, um certo general americano, quando perguntado por que seu exército não estava fazendo mais para impedir o lançamento daqueles mísseis, replicou: "Não vemos naquelas armas qualquer perigo real a vidas." No dia seguinte, 25 de fevereiro de 1991, um míssel Scud iraniano atingiu um acampamento militar na Arábia Saudita, infelizmente matando 28 soldados e ferindo 97.)
Teoria número quatro: Lubavitchers disfarçados, fingindo ser tecnólogos militares iraquianos, colocaram secretamente porquinhos-da-índia pilotos kamikazes mutantes super inteligentes a bordo de cada Scud. Estes então manobraram sutilmente o míssel no último instante, mudando a direção segundo instruções precisas, para fornecer o efeito ilusório de um milagre.
No Solo
O ataque aéreo da Coalizão, "Operação Tempestade no Deserto", encontrou resistência mínima. Porém eruditos militares unanimemente previram uma longa e sangrenta campanha no solo, no traiçoeiro terreno kuwaiti-iraquiano. Ninguém tinha dúvidas de que o arsenal de armas químicas de Saddam seria usado à aproximação dos exércitos inimigos. Estimativas conservadoras previram uma batalha de muitos meses, ao custo de dezenas de milhares de vidas das Forças da Coalizão.
Nos primeiros dois dias do grande ataque, as Forças da Coalizão fizeram mais de 30.000 prisioneiros iraquianos. Os dois dias seguintes viram a maior batalha de tanques desde a Segunda Guerra Mundial: centenas de tanques da Coalizão, veículos da infantaria motorizada e helicópteros de combate destruíram 200 tanques iraquianos. Não houve baixas registradas pela Coalizão. Total de perdas da Coalizão em toda a Guerra do Golfo: 300.
O Rebe disse mais tarde que aqueles que testemunharam estes acontecimentos viram milagres declarados. Pergunte a um fuzileiro naval que estava lá, e ele lhe dirá a mesma coisa.
Cem horas depois de a "Operação Sabre do Deserto" começar, Saddam concordou com o cessar fogo. No calendário judaico, aquele dia era Purim. Foi um Purim incomum.
Preciso ainda encontrar uma fonte confiável que possa confirmar que o Rebe previu explicitamente que a guerra terminaria em Purim. Certamente, nós estávamos todos sob a impressão naquela época – a rádio israelense o reportava e qualquer Lubavitcher que você interrogasse lhe diria: "O Rebe disse que estará terminada em Purim". E sim, o Rebe tinha falado enigmaticamente sob "a alegria desenfreada de Purim" repetidamente desde a queda. Houve então a história com o Capelão Rabi Jacob Goldstein – conforme relatado por um dos secretários do Rebe, Rabi Leibi Groner.
"Eu estava parado perto do Rebe na ocasião. Goldstein disse ao Rebe que estava sendo enviado ao Golfo e estava levando consigo uma meguilá para Purim. O Rebe pareceu surpreso e perguntou: "Para que você precisa de uma meguilá?"
Confuso, Goldstein murmurou algo a respeito do fato de que havia judeus lá que precisavam ouvir a leitura do Livro de Ester em Purim. O Rebe disse a ele: "Em Purim você estará num local onde haverá meguilot suficientes, e certamente não precisará de uma."
Aparentemente, muitos dos que ouviram esta troca de palavras concluíram que em Purim a guerra estaria terminada. Como ocorreu, uma semana antes de a guerra terminar, os americanos enviaram alguns oficiais para tripular os interceptadores dos mísseis Patriot em Israel. Alguns eram judeus, portanto Goldstein foi junto. Assim, quando Purim chegou, ele estava em Israel.
Não está de acordo com o caráter do Rebe fazer previsões explícitas. O estilo dele é ocultar quaisquer realizações que possam parecer sobrenaturais, atribuindo estes pronunciamentos ao bom senso e à lei básica da Torá, propositalmente evitando os holofotes e o oba-oba que geralmente vêm junto com a ocorrência de milagres.
Afinal, qual era a intenção do Rebe com estas previsões? Vender milhares de livros? Aparecer no Programa da Oprah Winfrey? O Rebe simplesmente desejava que as pessoas aumentassem sua confiança no Todo Poderoso, se acalmassem e deixassem de lado o desânimo e a melancolia, vendo tudo isso que estava acontecendo como um precursor da iminente Era Messiânica. Se isso tornava necessário uns poucos milagres, que assim fosse. Uma pincelada de visão profética? Tudo bem.
