"Em 1942, os grandes crematórios foram completados, e o processo inteiro passou a ser realizado nos prédios novos. Novas vias férreas levavam ao crematório. As pessoas eram selecionadas como antes, com a única exceção de que os incapazes de trabalhar iam para o crematório, em vez de serem conduzidas às casas de fazenda. Era um prédio grande e moderno; havia salas de despir e câmaras de gás subterrâneas, e um crematório acima da superfície, mas tudo no mesmo prédio. Havia quatro câmaras de gás subterrâneas; duas grandes, cada uma acomodando duas mil pessoas, e duas menores, cada uma acomodando 1.600 pessoas. As câmaras de gás eram construídas com uma instalação de chuveiro, com duchas, canos de água, algumas instalações hidráulicas e um sistema de ventilação elétrico moderno, de modo que, após o envenenamento por gás, o aposento fosse arejado por meio do dispositivo de ventilação elétrico. Os corpos eram trazidos por elevadores até o crematório acima. Havia cinco fornos duplos.
"Queimar duas mil pessoas levava cerca de 24 horas nos cinco fornos. Geralmente só conseguíamos cremar cerca de 1.700 a 1.800. Estávamos portanto sempre atrasados em nossa cremação, porque, como você pode ver, era bem mais fácil exterminar com gás do que cremar, que exigia muito mais tempo e trabalho.
"Quando o processo estava em andamento, dois ou três transportes chegavam diariamente, cada um com cerca de duas mil pessoas. Esses eram os períodos mais difíceis, porque tínhamos que exterminá-las de uma vez, e as instalações de cremação, mesmo com os novos crematórios, não acompanhavam o ritmo do extermínio."
Trecho do relato de Leon Goldensohn, médico e psiquiatra da prisão de Nuremberg, de uma conversa em 8 de abril de 1946 com Rudolf Hoess, comandante de Auschwitz (não confundir com Rudolf Hess).
Fonte: The Nuremberg Interviews, edição brasileira Companhia das Letras.
ב"ה
Clique aqui para comentar este artigo