É tão difícil esperar…

Ao observar um ente querido sofrendo ou em crise, esperando desesperadamente por uma mudança para melhor.

Quando você fez tudo o que podia, recitado todas as preces, chorado todas as lágrimas.

Quando não há nada mais a fazer a não ser esperar.

Como Miriam, esperando por seu irmão Moshe. Ela tinha acabado de ver o cesto que abrigava seu precioso irmãozinho flutuando pelo Nilo. E ela ficou esperando.

“Sua irmã ficou de longe, para saber o que aconteceria com ele.” 1

O nascimento de Moshe, em grande parte, deveu-se a Miriam. O Midrash 2 relata que seus pais, Amram e Yocheved, haviam se separado. De que adiantaria trazer mais crianças ao mundo quando a escravidão no Egito era tão amarga, quando todos os bebês meninos recém-nascidos tinham sido condenados à morte ao serem lançados no Nilo? E o que Amram fez, o resto do povo judeu o seguiu.

Miriam, de apenas 5 anos, repreendeu o pai: “Seu decreto é pior que o do Faraó! Ele decretou apenas sobre os meninos, mas o seu decreto também recai sobre as meninas!”

Ela prometeu aos seus pais que se eles se casassem novamente, seriam abençoados com um filho que redimiria o povo de Israel.

Quando Yocheved colocou o bebê Moshe no rio para escapar do cruel decreto do Faraó, Amram deu um tapinha na cabeça de Miriam, dizendo: “Qual é a sua profecia agora, Miriam?”

E Miriam ficou atrás dos juncos, esperando. Não com horror, não com desespero, mas com expectativa. O que seria de sua profecia?

E porque ela estava lá esperando, ela testemunhou a filha do Faraó, Batya, tirar Moshe da água. Ela viu Moshe recusar-se a ser amamentado pelas amas egípcias. E porque ela estava ali, esperando, pôde oferecer a Batya os serviços de uma babá judia; sua própria mãe.

Foi um milagre que o pequeno Moshe tenha sido salvo para crescer e redimir o povo judeu do Egito? Foi um milagre, sem dúvida, mas um tipo de milagre muito natural. Batya avistou o bebê e o alcançou, Miriam notou e chamou sua mãe. Até aí, nada de sobrenatural em nenhum desses eventos. Mas nada disso teria acontecido sem Miriam estar presente, esperando.


Nós, judeus, sabemos o que significa esperar; já fazemos isso há muito tempo. E não estivemos esperando de braços cruzados. Também fizemos muito bem nosso trabalho: rezamos, estudamos Torá, praticamos boas ações, atos de bondade. Mas estamos esperando há tanto tempo e é difícil esperar mais. É natural que a amargura se instale. Este exílio foi brutal. Tanto sofrimento e dor.

Mas Miriam nos mostra como esperar. Com amargura pelo nosso sofrimento, mas não com desespero. Ninguém sentiu o exílio mais profundamente do que Miriam. Isso se reflete em seu nome, da raiz hebraica de mar, amargo. No entanto, apesar da dor, Miriam fabricou pandeiros no Egito. Ela não tinha dúvidas de que sua profecia seria cumprida, o sofrimento deles acabaria e um dia todos eles dançariam. 3 Após a libertação, ela carregou aqueles pandeiros para o deserto e conduziu as mulheres judias em canções e danças.

Enquanto esperamos pela nossa redenção universal e pessoal – seja em que área for –obtemos a força de Miriam. Assim como esteve ao lado do irmão, ela também está ao nosso lado, infundindo-nos coragem e esperança. E com o seu poder mereceremos ver a redenção e seremos os primeiros a celebrar.

Baseado nos ensinamentos do Rebe, 13 e 15 Shevat, 5752