Quando se empreende uma guerra de maneira inteligente, reações adequadas são de grande importância. É desnecessário usar todas as armas à disposição em todos os embates com o inimigo. A pessoa deve estar consciente das qualidades e habilidades de seu inimigo. Deve saber em qual posição ela própria se encontra, e quais as armas que tem à sua disposição. Além disso, deveria saber o que o inimigo gostaria que ele estivesse fazendo a qualquer hora.
Na guerra interna de almas dentro de uma pessoa, é lógico afirmar que o yetser hará conhece muito bem seu propósito. Ele não surge em todos com o mesmo objetivo, nem com a mesma força. No "tsadic em quem existe o mal", por exemplo, o yetser hará não tem efeito algum, e se ele aparece é apenas para demonstrar sua presença, de modo fugidio. No perverso, porém, o yetser hará aparece com a clara intenção de fazer a pessoa cair em pecado. Quanto ao benoni, para quem a transgressão é praticamente impossível, o yetser hará aparecerá esporadicamente, e também tentará empurrá-lo ao pecado. Em outras ocasiões ele aparecerá apenas para incomodá-lo e perturbá-lo em seu serviço a D’us.
Desejos Mundanos
Os desejos despertados em um benoni estão geralmente em todos os aspectos da vida, e incluem desejos tanto por coisas permitidas quanto proibidas. Num sentido mais amplo, não há grande diferença entre o desejo por coisas permitidas e o desejo por coisas proibidas, pois o primeiro também tem aspectos negativos. Apesar disso, o despertar de desejo no benoni por coisas permitidas o afeta de tal maneira que ele deseja realizar seus desejos, ao passo que a aspiração do yetser hará por coisas proibidas depende do presente nível espiritual do benoni. Se ele rezou corretamente e permanece uma impressão de sua prece em seu cérebro, os desejos serão despertados apenas para incomodá-lo e confundi-lo. Se ele não rezou como era exigido dele, o desejo pelas coisas proibidas será despertado para fazê-lo pecar.
Fica claro que qualquer que seja a aspiração da má inclinação da pessoa, do ponto de vista prático, assim que o mau pensamento subir de seu coração para a mente, o benoni o jogará fora com as duas mãos, por assim dizer, e não o receberá de boa vontade. Aqueles desejos que são despertados sem ter sido convidados a entrar, o benoni não os considerará voluntariamente. Ele certamente não pensará em agir de acordo com seus maus pensamentos, "pois aquele que voluntariamente condescende em tais pensamentos é considerado um rasha naquele momento, ao passo que o benoni jamais é perverso, nem por um único momento."
Entre o homem e o homem
As mitsvot entre o homem e o homem pertencem tanto à Lei de D’us quanto as mitsvot entre o homem e D’us. Aquele que as transgridem não é diferente daquele que transgride qualquer outro mandamento. Portanto, também nessa área, quando algum aspecto de animosidade, ódio, inveja, fúria ou de queixa surge, D’us não o permita, o benoni imediatamente o jogará fora, e não o aceitará voluntariamente em sua mente e vontade.
Se o amigo de alguém o insultar, a Torá proíbe vingar-se ou guardar mágoa. Ao final do capítulo 12 do Tanya, Rabi Shneur Zalman nos informa quais deveriam ser as reações adequadas da pessoa. Até mesmo aqui a mente deve governar e dominar os sentimentos do coração. Embora isso seja difícil, ele deve tratar seu amigo exatamente da maneira oposta ao tratamento recebido. Deve agir com demonstrações de bondade e amizade. Praticamente, não apenas ele deve suportar o insulto e a injúria extremos sem ficar irado, D’us não o permita, como deve também não retribuir ao outro na mesma moeda. Além disso, ele está obrigado a fazer favores aos ofensores. Este é o conselho que o Zohar aprende da conduta de Yossef para com seus irmãos.
Os irmãos de Yossef esperaram que ele reagisse segundo o padrão normalmente aceito, e se vingasse pelo que eles lhe fizeram. Mas Yossef explicou a eles: "Embora vocês pensassem mal de mim, D’us calculou isso para o bem, para assegurar que um grande número de pessoas sobrevivesse." Segundo a opinião de Yossef, não apenas os irmãos não deveriam ser punidos, como na essência mereciam recompensa, "medida por medida", pois, "Eu cuidarei do sustento seu e de seus filhos!" Os irmãos pretendiam que suas ações tivessem conseqüências completamente diferentes, porém o resultado final foi positivo. Em termos do verdadeiro resultado final, então, que na verdade foi positivo, eles mereceram recompensa em vez de castigo.
"Tudo que o Eterno faz é para o bem" – declara o Talmud. Acreditamos que tudo que D’us faz é para o bem. Portanto, mesmo que uma pessoa cause danos a outra, sejam ou não intencionais, está claro que sua missão em última análise vem de D’us , e é para o bem! Aprendamos a reagir adequadamente.
ב"ה
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