No início dos anos 1950, minha mãe, Sra. Miriam Popack, entrou no Conselho Nacional de Agudat Neshei Ubnot Chabad, mais conhecida simplesmente como Neshei Chabad – a Organização Feminina de Lubavitch.

No início, elas começaram a fazer convenções anuais em Crown Heights, para estudar, conectar-se umas com as outras, e serem atendidas pelo Rebe. Então, no início dos anos de 1960, a Sra. Leah Kahan teve a ideia revolucionária de criar outro tipo de convenção, feita anualmente em diferentes cidades nos Estados Unidos e Canadá. Isso poderia ajudar a trazer mais mulheres para o Judaísmo e para participar das atividades de Chabad, além de uma maneira de conhecer novas pessoas e convidá-las. As convenções iriam incluir programas empolgantes, entretenimento, culinária, todas destinadas a mulheres judias de todas as idades e níveis de vida.

O comitê de Neshei Chabad escreveu ao Rebe pedindo aprovação, e ele logo deu sua bênção. A primeira convenção foi feita em Boston, e desde o início, minha mãe era a coordenadora desses eventos. Isso tornou-se a paixão da vida dela, pois ela via o efeito que essas convenções tinham sobre comunidades inteiras e tantas pessoas em particular.

Houve convenções memoráveis em Chicago, Miami Beach, Toronto, Washington DC, Los Angeles e muitas outras cidades. Mas após vinte e cinco anos, minha mãe decidiu que era tempo de deixar seu cargo. O Rebe, porém, não permitiu que ela se aposentasse, e em vez disso recomendou que ela encontrasse alguém para ajudá-la. Aquele alguém terminou sendo eu.

Embora eu sempre mantivesse o nome de minha mãe em todo relato que enviávamos ao Rebe, pois ele dissera a ela para não se aposentar, lentamente eu assumi mais e mais as suas responsabilidades, até que me tornei envolvida em todo aspecto dos eventos.

Muitas mulheres esperavam ansiosas pelas convenções fora da cidade. Passávamos o Shabat juntas em lindos locais, absorvendo conhecimento de excelentes palestrantes e frequentando reuniões sobre temas relevantes. Canto e dança eram acrescentados à alegria e amizade, mas o ponto alto eram as histórias pessoais e experiências que compartilhamos.

Logo depois, em 1991, apenas umas poucas noites antes um grupo de mulheres foi enviado para uma convenção em Minnesota. Estávamos na casa de minha vizinha, empacotando boletins e alguns panfletos de Neshei Chabad – sobre micvê, velas de Shabat, cashrut, chinuch (educação judaica), e assim por diante – nos kits que estaríamos dando às frequentadoras.

A Guerra do Golfo tinha acabado de começar naquela noite, portanto tínhamos o rádio ligado enquanto trabalhávamos. Então, ouvimos a notícia de que o primeiro míssil iraquiano tinha atingido Israel. Foi assustador! Não havia qualquer comunicação com Israel, e ninguém sabia se aqueles mísseis eram de fato armas químicas. Nossos pensamentos logo se voltaram para a questão em pauta: Como a convenção vai acontecer agora? Devemos cancelá-la?

Tínhamos contratado Ruti Navon, uma famosa cantora israelense, para cantar na convenção e ela deveria vir da Flórida. Mas, quando as notícias chegaram, ela imediatamente ligou para o escritório do Rebe. “Por favor, informe ao Rebe que eu estou cancelando,” ela disse ao secretário. “Estou muito preocupada com minha família, e não posso ir e cantar agora. Vou ficar em casa e recitar Tehillim.”

O Rebe, no entanto, não aceitou o cancelamento dela e enviou uma mensagem de volta: “A maneira em que você pode ajudar a situação em Israel não é ficando em casa, mas indo à convenção, e tornando-a alegre.”

Citando a expressão hebraica, o Rebe explicou que “como a felicidade quebra todas as barreiras,” fazer outras pessoas felizes vai trazer salvação ao povo judeu. “A maneira em que você pode ajudar é indo à convenção e levando alegria com suas canções.”

Uau! Quando ouvimos isso, ficou claro: Você está indo à frente com a convenção. Não sabíamos quem iria comparecer, mas era para realizar o encontro, apesar de todos os fatos preocupantes que estavam ocorrendo.

Naquela sexta-feira, Neshei Chabad recebeu uma comunicação do Rebe. Referindo-se ao líder do Iraque, Saddam Hussein, o Rebe escreveu: “Se ele... está fazendo as coisas que está fazendo como um resultado de suas crenças... certamente o povo judeu que acredita em D'us deve fazer tudo para mostrar sua fé – e não fazer nada que projete uma falta de fé, o Céu não permita. Portanto assegure que todas que estavam propensas a ir compareçam, e você deveria até assegurar que mais pessoas participem.”

Imediatamente, um grupo de mulheres que não tinham se programado para ir, decidiu se juntar à convenção. Mas então, era impossível voar até Minnesota antes do Shabat, que era quando o programa começaria. Você não pode fazer aquela viagem numa tarde de sexta-feira durante o inverno. O mais cedo que elas poderiam partir era após o Shabat, o que significava chegar depois que o evento terminará.

Apesar disso, o Rebe falou que queria uma lista de todas as mulheres que estavam se juntando à convenção a essa altura, colocada sobre sua mesa antes do Shabat. Ele até enviou notas de dólares para elas doarem para caridade quando chegassem ao seu destino.

Como as passagens eram caras, Neshei Chabad decidiu patrocinar ou subsidiar a viagem, e por fim conseguiu colocar nove pessoas adicionais a bordo.

Eu tinha dado à luz meu filho sete semanas antes, e não tinha planos de levar meu recém nascido para Minnesota em janeiro. Essa era uma convenção, eu pensei, que definitivamente eu iria perder. Mas agora, após o pedido do Rebe, eu disse ao meu marido: “Quero realmente ir. Vou levar o bebê comigo.”

“Se você quer, então vá em frente,” ele respondeu.

Então quando recebi um chamado de Neshei Chabad perguntando se eu iria participar, respondi que sim. E portanto meu nome, Chaya Rivka bat Miriam, e meu bebê, Avraham ben Chaya Rivka, foram acrescentados à lista que estava sendo enviada ao Rebe.

Saímos depois que o Shabat tinha terminado, e ao chegarmos caminhamos até o salão, já era quase meia-noite. Mas que visão alegre chegou aos nossos olhos! Ruti Navon ainda estava cantando, e as mulheres estavam cantando e dançando junto com ela. A sala inteira estava balançando com nossa energia, nossa alegria, e nossa bitachon – nossa confiança em D'us. Não havia uma enorme multidão na sala naquela noite – apenas umas cem mulheres – mas era impressionante!

O Rebe disse que sendo alegres, teríamos um efeito positivo e quando a convenção terminou, havia muitas boas notícias chegando de Israel. As comunicações tinham diminuído, e soubemos que não havia ocorrido fatalidades diretas dos mísseis Scud, e que alguns deles tinham sido interceptados.

Eu nunca tinha sentido tanto frio na minha vida como estava sentindo em Minnesota naquela noite. Porém, naquela mesma noite, senti um calor incrível. E com aquele calor e aquela alegria, sabíamos que estávamos fazendo uma diferença – para Israel e para o mundo inteiro.