Sonhos Suavizados
Tudo isso nos leva a uma conclusão: Como isso tudo nos ajuda a dormir melhor à noite – esta noite? Ou seguir adiante com a vida – hoje? Bem, veja você, os tsadikim podem dizer coisas misteriosas às vezes. É como se eles estivessem descrevendo a paisagem vista de um satélite, ao invés de no solo, exceto que com o tempo, no lugar do espaço. Eles poderiam falar sobre coisas distantes como se estivessem acontecendo neste exato momento.
E assim foi: no Shabat imediatamente depois de Purim e do cessar fogo, o Rebe dirigiu-se a seus chassidim, falando sobre os milagres e maravilhas e seu significado. E então ele desejou sucesso às forças americanas em sua missão em Basra. Isso era bem intrigante. De fato, o Rebe tinha falado muito sobre Basra no início da guerra, a 19 de janeiro. Ele tinha citado o diálogo do Profeta Yeshayáhu (Yeshayáhu 63:1): "Quem é esse vindo de Edom, com vestes sujas, vindo de Basra? Este que é majestoso em sua roupa, cingido com sua força abundante?"
O Rebe estava encorajando os soldados americanos a terminar o serviço. Mas quando veio a público aquela palestra, ele disse aos escreventes para segurá-la. "Ainda não chegou a hora para isso" – ele os informou.
(O Rebe usou uma expressão: Od chazon lamoed – que originalmente aparece nas palavras de D’us a Habakuk, quando Ele lhe diz que a profecia a respeito da queda de Nabucodonosor – o rei assírio no qual Saddam proclama se espelhar - ainda não está completa.)
E agora, cinco semanas depois e dois dias após o cessar fogo, o Rebe estava falando como se seu conselho tivesse sido seguido e a campanha de encerramento já tivesse começado.
Doze anos depois daquele dia no calendário judaico, tropas americanas atacaram Basra – para terminar o trabalho que tinham começado. O Presidente Bush Jr. dirigiu-se aos cidadãos do Iraque naquele dia, dizendo: "O dia de vossa libertação está próximo."
Agora leia a continuação daqueles versículos no contexto atual:
"Sou eu, que fala com justiça, abundantemente capaz de salvar!"
"Por que há vermelho em sua roupa e suas vestes são como aquelas de alguém que esmaga uvas num tonel de vinho?"
"Esmaguei sozinho com os pés numa prensa de uva, não havia um homem das nações comigo. Pisei sobre eles em minha fúria e esmaguei-os em minha ira, e o sangue da vida deles borrifou em minhas roupas, portanto sujei minhas vestes. Pois o dia do chamado está em meu coração e o ano de minha libertação chegou. Eu olhei, mas não havia ajudante. Fiquei surpreso por não haver apoio. Portanto, meu próprio braço me salvou e minha própria fúria me apoiou."
(Teoria número cinco: Um Lubavitcher escreve os discursos do Presidente).
Quando ouço as notícias de como esta guerra se tornou suja, com mulheres e crianças feitos de escudos humanos, tortura de prisioneiros de guerra e a ameaça de guerra bioquímica na área urbana de Bagdá, as imagens não me dão descanso. Mas então lembro da segurança do Rebe, citando aquele antigo Midrash: "Meu filho, por que temes? Tudo que fiz foi em teu benefício. Chegou a hora da tua redenção."
Um tsadic enxerga um pouco mais além. Doze anos se passaram – a visão está se tornando mais próxima. Sim, a guerra é feia, as pessoas estão sofrendo. Mas a visão do Rebe não é uma de destruição apocalíptica. É uma história de libertação dos faraós modernos, de determinação e serenidade face à malevolência e ao ódio, de um amadurecimento da humanidade enquanto limpamos as estradas para uma era de sabedoria e paz.
O Zohar descreve o tsadic como alguém "que transforma a amargura em doçura, as trevas em luz." O Rebe reconstruiu nossas interpretações das visões mais escuras dos antigos Profetas numa versão mais adocicada, mesclando a compaixão com a fé, a bondade com a esperança. E como nos diz o Talmud, "Um tsadic decreta, e o Eterno, bendito seja, cumpre."
Vou dormir sabendo que embora esta guerra seja feia e horrível, são os estertores que precedem o tempo no qual a sabedoria Divina cobrirá a terra. Que esta época esteja mais próxima do que possamos imaginar.
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